Aproveitando que a religiosidade é um dos temas abordados na campanha presidencial, e constatando que Lula acaba mordendo a isca de Jair Bolsonaro ao enfatizar a pauta de costumes em detrimento da Economia, enquanto Bolsonaro reage criticando as omissões do rival justamente na área econômica, temos que falar do problema da religiosidade, enfatizando o traiçoeiro Espiritismo brasileiro, o Catolicismo medieval de botox.
Por que falamos dessa religião? Simples. Eu a segui durante 28 anos e só tive azar na vida. Adversidades chegavam a mim sem controle, e não adiantava eu fazer os tais "tratamentos espirituais", gastando mais de um transporte para ir a bairros distantes, porque a coisa ficava ainda pior. Me livrei do fardo "espírita" há dez anos e me cabe a função de bom samaritano de denunciar os abusos dessa fé obscurantista disfarçada de "libertadora".
Pois surge, nos bastidores do Espiritismo brasileiro, uma mentira sem pé nem cabeça plantada por um grupo de seguidores de um tal "médium de peruca", o religioso que mais defendeu a ditadura militar no Brasil: a de que o tal "médium" teria apoiado Lula em 1994 e 1998 e terminou a vida mantendo esse apoio. Tudo fake news, próprio de uma religião pioneira em literatura fake.
Lula, três anos atrás, foi cortejado por "espíritas de esquerda", em parte presentes no livro Lula e a Espiritualidade, uma obra "ecumênica" organizada por Mauro Lopes, colunista do portal Brasil 247, hoje escancarado na campanha lulista.
A tese, plantada sob inspiração da adesão de direitistas a Lula, não tem uma molécula de lógica. Primeiro, porque em 2001 e 2002, o "médium" recebeu o contato de ninguém menos que Aécio Neves, então candidato ao governo de Minas Gerais (2002) e os dois manifestaram admiração mútua, sendo o tucano o "herói político dos sonhos" nas obras do "bondoso médium".
O "médium" sinalizava simpatia pelo PSDB e Lula, mesmo moderado, lhe causava repulsa, à maneira da repulsa manifesta por Regina Duarte. Lula ainda estava vinculado a paradigmas esquerdistas que só foram abandonados em 2020, mas em 1994 e 1998 ele ainda estava ligado às raízes políticas.
Além disso, a escolha do vice só pioraria as coisas. Em 1994, a campanha de Lula escolheu como vice de chapa o também petista Aloízio Mercadante, que não é considerado carismático fora do meio político. Em 1998, a situação piorou, pois o vice escolhido foi Leonel Brizola, considerado mais radical que Lula e que poderia ter aumentado ainda mais a repulsa do "médium".
Infelizmente, porém, mentiras podem ser compartilhadas por um expressivo número de pessoas e sustentado por argumentações delirantes, porém agradáveis o suficiente para serem transmitidas como "verdades indiscutíveis".
Em nome da emoção, mentiras aberrantes, dependendo dos grupos de interesse, podem virar "verdades indiscutíveis" que são transmitidas como tais com muita insistência. Vide, no caso bolsonarista, as fake news que chegam a ser defendidas até por pessoas com mais de 60 anos, numa faixa etária associada, em tese, a muita sabedoria e experiência de vida. Embranquecer dos cabelos não servem para proteger as pessoas da burrice e da estupidez.
Daí que soa muito mentiroso dizer que o tal "médium da peruca" apoiaria Lula. Nem um Lula voltado mais à direita receberia o apoio do famoso religioso que, a exemplo de nomes como Neymar, Regina Duarte e Raimundo Fagner, teria sido bolsonarista se estivesse vivo.
No seu tempo, o "médium" trabalhava como inspetor de gado para os "coronéis" do gado zebu em Uberaba, e eu, quando era "espírita", li dois livros do "médium" e entrei em contato com as ideias ultraconservadoras do "bondoso homem", criado numa Minas Gerais medieval da primeira metade do século XX.
Não se pode colocar o pensamento desejoso (que, no fundo, é a fé religiosa adaptada a um contexto laico) para se impor à realidade. Quem age assim vai decepcionar muito. Só porque o "médium" evitava falar o hidrofobês o tempo inteiro, apesar de momentos hidrófobos como acusar as vítimas humildes de um incêndio criminoso num circo de Niterói de terem "pagado o que deviam" por suposta encarnação passada, não significa que o religioso tenha sido progressista. Ele nunca foi. Era medieval radical.
Mas esse é o Espiritismo brasileiro que anda escondido na toca, esperando o alvorecer da positividade tóxica, aguardando o termômetro dos ânimos das eleições de 30 de outubro, da Copa do Mundo do Catar e do lançamento de um filmeco "espírita" ambientado num hipotético "mundo espiritual".
É uma estranha religião capaz de apresentar, agora, estranhas celibatárias, entre mulheres chiques e atrizes, antes casadouras e namoradeiras, mas agora estranhamente "encalhadas". Se bem que os "neopenteques" se apressaram e também mostram sua candidata à "musa dos luzers", Karina Bacchi, agora declarada bolsonarista. Novas "noviças" com belezas angelicais para atrair losers, sob as fés "espírita" e "neopenteque", das crenças inimigas da Teologia da Libertação.
Mas aí as esquerdas mordem a isca, no caso dos "espíritas", porque esta religião fala Esperanto e não o hidrofobês. As esquerdas médias se iludem em engolir, feito avestruz, qualquer coisa da direita que esteja dissociada do hidrofobês, da Gramática do Ódio e da Semiologia da Raiva. E aí passam a cultuar o "médium da peruca", de aparência frágil e fala macia que muitos pensam ter sido uma figura progressista, quando ele era tão ou mais medieval do que Olavo de Carvalho.
E esse culto faz com que um grupinho de oportunistas bem de vida inventem fake news "do bem" aqui e ali, sobretudo para fazer o "médium" ser apoiado por esquerdistas, lançando uma mentira grosseira, de envergonhar o Pinóquio, de que o "médium" teria apoiado Lula. Tudo lorota para atrair "espíritas" à adesão de Lula, na carona de tantos direitistas surfando na "onda Lula". Tudo fora de contexto e de lógica. Tudo fake news. Ou melhor, féke news, notícias falsas "sob as bênçãos de Deus".
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