Uma verdadeira armação ocorreu ontem, na chamada "força-tarefa" da Operação Lava Jato.
O jovem procurador Deltan Dallagnol, na sua exposição para explicar os rumos da Lava Jato, veio com uma declaração leviana sobre o ex-presidente Lula.
A declaração, dita na cara-dura, de que Lula é o "comandante máximo da corrupção da Petrobras".
Essa declaração é exagerada e precipitada, mas a plutocracia e seus seguidores verde-amarelos nem querem saber.
Afinal, houve um verniz "técnico", com um homem engravatado de óculos explicando tudo com arquivos de Power Point.
O calor das notícias causou impacto, mas não tanto assim quanto o que se veria no dia seguinte, quando, invertendo os sentidos, as matérias "frias" (notícias de ontem) aquecem mais os corações do que as matérias "quentes" (notícias do momento).
É só ver o que os três principais jornais do país e, de longe, os mais reacionários da imprensa escrita nacional, mostram nas manchetes principais.
Nunca um "prato frio" foi mais quente do que quando "saiu do forno".
Pois foi quando os brasileiros médios acordaram e saíram de casa para ver, nas bancas, o enunciado taxativo: "Lula é comandante máximo de esquema criminoso".
Pronto. Lula tem menos chances de ser candidato em 2018.
O verniz técnico e a roupagem jurídica da Lava Jato pouco dizem neste caso.
Apenas definir Lula como "comandante máximo do crime" causa impacto nos leitores médios.
E aí, a primeira sensação é de raiva contra o ex-presidente.
Para piorar, Deltan Dallagnol, ao vomitar tal frase, ficou associado à frase "não temos provas, mas temos convicção" que se espalhou na Internet.
A direita tentou desconversar, alegando que a frase "foi equivocada" e as "análises" de Dallagnol e seus parceiros foram interpretadas de "maneira equivocada".
Mas seu parceiro Roberson Pozzebon, quando fez seu discurso, citou "não ter provas cabais" de que Lula seria proprietário do triplex de Guarujá.
Hoje Lula realizou uma entrevista coletiva criticando as acusações que recebeu e explicando as irregularidades da Lava Jato.
O jornal estadunidense Chicago Tribune chamou a atenção para a linguagem nada jurídica dos dois procuradores.
Não é juridicamente correto procuradores definirem um acusado como "comandante máximo", "maestro" e "general" e ainda definir o "esquema de propinas" como "propinocracia".
A declaração, portanto, foi uma bravata.
Mas, infelizmente, tende a prevalecer, a exemplo do que ocorreu com Dilma Rousseff.
É como uma pedrada que atingiu o vidro de uma casa.
Ou então é como alguém que, durante uma peça teatral, gritasse "Fogo!" sem que houvesse qualquer indício de incêndio, assustando o público e interrompendo em definitivo a encenação.
A declaração de Dallagnol sobre Lula pode não ter efeito jurídico, se observarmos as teorias mais sérias e rigorosas do Direito.
Mas criou um clima no qual os oposicionistas anti-PT querem o desfecho definitivo: Dilma não volta mais, Lula banido em 2018 e o PT definitivamente fora do Palácio do Planalto, para não dizer de toda a vida política brasileira.
Pouco importa a coerência, diante de uma catarse tão cega e tão raivosa.
A plutocracia quer retomar o poder e botar a "pinguela para o passado" para funcionar.
Um governo em que os trabalhadores podem até ter suas migalhas, mas são as elites que comandam todo o processo.
O povo brasileiro perdendo seu protagonismo, voltando a velhas estruturas hierárquicas em que o patronato tem que fazer seus interesses prevalecerem sobre as necessidades do proletariado.
Só que vemos as elites cada vez mais estúpidas e cada vez menos responsáveis.
Devem vir por aí novas P-36, novos apagões, novas hiperinflações, novas privatarias.
Nosso patrimônio de riquezas será propriedade de grupos empresariais estrangeiros.
E o que as autoridades arrecadarem dos leilões de privatização vai para suas contas pessoais em paraísos fiscais no exterior.
A privataria do governo Fernando Henrique Cardoso teve um desvio de dinheiro público de, pelo menos, R$ 500 bilhões.
Três vezes o valor do déficit fiscal atribuído pelo ministro da Fazenda de Temer, Henrique Meirelles.
Ou seja, dá para resolver o rombo só com parte da devolução do que FHC, José Serra e companhia tiraram dos brasileiros com a grana das privatizações.
Se vasculharem mais, verá que a grana dos políticos tucanos dá para resolver a crise vivida pelo povo brasileiro.
Uma grana que vai para as fortunas pessoais dos tucanos.
E ninguém diz que Aécio Neves é "comandante máximo da propinocracia", ele que, segundo vários delatores da Lava Jato, era "muito chato" para cobrar propinas.
Vá entender este país.
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