No Brasil dos Quenuncas - aquela turminha que adora dizer "Quem nunca?!..." para passar pano nos seus próprios defeitos e erros (não raro, graves) - , Jair Bolsonaro aprontou até demais mas o pessoal ficou aceitando tudo numa boa.
Ele nem era para ser eleito. Sua carreira parlamentar é um verdadeiro caso de "vergonha alheia", tendo até declarações ofensivas que faziam alusão ao estupro.
As caneladas que ele fez, como presidente da República, são preocupantes, mas sempre havia desculpas à esquerda ou à direita.
À esquerda, porque não queria reivindicar o impeachment de Bolsonaro achando que o governo do vice, o general Antônio Hamilton Mourão, será pior.
Achava que Jair Bolsonaro era apenas um presidente atrapalhado, apesar de, em torno dele, haver a defesa de causas perigosas como o rearmamento da população.
À direita, porque o modelo de desenvolvimento econômico das elites que protagonizaram o golpe jurídico-político de 2016 não queriam botar tudo a perder, e tinham no Paulo Guedes não o economista dos sonhos, mas um eficaz cumpridor do projeto ultraliberal.
Temiam que o impeachment de Bolsonaro fosse não apenas a sua expulsão do governo, mas a anulação da chapa eleitoral, o que daria a vitória ao candidato derrotado Fernando Haddad, do PT.
Por isso preferiam que o "Bozo", como Bolsonaro é pejorativamente apelidado, fizesse suas palhaçadas para distrair as massas, enquanto Paulo Guedes vendia os patrimônios do Brasil para empresas estrangeiras.
Agora nem dá mais para apelar aos Quenuncas. Em tempos de coronavírus, Jair Bolsonaro deu a última gota de suas caneladas, passando dos limites do mais suportável dos suportáveis.
Ele havia expresso sua confusão mental convocando manifestações contra o Congresso e depois desmentindo e desconvidando.
Aí temos a pandemia do coronavírus e os médicos desaconselhavam Bolsonaro a ir para as manifestações.
Bolsonaro também tentou desaconselhar as manifestações. Mas elas ocorreram.
E não foi só isso: Bolsonaro ignorou recomendações médicas e foi receber os manifestantes em Brasília.
Bolsonaro vez exames para verificar presença do vídeo e, enquanto o primeiro deles deu positivo, o segundo, como contraprova, deu negativo.
Seu semblante indicava insanidade, uma completa idiotização mental, uma vez que o presidente ignorou cuidados médicos, foi receber a multidão e parecia não ligar para a dramática realidade em curso.
Afinal, é claro que existem exageros na cobertura da Covid-19, doença transmitida pelo coronavírus, devido à cobertura da mídia convencional que inspira matérias ainda mais histéricas, num âmbito mais popularesco.
Mas a doença é real, a ameaça não pode ser subestimada e analistas apontam que o coronavírus é uma arma química de potencial extermínio em massa.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) fala até mesmo de mortes de crianças pelo mal.
No Brasil, famosos como Gabriela Pugliesi, Preta Gil e Fernanda Paes Leme foram contaminados pelo coronavírus transmitido durante uma festa nupcial.
Di Ferrero, músico e marido da modelo Isabeli Fontana, também contraiu a doença.
No exterior, nomes como Tom Hanks e sua esposa Rita Wilson, Idris Elba, Olga Kurylenko e a irmã de Matthew Broderick, Janet Broderick, contraíram a doença.
A doença já matou muitas pessoas em várias partes do mundo. Um escritor de 92 anos e um técnico de futebol de 21 anos já faleceram, na Europa.
No Rio de Janeiro surgiu a notícia de um paciente com coronavírus em estado "muito grave".
E, diante disso, foi preciso Jair Bolsonaro ignorar a doença para ele ser visto como estranheza.
O jurista Miguel Reale Jr., um dos autores do pedido de impeachment de Dilma Rousseff, pediu aos médicos que fizessem exame de sanidade mental em Jair Bolsonaro.
Sua parceira, a hoje deputada estadual Janaína Paschoal, também remanescente do trio que pediu a saída de Dilma Rousseff, até defendeu a saída de Bolsonaro do poder, em discurso na Assembleia Legislativa de São Paulo.
Mas não há notícia que ela tenha formalizado esse pedido na Justiça Federal.
No entanto, quem entra hoje com pedido de impeachment de Bolsonaro é o ex-ator Alexandre Frota.
Pelo jeito, amarelou na dupla que, há cerca de cinco anos, atuou com o hoje falecido Hélio Bicudo para tirar Dilma Rousseff do poder.
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