RONALDINHO GAÚCHO E LUIZ FELIPE SCOLARI, DOIS ASTROS DA "SELEÇÃO DO PENTA" QUE ADERIRAM AO BOLSONARISMO.
Como furar a bolha das forças progressistas?
Infelizmente, se buscava estourar a bolha pelo lado mais perigoso, acolhendo os "brinquedos" culturais da centro-direita.
A impressão que se tinha era que, para as esquerdas acolherem valores "universais", recorriam às novelas da Rede Globo de Televisão.
Exemplo de "caridade"? Buscava-se os horários de 17 às 18 horas, mais receptivos aos quadros de mero Assistencialismo, sobretudo nas chamadas "novelas das seis".
Tinha a figura estereotipada do velhinho "generoso" e dado a oferecer conselhos. Pronto, buscava-se na realidade algo parecido e lá tinha o "médium espírita" e sua "caridade de fachada", seu Assistencialismo que era glorificado por causa do...suposto benfeitor!
Pouco importam os resultados. Se meia-dúzia de pobres estão confinados num sobrado e tomam sopinha e alimentação qualquer nota, como cães domesticados, tanto faz. O "médium" que "administra" isso - na verdade, isso é tarefa de terceiros - fica com os louros.
Exemplo de empoderamento feminino? Se vê, na novela das 19 e 21 horas, aquela personagem "gostosona" do núcleo popular, que briga com o namorado, e, pronto. Se vê a realidade e qualquer musa com glúteos enormes que, supostamente, estão "encalhadas", viram "feministas".
Pouco importa se suas únicas ocupações são "sensualizar, sensualizar e sensualizar". A suposta solteirice já garante o rótulo de "empoderada" ou "feminista".
Exemplo de mobilização popular? Os núcleos popularescos das novelas das 21 horas, mostram pobres estranhamente felizes, festejando no "baile funk", na estereotipada roda de samba (onde se toca "pagodão" ou o que há de manjado no samba autêntico) ou no forró, no brega etc.
Empregadas domésticas ouvindo ídolos cafonas do passado. Copacabana transformada em subúrbio na narrativa de uma sitcom de televisão.
Os trabalhadores, cansados de mais uma jornada, voltam para casa no final da novela das 21 horas e dão de cara com pobres felizes em esquetes engraçadas inseridas na dramaturgia novelesca.
Ficam indiferentes ao estereótipo que lhes é mostrado, afinal o cansaço é imenso para verificar alguma coisa. Apenas tomam o banho, fazem a refeição e dormem, porque precisam acordar cedo para mais um dia de trabalho.
Mas as esquerdas festejam. O "baile funk" da "novela das nove" é a "revolução proletária" da vida real. A empregada cantando brega enquanto passa roupa é a "guerrilheira bolivariana" do cotidiano concreto da sociedade.
E o futebol? O estonteante apelo de plateias gigantescas e histéricas diante do espetáculo comercial da Seleção Brasileira de Futebol vencendo jogos de maneira medíocre, apenas goleando com certa regularidade, já traz o espetáculo da ilusão no imaginário das esquerdas médias.
A "seleção do Penta" revelou, anos depois, "coxinhas" como Ronaldo Fenômeno e bolsonaristas confessos como Ronaldinho Gaúcho, Rivaldo e o técnico Luiz Felipe Scolari, o "Felipão".
Difícil "guevarizar" a Seleção Brasileira do Futebol, ainda mais quando as camisetas da CBF passaram a ser símbolos de passeatas reacionárias "em favor do Brasil".
Notável a dor-de-cotovelo das esquerdas médias em ver que o craque Neymar nunca foi o "bolivariano Neymarx" dos seus sonhos.
As esquerdas médias podem furar a bolha, mas devem fazê-lo com cuidado.
Até que ponto isso é possível, não se sabe. Claro que em situações de emergência, questões ideológicas são deixadas de lado.
Mas isso nos aconselha a uma cautela, afinal a diferença formal entre um oportunista e um solidário não é nitidamente delimitada.
