A não ser que as pressões das ruas surtam efeito, as esperanças de haver eleições diretas depois do impeachment que tirou Dilma Rousseff da Presidência da República estão bastante reduzidas.
O Tribunal Superior Eleitoral anunciou um novo calendário de atividades que não poderá julgar as irregularidades de campanha da chapa Dilma Rousseff e Michel Temer em 2014.
O TSE alega que os documentos e depoimentos a serem recebidos e analisados só permitirão o julgamento do caso em 2017.
Embora seja um processo realista, ele tem um lado tendencioso.
O processo dificilmente será concluído em três meses.
Segundo a lei, se o processo decidir pelo afastamento de Michel Temer antes do fim de 2016 (praticamente antes do recesso parlamentar), haverá eleições diretas para escolha do substituto.
No entanto, se o processo decidir pelo afastamento depois da chegada de 2017, é o Congresso Nacional que decidirá, em eleição indireta, o substituto de Temer.
O TSE é presidido por Gilmar Mendes, conhecido por ser tiete do PSDB.
A manobra, embora seja justificável por argumentos de natureza técnica, tende a evitar as eleições diretas, que poderiam voltar a pôr um progressista no poder.
Com a eleição indireta, a tendência é que um membro do PSDB seja eleito para suceder Temer.
Há uma esperança para barrar o processo, Ironicamente, pelo "centrão", base que se aliou ao governo Temer.
O deputado Miro Teixeira, do partido Rede, do Rio de Janeiro, tem uma proposta de emenda constitucional (PEC).
Nela se propõe que eleições indiretas aconteçam somente se o presidente for afastado num prazo de até seis meses antes do término de mandato.
O processo que pede a investigação da chapa foi movido pelo senador Aécio Neves, que hoje apoia o governo de Temer, que em 2014 concorreu como vice de Dilma.
A pressão do PSDB para voltar ao poder é imensa. Com o apoio da grande mídia.
Resta saber se a mobilização das ruas no país, que promete ser intensa no próximo dia 18, irá virar o jogo, ou será vista com uma confortável indiferença pelos plutocratas.
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