Lula foi eleito presidente do Brasil ontem, para um terceiro e último mandato. O próprio Lula já afirmou que apenas cumprirá esses quatro anos e vai se aposentar, porque em 2026 terá 81 anos. O petista venceu Jair Bolsonaro, que não conseguiu a reeleição, com cerca de 60 milhões de votos (50,9 %) contra cerca de 58 milhões do extremo-direitista (49,1%), uma vantagem apertada e inferior à do primeiro turno, que foi de seis milhões, pois a do segundo turno foi de dois milhões.
Como na etapa anterior da corrida presidencial, Lula começou perdendo, mas, diferente de antes, quando virou a liderança entre os dois colocados depois de três horas, o petista conseguiu isso em uma hora e 45 minutos. A vitória do PT não se repetiu em São Paulo, pois Fernando Haddad perdeu para Tarcísio Freitas (candidato de Bolsonaro) por 44,73% contra 55,27%.
Não votei em Lula nem em Haddad. Não concordava com a forma que a campanha do PT estava fazendo. Mas agora que Lula venceu as eleições, cabe respeitar, porque é uma vontade legítima de quem votou nele. A campanha pode ter sido péssima, mas Lula conquistou o eleitorado explorando as fraquezas emocionais. Muito tendencioso, mas eficiente. E como o resultado foi conseguido, vale a gente respeitar completamente.
Vamos respeitar, também, o fato de que Geraldo Alckmin será eventualmente nosso presidente da República, quando Lula for viajar para contatos no exterior (e eles serão muitos, pois Lula quer recuperar a imagem internacional do Brasil e buscar parcerias político-administrativas). Se as coisas conseguiram se dar da maneira que se deu, por escolha de mais de 60 milhões de brasileiros, cumpre a nós respeitarmos e legitimarmos.
Discordar, sim, vamos discordar. Mas dentro da civilidade, com ideias e sem violência. Podem haver críticas duras, sim, mas que elas sejam cobranças, ou mesmo discordâncias, mas nos limites do jogo democrático. Podemos fazer passeatas, greves, petições, abaixo-assinados. Podemos cobrar. Mas sempre dentro dos limites da respeitabilidade.
Mas devemos prestar atenção nos eleitores que votaram em Jair Bolsonaro: mais de 58 milhões. Cerca de sete milhões a mais do que no primeiro turno. Boa parte dessas pessoas é rancorosa e ficou irritada com o resultado eleitoral. E andam animadas com os surtos de Roberto Jefferson e Carla Zambelli armados de revólver. O risco de represália é muito grante.
Cabe, portanto, ter muita calma nesta hora. As instituições que respaldaram a campanha de Lula deveriam, portanto, criar condições para dificultar e banir qualquer reação dos bolsonaristas, dentro do que preveem as ferramentas da lei.
Se é para ter um convívio harmonioso e democrático, isso é fundamental e precisa ocorrer. Mas é necessário evitar ser tolerante com os bolsonaristas, que já realizam protestos em Santa Catarina, em frente a uma loja da Havan em uma rodovia em Palhoça, e na região de Sinop, no Mato Grosso, caminhoneiros bloquearam quatro trechos de outra rodovia.
É preciso tomar muito cuidado e é necessário maior firmeza das instituições. Ontem mesmo um diretor da Polícia Federal tentou criar confusão ordenando várias blitz em várias partes do Brasil, incluindo a minha conhecidíssima Ponte Rio-Niterói, no lado niteroiense. A ideia é forçar o atraso de muitos eleitores, complicando a vitória de Lula.
Ainda temos dois meses de Jair Bolsonaro como presidente da República. O que significa que o Brasil precisa tomar muito cuidado. É ter muita calma e muita prudência, porque o momento não é de festa. As esquerdas, trocando protestos populares por festinhas identitárias (como o Movimento Fora Bolsonaro), deixaram crescer o bolsonarismo e ele continua sendo uma ameaça para o país.
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