Há a metáfora das galinhas que têm que optar entre o urubu e uma raposa entre aqueles que lhes dão as mãos.
Geralmente os urubus são repugnantes, e aí se apela para as raposas, mais graciosas e atraentes, na aparência, do que os urubus. Só que elas são perigosas.
Com raiva dos "evangélicos pentecostais", as esquerdas apelavam para o "médium de peruca" que defendia a ditadura e tem uma obra doutrinária de 400 livros de ideias não muito diferentes do projeto político de Jair Bolsonaro. Só não tem a defesa do armamento, mas o resto é bolsonarismo puro.
Tem-se a raiva dos urubus e apela-se para as raposas como "aliadas de fora", sem saber o risco adiante.
As pessoas de esquerda se enfurecem quando o Brasil 247 entrevista personalidades da direita indignada, como Alexandre Frota e Lobão, atualmente se destacando como bolsonaristas não só arrependidos, mas furiosos.
Mas onde está a raiva contra Rômulo Costa, amigo dos golpistas, afiliado do PSL, ligado à direita política e aos "evangélicos neopentecostais" fluminenses?
O pessoal ainda considera "questão de opinião" os fatos que ligam o dono da Furacão 2000, aquela "Eguinha Pocotó de Troia" que "animou" (ou anestesiou?) os protestos contra o impeachment em 17 de abril de 2016, justamente aos articuladores do golpe contra Dilma Rousseff.
No máximo, existe um silêncio hipócrita nas esquerdas médias, típico de quem quer dizer "você pensa o que quiser" ou "vamos mudar de assunto".
Estamos na crise do coronavírus e a complacência das esquerdas em torno dos "brinquedos" da centro-direita, que agravou a crise mundial já piorada pela quebradeira financeira, as deixou imponentes.
Acreditava-se que o "funk" traria a revolução social, com "bailes funk" tratados como "manifestações políticas populares" e o resultado foi não só o esvaziamento generalizado das classes populares, como agora, com o coronavírus, virou um confinamento generalizado da população.
Acreditava-se que as "mulheres-objeto" trariam o feminismo, mas o que elas trouxeram foi o agravamento do machismo, com a explosão de feminicídios em todo o Brasil.
Com as mulheres-objetos, a imagem da mulher solteira se degradou tanto que a mulher verdadeiramente emancipada passou a correr atrás do primeiro homem empoderado para se casar, envergonhada com a ideia hoje corrente de que ser solteira hoje é ser uma vagaba idiota.
Acreditava-se que os "médiuns espíritas" trariam a "paz entre os povos" e levariam o Brasil a uma posição de destaque na comunidade mundial.
Mas esses "médiuns", com seu obscurantismo moralista, levaram o contrário, o apequenamento do nosso país. Até porque eles pregavam aos sofredores o silêncio e a resignação ante as adversidades humanas.
E também se acreditou que os tais "médiuns" trariam o Conhecimento e a valorização científica, como se isso valorizasse dos debates públicos às atividades dos nossos cientistas, supostamente protegidas pelas "plêiades espirituais".
Ocorreu o contrário. As atividades científicas foram marginalizadas, e com isso não houve condições para nos prevenirmos diante da ameaça do coronavírus.
As esquerdas se agarram a esses "brinquedos" ou, quando muito, deixam eles guardados no armário. Livrar-se deles? Não há coragem nem força de vontade.
E acreditava-se que bastava o Brasil sediar eventos mundiais de futebol e sonhar com uma vitória (suja por ser motivada pela ganância da CBF, mas tida como "histórica"), para o nosso país se tornar uma das potências mundiais do futuro.
Saímos derrotados. E a "família Felipão", pelo menos em parte, se revelou bastante conservadora.
Com tudo isso, só restou, com o galinheiro dizimado pela raposa, às galinhas remanescentes a aliança emergencial com os urubus. Ou com os lobões que se tornam eventuais bons guias para o rebanho de ovelhas negras ou vermelhas desorientadas.
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