Nem bem começou, a CNN Brasil já começa a ter uma baixa em uma semana de transmissão.
A franquia já causou problemas até antes de ir ao ar, diante da possibilidade de ser chapa-branca com o governo Jair Bolsonaro e com acusações de ser uma "Record News" disfarçada.
Sua inauguração teve até erro de grafia no microfone ("CNN Rasil") e a única semelhança real com a matriz está no seu visual estético, que, evidentemente, tem que se equiparar ao original.
Houve gafes como a de Monalisa Perrone, que disse para as pessoas "lavarem a água, com mão e sabão".
Não vamos jogar a Monalisa na parede. Tadinha. Isso acontece, é um risco que muitos de nós podemos ter e ela é muito, muito competente. Talvez destoe da linha bolsomínion da CNN. Ela é ótima profissional e, ainda por cima, confesso sentir uma queda por ela.
Gafe pior foi uma repórter que se enrolou ao dizer que dois mortos por coronavírus no Rio de Janeiro "estavam vivos", um tendo alta do hospital, outro continuando internado.
Mas também um jornalista em 2015 disse que um velho feminicida, cujo histórico inclui tabagismo intenso, cocaína e álcool, aos 81 anos estava "muito ativo nas redes sociais", como se fosse um moleque saudável de 18 anos.
Nada disso. O feminicida estava muito doente na época. E muito magoado para enfrentar, com idade elevada, a atuação de odiadores (haters) nas redes sociais. Quem estava bastante ativo, mesmo, era seu assessor. Ocorre muito disso na burguesia, no empresariado.
Afinal, nem todo empresário é Luciano Hang para tuitar, zapear ou instagramar feito um moleque mal saído da adolescência. A quase totalidade usa assessores ou ghost writers para tamanha tarefa.
Voltando à CNN, o caso mais recente e mais dramático envolveu a jornalista Gabriela Prioli.
Na verdade ela é uma advogada, mas decidiu também ser jornalista e participar do programa O Grande Debate, trazendo suas visões sobre os assuntos do momento, com uma visão mais objetiva.
Gabriela não se considera de esquerda, mas queria fazer contraponto com o direitismo de Caio Coppola, o comentarista reaça "consagrado" pela Jovem Pan.
Aí Caio Coppola ficou doente, por suspeitas de coronavírus, e foi substituído por Tomé Abduch.
Ainda assim, os problemas não terminaram. Assim como Coppola, Abduch tem um ponto de vista menos objetivo, como os reacionários que interpretam os fatos de acordo com a abordagem que mais lhes agrada.
O Grande Debate tornou-se então o que se chamou de "rinha" e Gabriela era constrangida e interrompida constantemente pelo interlocutor, seja Coppola ou Abduch, que se achava dono da razão.
Ou seja, a opinião do mais reacionário valia mais do que o fato ou o assunto em questão.
O pior é que o mediador, Reinaldo Gottino, que deveria ser imparcial, ficava no lado do comentarista mais reacionário e Gabriela chegou a discutir com ele.
Tudo bem que Reinaldo Gottino veio da "Hora da Venenosa", mas ele tinha que manter compostura numa emissora jornalística.
Mas num país em que locutores poperó se aventuram em "rádios rock" mantendo o mesmo estilo e anunciando notícias de nomes como AC/DC como se fossem sobre o BTS, Gottino se esqueceu que não estava num programa sensacionalista, ao menos em tese.
E aí Gabriela ficou indignada e resolveu pedir demissão.
No SBT, ao que parece Rachel Sheherazade também sinaliza essa possibilidade, ainda não efetivada, conforme comentários nas redes sociais.
Gabriela Prioli resolveu manter suas análises nas redes sociais. Até o momento, sua decisão de sair da CNN Brasil não foi revertida por alguma contraproposta da emissora.
O certo é que a saída de Gabriela Prioli abala a credibilidade da marca CNN no Brasil.
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