Eu era um grande admirador do Lula, embora não tivesse sido um sectário do PT. Mas vendo que o petista cometeu erros, eu rompi com ele, justamente quando até boa parte de seus opositores passaram a apoiá-lo. E eu já expliquei muitos erros, para ninguém dizer que na minha decepção com Lula faltou algum fundamento.
E os erros não param de ocorrer. A falta de uma posição certa sobre a Economia e a falta de um programa de governo que servisse de guia para o eleitorado são erros terríveis, que influíram na vantagem apertada que Lula teve no primeiro turno, afastando a sua tão desejada e afobada vitória. Afobada, porque Lula não queria enfrentar outros concorrentes além de Jair Bolsonaro.
Lula quer avançar e recuar conforme as circunstâncias e as conveniências do momento. No que se refere à isenção do Imposto de Renda, Lula disse que iria colocar como limite máximo o salário de R$ 3 mil. Recentemente, porém, Lula voltou a aumentar o valor para R$ 5 mil. Em outra ocasião, Lula alegou que iria desistir do limite de R$ 5 mil e reduzir para R$ 3 mil para evitar "concentração de renda", uma desculpa sem pé nem cabeça.
Ontem, Geraldo Alckmin se reuniu com empresários em São Paulo, e, além de enfatizar sua proposta de reajuste fiscal, uma das bandeiras do candidato à Vice-Presidência da República, ele veio com essa: afirmou que Lula pretende AMPLIAR a reforma trabalhista, contemplando os trabalhadores de aplicativos (como o Zappi, o I-Food, o Shopee e outros).
Ampliar a reforma trabalhista? Não fazia parte do projeto provisório - o que se entendia como "esboço" de programa de governo - a revogação da reforma trabalhista? Como é que agora se fala em "ampliar", como se essa legislação obscurantista do governo Michel Temer fosse preservada e apenas acrescida de alguns pontos?
Não dá para confiar em Lula, porque ele não está claro em suas propostas, que permanecem hesitantes ao tentar agradar, num momento, os movimentos sociais, e, em outro, as elites do poder econômico. E ele esconde o jogo. No fundo, Lula está fazendo concessões drásticas à direita moderada, e, portanto, o petista prova, de maneira evidente, que mudou de lado.
São tantos direitistas moderados agora aderem fácil ao Lula, que com muita certeza fará um governo mais fraco do que os dois mandatos anteriores. E nem é porque tem muita gente a puxar o tapete de Lula, mas é porque Lula virou, mesmo, um grande pelego.
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