O empresariado está fazendo carreatas para pedir a reabertura do comércio e o fim da quarentena.
Sabemos das declarações de Roberto Justus, Luciano Hang, Júnior Durski e outros que são solidários à sua causa gananciosa.
A desculpa é sempre a mesma: "ninguém pode parar o Brasil". Falam que é preciso reabrir o comércio para gerar renda e "movimentar o país".
E isso é muito diferente do que ocorre lá fora, quando há uma maior preocupação com o isolamento de pessoas, para ao menos prevenir contra a expansão da Covid-19.
Uma exceção foi a Itália, que fez a doença explodir e o coronavírus se espalhar pelo país, causando um ritmo catastrófico de mortes.
A Itália "autorizou" a abertura do comércio e impôs uma "normalidade" nas cidades e o resultado foi a explosão de mortes, que não atingiu apenas gente idosa, embora esta fosse a maioria.
Não sei se a Espanha adotou a "anti-quarentena", mas ela foi atingida por essa tragédia. Os EUA também não, mas criou um contexto que irá fazer as tragédias do coronavírus explodirem.
Mas nos concentremos no caso da Itália, que chegou a ter um ritmo médio de cerca de 500 ou 600 mortes por dia.
A Itália é um território pequeno, se comparado ao Brasil. Imagine então como será o ritmo de mortes, se a "normalidade" sonhada por Jair Bolsonaro e seus empresários solidários for imposta pra valer.
Estima-se que, só em função do coronavírus, o ritmo diário de óbitos será um valor, pelo menos, vinte vezes maior. Talvez um pouco mais, um ritmo estimado em 15 mil mortes, no mínimo.
Isso se não levar em conta os atendimentos deficitários nos hospitais em geral, mesmo os privados.
Ou seja, cancelar a quarentena é promover uma carnificina sem precedentes.
Além disso, o empresariado, tão pedante - com exceção de Hang, que, ao menos, é sinceramente grotesco e estúpido - , ignora que cancelar a quarentena só vai piorar a Economia, e não o contrário.
Afinal, os contágios serão maiores com a exposição de um grande número de pessoas. E os contágios, múltiplos, havendo grandes multidões concentradas em qualquer lugar.
Cientistas falam que cancelar a quarentena será um genocídio.
Afinal, irá sobrecarregar os hospitais, haverá "disputa" de doentes, pois os infectados por coronavírus irão tirar o atendimento a pessoas com outras doenças, da gripe comum ao infarto.
Se nos hospitais públicos é aquele drama de problemas nos atendimentos, algo que já começa a ser comum até em vários hospitais privados, imagine então com a pandemia da Covid-19!
Além do mais, quem vai estar vivo para vender e comprar, quem é que vai produzir renda com o coronavírus sufocando suas respirações?
Que vexame passou Roberto Justus, ele que integrava uma geração de supostos "galãs de meia-idade" do meio empresarial ou profissional-liberal, que se achavam ao mesmo tempo "gatões" e "super-intelectualizados".
Só ele imagina que a Covid-19 não vai atingir favelas nem jovens. E Justus se esqueceu que ele completa 65 anos este ano, e está no grupo de risco.
Como também os evangélicos neopentecostais menos sensatos acham que não vão contrair coronavírus.
Os feminicidas, que, com exceção dos que se suicidam, geralmente se julgam a anos-luz de distância do caixão ou do forno de cremamento, também se acham super-homens e, em tese, "imperecíveis".
Numa ocasião em que pressinto que um feminicida famoso, em tese com 86 anos de nascimento, já está falecido - não por coronavírus, mas por tabagismo - , creio que seria necessário que seus herdeiros entrassem num clima de "Chico Anysio Show" para o óbito ser notícia na imprensa.
Sabe-se que Chico Anysio, falecido há oito anos, deixou uma herança que se tornou uma disputa jurídica entre filhos e viúva e um grande mal-entendido da Justiça, que supostamente "excluiu" um dos descendentes, o Lug de Paula, o "Seu Boneco" e o "Calunga" (parceiro de Bento Carneiro).
Tudo por conta de um erro de interpretação jurídica.
Por enquanto, a rica família do velho feminicida deve estar em bons termos. Pode não estar permitindo noticiar o óbito de seu patriarca famoso e devem negociar a herança com um mínimo de acordo possível. Nada de clima "Viva a Noite" ou "Chico Anysio Show".
Mas isso é um outro assunto. Como seria o do velho feminicida que, provavelmente segundo a imprensa, "morreu mas passa bem".
Afinal, o assunto é o coronavírus e o que dizemos que ele ameaça todo mundo. Das tribos indígenas do interior do Brasil até os mais violentos feminicidas. Todos estamos em risco.
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