Integrante da geração de grisalhos que, há 15 anos atrás, se autopromoveu no jet-set com esposas mais jovens e um pedantismo intelectual que fingia ter uma bagagem intelectual sofisticada e vintage, Roberto Justus cometeu um ato rude a respeito do coronavírus e da crise econômica.
Reproduzimos uma gravação dele discutindo com Marcos Mion a respeito do coronavírus e, com seu pedantismo, Justus ainda criticou Mion enquanto o publicitário tentava dar seu pitaco sobre a crise econômica mundial.
“Mion, estamos em total desacordo e vou te passar uma matéria de um cara genial dos Estados Unidos, falando sobre essa histeria. Um milhão de mortos, quando alguém faz um argumento desses, com todo o respeito também que te acho um cara muito inteligente, quando alguém solta um argumento desses acabou, né?
Um milhão de mortos no Brasil? Em lugar nenhum no mundo teve o total de mortos. No mundo até agora foram de 12 mil. 12 mil pessoas morreram no mundo do coronavírus até agora. Isso é absolutamente nada, 220 mil infectados. E o Brasil é tão abençoado por Deus que aqui ele vai matar um milhão.
Em lugar nenhum no mundo, nem na China onde tudo começou, nem lugar nenhum. Mas aqui ele vai matar um milhão. Então, quando você faz um argumento desses, então Mion, não dá nem pra discutir, entendeu? Aí é uma desinformação de um nível tão grande que não dá nem pra discutir. Sem querer te ofender, pelo amor de Deus, respeito seus pensamentos, mas você está totalmente errado.
Então, quem entende um pouco de estatística, que parece que não é teu caso, vai perceber que é irrisório e dos que morrem, mesmo dos velhinhos é só de 10 a 15% deles morrem. Pra maioria da população mundial, se pegarmos o vírus, que seria bom porque pegaríamos o anticorpos e ele acabaria de uma vez”.
Desinformado, Roberto Justus ignora que a Covid-19, doença contraída pelo coronavírus, não é uma gripezinha, é uma enfermidade que anda dizimando multidões em países como China, Itália e Espanha e tem forte risco de se tornar uma pandemia no Brasil.
Em outros trechos da gravação, Justus falou do óbvio, que é o agravamento da crise econômica mundial, que será pior que a de 1929, que praticamente é chover no molhado.
Em um trecho, Justus diz que o coronavírus "só vai matar velhinho e gente doente", se esquecendo que ele tem 65 anos e está no grupo de risco da doença.
Ele também alega que o coronavírus "não vai entrar nas favelas". Grande erro. As favelas são as mais ameaçadas e o atendimento hospitalar, precário, ainda vai agravar as coisas.
O "superinformado" Justus se esquece que, na Cidade de Deus, famosa favela carioca, houve o primeiro dos milhares de casos de suspeita de coronavírus confirmado.
Além do mais, Justus tentou se lembrar dos mais pobres no seu relato "economista" na mensagem em que ele tentava falar como se fosse um superintelectual.
Duro é um pretenso intelectual desumano e sem humildade, que é Justus, ridicularizar Marcos Mion, que está aprendendo a conhecer as coisas e é uma pessoa com autocrítica e senso de responsabilidade.
Justus ainda tentou explicar o "exagero" de sua mensagem, após a repercussão de sua gravação: "Estamos dando um tiro de canhão para matar um pássaro".
Sua geração chegou aos 50 anos pensando ter uma vivência de 70, se apropriando de referenciais culturais dos anos 1940 e 1950 dos quais só têm uma vaga compreensão.
Chegando aos 60, 65 anos, essa geração de empresários, médicos, economistas que desfilavam na alta sociedade ao lado de suas jovens esposas ex-modelos, atrizes, jornalistas etc, tiveram ao menos a oportunidade de mostrar algo melhor politicamente do que os governos do PT.
Só que derrubaram Dilma Rousseff oferecendo o pior: Michel Temer e, depois, Jair Bolsonaro.
Lamentável a geração de grisalhões - no fundo "mauricinhos de meia-idade" - , pela sua pretensa erudição, agir assim.
Aliás, é como todo reacionário acima de 60 anos que nos prometia um novo Juscelino Kubitschek, mas nos deu um Jair Bolsonaro. Vergonha.
Já nem sei mais o que é maturidade. Talvez seja uma grande ilusão. Em todo caso, quando eu tiver 65 anos, adoraria me divertir indo ao Lollapalooza ou a um evento mais moderno que este.
Comentários
Postar um comentário