As prisões de Guido Mantega, depois solto, e de Antônio Palocci, pouco depois, revelam os exageros da Operação Lava Jato.
Revelam os abusos e hesitações do midiático juiz Sérgio Moro, que lembra mais um tira de Hollywood e sósia do Super-Homem.
E revelam também a falta de controle dos ministros de Michel Temer.
Uma vez, o ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, disse que os trabalhadores poderão ter carga horária de 12 horas.
Repercutiu mal e Temer recuou e negou que implantaria esse limite horário na reforma trabalhista.
O temeroso presidente disse que "não era idiota" para aceitar reduzir os direitos dos trabalhadores.
Anteontem foi o ministro da Justiça, o truculento Alexandre de Moraes, que lembra mais um delegado de polícia e é amigo de Moro, que "falou demais".
Na véspera da prisão de Palocci, Moraes atuou como cabo eleitoral de Duarte Nogueira, candidato tucano à prefeitura de Ribeirão Preto, interior paulista que é domicílio do ex-ministro de Lula e Dilma.
Meu xará reaça se empolgou demais com a caminhada e falou o que não devia.
"Esta semana tem mais na Lava Jato", disse, entusiasmado, o ministro temeroso da Justiça.
Pegou mal. Ficou-se achando que os procuradores e juízes da "República de Curitiba" haviam combinado alguma coisa e adiantado alguma novidade com o ministro Moraes.
Até o reacionário-imortal Merval Pereira admitiu que os ministros de Temer "falam bobagem".
O temeroso governo e a Operação Lava Jato começam a causar problemas.
A Lava Jato ignorou a existência de esquemas de propinas do empreiteiro Marcelo Odebrecht com obras ligadas a gestões do PMDB e do PSDB.
Obras para o metrô de São Paulo, a serviço do governo de Geraldo Alckmin (PSDB) e obras de áreas olímpicas para o governo do prefeito Eduardo Paes (PMDB).
Mas isso "não vem ao caso" para a Lava Jato, pois existem provas documentais, mas não há "convicção".
Não são obras relacionadas diretamente com governos do PT.
O parcialismo de Sérgio Moro e companhia, incluindo o patético esquema de Power Point de Deltan Dallagnol, desmoralizam a Lava Jato.
Hoje a Operação Lava Jato, até pelo monopólio da narrativa oficial trazida pela grande mídia, é considerada uma "admirável cruzada contra a corrupção".
Mas quando a História passar a desenvolver sua narrativa na posteridade, ela revelará que a Lava Jato que abriu caminho para Temer foi apenas uma ação jurídica atrapalhada, tendenciosa e irregular.
O governo Temer já não está resistindo ao seu próprio desgaste. Até a grande mídia está começando a questionar "essa porra de governo".
Até o Jornal Hoje, da Globo, admitiu que Guido Mantega foi ministro que mais tempo ficou no cargo "durante a democracia".
Como se o governo Temer fosse um Estado de Exceção. E é. Mas aos olhos da Globo, não oficialmente.
Mesmo assim, se até a Globo começa a questionar o governo Temer, é porque "essa porra de governo" está decadente mesmo.
Mas o Brasil continuará à deriva, sob o comando da plutocracia.
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