A CAMPANHA DE LULA NUNCA EXPLICOU AS VERDADEIRAS RAZÕES DA ALIANÇA COM GERALDO ALCKMIN NEM ESTE TEVE AUTOCRÍTICA PARA EXPLICAR A VERDADEIRA MUDANÇA RELATIVA DE POSTURA.
Vejam estes nomes: Damares Alves, Mário Frias, Ricardo Salles, general Antônio Hamilton Mourão, Sérgio Moro e sua Rosângela Moro, Deltan Dallagnol. Estes são alguns dos nomes ligados direta ou indiretamente a Jair Bolsonaro que ganharam cargos no Legislativo, apesar do aparente desgaste de suas imagens na campanha das redes sociais. Na verdade, foi um suposto desgaste que lhes deu visibilidade e, no contexto do golpismo de hoje, isso foi bastante positivo para eles.
O golpe de 2016 continua. Ele ocorreu há pouco tempo. Não iria se dissolver da noite para o dia, com o mundo encantado de Lula levando o Brasil ao Primeiro Mundo. Sair do inferno bolsonarista para o paraíso lulista, sem escalas e sem etapas, é um sonho que fez muitos esquerdistas dormirem tranquilos, mas é uma coisa completamente fora da realidade e sem condições concretas de serem feitas.
Tanto isso é verdade que o reflexo do golpismo de 2016 e do seu derivado, o bolsonarismo, se deu na vitória conservadora do Legislativo, nas eleições deste ano. E isso mostra o quanto as esquerdas médias, que juravam que Lula iria vencer no primeiro turno e que o Congresso Nacional seria tomado de um grande "tapete vermelho" para receber uma grande quantidade de parlamentares de esquerda.
Tudo parecia certo e a mídia progressista deixou o jornalismo de lado para mergulhar na propaganda e no panfletarismo. E isso tapando os ouvidos aos avisos alheios, de gente esquerdista porém dotada de um mínimo de prudência e realismo.
O Brasil 247 bloqueou comentários daqueles que criticavam o fanatismo do portal por Lula, num ato de pura arrogância intransigente. Leonardo Attuch, dono do portal, não gostava de vê-lo sendo chamado de "panfleto de Lula", e alegava que o Brasil 247 tinha um elenco de jornalistas consagrados e experientes. Tudo bem. Mas todos estavam deixando a objetividade e lucidez de lado, cumprindo o constrangedor papel de, defendendo Lula a qualquer preço, atacassem de forma truculenta a Terceira Via.
A cegueira das esquerdas na sua defesa intransigente de Lula foi apenas uma parcela dos muitos erros de campanha do petista, que já começava mal com seu climão de festa num cenário de distopia. De que adianta Lula fingir reconhecer que o Brasil está pior do que em 2003, ou fazer de conta que não está se sentindo no salto alto ou no clima de "já ganhou", se é clara sua postura pretensamente triunfalista, que desafia a lógica da realidade dos fatos?
Lula deveria ter se aposentado, pois está muito idoso para encarar as pressões do governo que pretende assumir. As pressões são gigantescas. Lula, em janeiro de 2023, será seis anos mais velho que a idade de Getúlio Vargas quando este se suicidou. A situação está mais complexa porque o Congresso Nacional, mais conservador, irá impedir Lula de fazer um governo mais à esquerda.
Lula não é estratégico. Personalista, acha que seu novo mandato presidencial é como se fosse a sina de um missionário. Em vez de lançar um nome novo para disputar a Presidência da República, o velho Lula quis se vender como "novo" para uma plateia de identitaristas.
Lula também não é autocrítico. Ele perdeu para sempre boa parte do antigo eleitorado de 2002 e 2006 porque não esclareceu as supostas acusações de corrupção dadas contra ele. Lula erra e não quer admitir esses e outros erros. E isso contagiou o ex-rival de 2006, agora vice Geraldo Alckmin, que também chegou às urnas com o petista sem prestar contas à sociedade, como no dramático caso do bairro Pinheirinho, de São José dos Campos, destruído sob ordens do então governador paulista.
As esquerdas criaram um mundo só para elas e que era alimentado pelo falso profetismo dos institutos de pesquisa, cujas supostas pesquisas eleitorais eram supervalorizadas, até que o resultado do último domingo.
Mas a ressaca não fez as esquerdas aprenderem e o fanatismo por Lula continua, até porque ele agora é o único candidato considerado democrático. A bolha lulista não consegue perceber que o Brasil que existe fora dela é muito diferente e que não tem Lula como figura central de todas as coisas.
A realidade não gira em torno de Lula. Lula não é o Rei Sol. E é isso que fez com que sua obsessão em transformar o primeiro turno num segundo turno antecipado fracassar, forçando Lula a enfrentar um segundo turno eleitoral. Por muita sorte, Lula, sem programa de governo definido nem propostas progressistas confiáveis, conquistou o eleitorado pela emoção, mas sua arrogância quase o pôs a perder e fez o bolsonarismo ter um ótimo desempenho nas urnas, conquistando o Congresso Nacional.
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