Atualmente, vivemos um estranho acordo entre o feminismo e o machismo.
A mulher tem que escolher entre o macho e o machismo, para ter algum espaço na sociedade.
E isso cria uma situação surreal.
Por um lado, as mulheres que se destacam não apenas por seu corpo e são capazes de transmitir ideias diversas, precisam ter um marido, geralmente dotado de alguma posição de liderança ou comando, indo de empresários a diretores de TV.
Por outro, as mulheres que se afirmam somente pelo apelo sexual e sensualizam tanto que o fazem fora de qualquer contexto, estas são dispensadas até de ter um namorado e podem brincar de paquerinha até mesmo com seus afilhados.
E aí, entre mulheres aparentemente solteiras e casadas, acontecem situações inusitadas.
Nas buscas do Google, um ex-marido se divorciando de uma famosa é mais exposto ao lado dela do que no caso dos maridos de mulheres, em tese, "muito bem casadas".
Entre as mulheres "bem casadas", muitas delas aparecem, nas fotos, quase sempre sozinhas. O marido aparece raramente, geralmente em eventos de gala ou coisa parecida.
Imagine, uma mulher divorciada que aparece mais com o ex-marido nas fotos da Internet do que a mulher "bem casada" que aparece na maioria esmagadora das fotos "livre, leve e solta"!
Agora, veio a moda do "marido guarda-costas", que durante a caminhada ou o banho na praia aparece quase escondido ou atrás da esposa, quase um figurante.
No caso das "solteiras", existe a famosa "solteirice de comédia da Globo Filmes" que faz muita falsa solteira posar de "encalhada".
Com divórcios comprados por seus empresários - que dão uma grana generosa para os maridos aceitarem se separar de suas esposas - , muitas vezes farsas que, em verdade, só ocultam casamentos felizes, essas "solteiras", muitas vezes, inventam doenças para reverem seus maridos.
Houve um caso de uma que inventou doença grave, dessas que exigem vinte dias de repouso, e, cinco dias depois, já estão de volta à estrada. Elas não inventariam doença para ficar visitando a vovozinha ou o afilhado que mora longe.
Mas, indo agora para as "bem casadas", estamos hoje no cenário de quarentena, devido ao drama do coronavírus.
Até agora, foi moleza sustentar, como "relação estável", a "solteirice a dois", com cada cônjuge no seu canto.
A mulher viajava mais, fazia vídeos de turismo, tutorial de independência feminina etc. O "maridão" ficava na sua, trabalhando nos negócios ou vendo programas da CNN e do ESPN na TV.
A mulher podia viajar sozinha, o "casamento"era apenas um adorno social, uma decoração, com a falta de cumplicidade mascarada por uma "relação estável", supostamente escondida pela privacidade.
A mulher aparecia quase sempre sozinha, interagia com outros homens, não mencionava o marido como "modelo de homem bonito" e falava de outros assuntos.
O divórcio não saía mais pelo medo de haver pensões onerosas, insegurança da solidão e lamentos de amigos do que pelo fim do casamento em si. Até porque a relação conjugal praticamente não existe, com a dupla de amiguinhos vivendo juntos numa casa.
A relação se sustenta com os cônjuges vivendo à distância entre si e só se unindo para dormirem ou para fazer o "casal margarina" nos eventos de gala ou de semelhante formalidade.
E agora, com a quarentena? A distância terá que ser menor. O "maridão" ficará em casa, tendo que gerenciar os negócios no lar. E a "esposa" não pode também viajar nem sair de casa para eventos diversos.
Vão os dois permanecer com o homem no celular negociando investimentos e verificando lucros, enquanto a mulher fica diante de seu computador fazendo seus tutoriais de alguma coisa?
Além do mais, como nessas ocasiões o "casal" é que começa mesmo a se conhecer, desfazendo o véu de afinidades artificiais como frequentar um mesmo restaurante, gostarem de espaguete com muito molho, lerem o mesmo escritor polonês da moda ou verem o mais novo filme do cinema eslavo.
Pois é na quarentena que acabam se realçando as diferenças que as conveniências tanto escondiam com muito esmero.
A "solteirice a dois" torna-se impossível diante de um pequeno espaço entre os cômodos. Ainda que ele fique na sala vendo noticiários políticos e ela diante do computador gravando danças para o seu canal no TikTok.
Chega um momento em que as divergências surgem, mesmo num contexto de um comunicar a outro que um parente contraiu coronavírus.
Como é que ficarão as afinidades artificiais do "casal margarina"? Como duas pessoas que puderam viver distantes uma da outra, mas ligadas oficialmente por um "casamento estável", vão se aguentar juntas, nesse momento de reaproximação pela quarentena?
Será que o Brasil seguirá a China, que teve um sem-número de divórcios em função da quarentena? Até que ponto a "margarina" vai começar a derreter? Só as circunstâncias dirão.
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