Ativista de extrema-direita, o deputado federal Eduardo Bolsonaro passou a refletir em si mesmo a decadência do seu pai e dos seus principais irmãos.
Embora Eduardo fosse o caçula, nascido em 1984 - enquanto Flávio nasceu em 1981 e Carlos, o "Carluxo", em 1982 - , ele sempre posava de "sério" e tinha o semblante mais pesado.
Isso difere de Flávio, com um semblante bonachão, e Carluxo, com jeitão gozador e cujo rosto soa uma "paródia" de Thammy Miranda, a filha de Gretchen que virou trans masculino.
Eduardo Bolsonaro parecia o herdeiro do bolsonarismo e o aspirante a novo líder do movimento ultraconservador latino-americano, até que sucumbiu a trapalhadas dignas do irmão Carluxo.
Primeiro, foi em 13 de março último, em relação aos testes do pai para verificar presença de coronavírus. Sabe-se que, numa viagem de Jair Bolsonaro e sua comitiva para os EUA, vários de seus membros apresentaram sintomas de Covid-19, confirmados em testes, incluindo contraprovas.
Foi um episódio envolvendo a Fox News e que foi relatado pelo The Intercept Brasil, em texto de Glenn Greenwald e Victor Pougy.
Isso porque Eduardo disse para a Fox News, em entrevista solicitada pela emissora, por intermédio de Alex Phares, filho de Walid Phares, analista da Fox News e conselheiro próximo à Trump.
A Fox News fez questão de recorrer a Eduardo Bolsonaro, uma vez que não publicaria nota sobre o exame de Jair Bolsonaro sem que ouvisse algum dos seus três principais filhos.
A Fox News apoia Trump e Alex Phares é uma pessoa próxima de Eduardo Bolsonaro, coordenando as aparições midiáticas do deputado e sendo os dois ligados à CPAC, sigla em inglês da Conferência de Ação Política Conservadora.
A própria CPAC é acusada de espalhar coronavírus em seus integrantes, entre os quais o espanhol Santiago Abascal, líder do partido de extrema-direita Vox.
Eduardo Bolsonaro primeiro confirmou que o primeiro exame do seu pai deu positivo em relação à presença do coronavírus.
A Fox News, através do correspondente da Casa Branca (sede da Presidência dos EUA), John Roberts, noticiou que o referido exame deu positivo.
Em seguida, a rede publicou um artigo deixando claro que a fonte consultada foi Eduardo Bolsonaro.
Mas, de repente, Eduardo Bolsonaro surtou e negou que tenha dado qualquer depoimento a um repórter da Fox News.
Chegou a escrever, no seu perfil no Twitter, postagens desequilibradas e irritadas, desmentindo que tenha feito qualquer depoimento ou que mesmo tivesse noção de que seu pai foi examinado.
Perto do segundo teste, Eduardo Bolsonaro deu um depoimento bizarro à âncora Sandra Smith, que não conseguia esconder sua expressão de pasmo diante do furioso filho de Jair.
A Fox News declarou que ficou chocada com as mentiras de Bolsonaro, mandou mensagem para o Jornal Nacional, da Rede Globo, sobre contatos com Alex Phares em que ele confirmou que havia contatado Eduardo para falar à Fox News.
John Roberts reiterou que Eduardo disse à Fox que o (primeiro) teste de Jair Bolsonaro deu positivo para o coronavírus.
Chris Irvine, outro repórter da Fox, declarou no Twitter que Eduardo estava mentindo.
"Hoje cedo, Eduardo Bolsonaro confirmou para a Fox News relatos de que seu pai havia testado positivo para coronavírus e disse que estava aguardando mais testes. Mais tarde, ele apareceu na FOX News e afirmou que seu pai havia testado negativo para coronavírus", escreveu Irvine.
Jair Bolsonaro teve vários membros de sua comitiva contaminados pelo coronavírus, e o primeiro deles, o secretário de Comunicação Fábio Wajngarten, esculhambou Mônica Bergamo, da Folha de São Paulo, quando disse que ele havia sido contaminado por coronavírus.
Wajngarten classificou Mônica de integrante da "banda podre da imprensa", antes da contraprova dar positivo sobre a presença do coronavírus no organismo do secretário.
Voltando a Eduardo, ele responsabilizou o governo da China por espalhar o coronavírus no mundo, escrevendo:
"Quem assistiu Chernobyl vai entender o que ocorreu.Substitua a usina nuclear pelo coronavírus e a ditadura soviética pela chinesa. Mais vez uma ditadura preferiu esconder algo grave a expor tendo desgaste, mas que salvaria inúmeras vidas A culpa é da China e liberdade seria a solução".
As autoridades chinesas ficaram furiosas com Eduardo Bolsonaro e a Embaixada da China emitiu uma nota indignada contra o deputado:
"As suas palavras são extremamente irresponsáveis e nos soam familiares. Não deixam de ser uma imitação dos seus queridos amigos. Ao voltar de Miami, contraiu, infelizmente, vírus mental, que está infectando a amizades entre os nossos povos".
E aí entrou o vice-presidente, general Antônio Hamilton Mourão, comentou a respeito do deputado que sonhou ser embaixador do Brasil nos EUA apenas por saber fazer hambúrguer e falar um inglês básico.
"O Eduardo Bolsonaro é um deputado. Se o sobrenome dele fosse Eduardo Bananinha, não era problema nenhum. Só por causa do sobrenome. Ele não representa o governo. Não é a opinião do governo. Ele tem algum cargo no governo?", disse Mourão.
O apelido "Eduardo Bananinha" repercutiu nas redes sociais. A chacota foi generalizada e Eduardo foi tratado como se fosse um idiota fixado por bananas.
Eduardo Bolsonaro virou uma vergonha mundial, visto como mentiroso pela mídia estadunidense - outros veículos certamente seguiram a Fox na cobertura do caso - e como um idiota nas redes sociais.
Enquanto isso, seu pai recebe presentes antecipados de aniversário (no mesmo sábado que eu, mas sempre mantive distância do "bolsonavírus"): três pedidos de impeachment protocolados na Câmara dos Deputados.
O primeiro foi do deputado Leandro Grass, da REDE do Distrito Federal, na última terça-feira, 17.
Em seguida, no dia 18 uma ação conjunta de três deputados do PSOL: Sâmia Bonfim, de São Paulo, Fernanda Melchionna, do Rio Grande do Sul, e David Miranda, também marido de Glenn Greenwald, do Rio de Janeiro.
No dia 19, foi a vez do deputado e ex-ator Alexandre Frota - que, curiosamente, foi do mesmo elenco de Roque Santeiro (1984-1985) da hoje secretária de Cultura, Regina Duarte - , protocolar o pedido de impeachment.
Frota foi o primeiro a anunciar o processo, mas estava fazendo os ajustes finais do documento para deixar o pedido "intocável", como afirmou o deputado. Escreveu ele, no pedido:
"Entre trapalhadas, pessoais e familiares, desgovernos e crimes de responsabilidade, chegou a hora, nesse momento de desalento do povo brasileiro, de respirar novos ares de esperança, com a possibilidade do afastamento de quem, reconhecidamente e no âmbito mundial, não está à altura das relevantes funções que deveria exercer".
Em seguida, acrescentou:
"Apresentamos o pedido de impeachment de Jair Messias Bolsonaro para que todos os brasileiros tenham a esperança de que, após a tempestade que iremos atravessar, virá a bonança. Confio no Congresso Nacional, no Supremo Tribunal Federal e no povo brasileiro!".
Espera-se que novos pedidos apareçam.
Afinal, Jair Bolsonaro parece uma criança brincando de ser presidente da República.
E isso tornou-se ainda mais grave diante da tragédia do coronavírus que atinge vários países e já se fixou no território brasileiro.
Bolsonaro não precisa de uma quarentena política, precisa de todo um resto de vida fora dela.
É hora do presidente "jair" embora.
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