DE JUIZ DE FORA, LULA PARTICIPOU DE LIVE COM O SEU ALIADO NAS REDES SOCIAIS, O EX-PRESIDENCIÁVEL ANDRÉ JANONES.
Lula perdeu mais uma vez a chance de romper a bolha dos "convertidos". Na reta final de campanha, Lula cancelou participações em debates com Jair Bolsonaro no SBT e na Record, redutos bolsonaristas, mas que deveriam valer o risco do enfrentamento. Poderia, com argumentos, desmoralizar o rival, e alimentar depois com a repercussão do debate para fortalecer sua campanha.
Em vez disso, Lula acaba ganhando fama de "fujão". Um sujeito que diz nas entrevistas que não foge ao debate, mas foge. Alguém imaginou Lula fugindo dos debates em 1989, 1994 e 1998? Ou em 2002 e 2006? Mas o Lula de hoje está muito estranho e anda escondendo o jogo em muitas ocasiões.
Em compensação, a "república dos institutos de pesquisa" esconde uma realidade por trás das entidades que demonstram sempre o favoritismo de Lula (como, em 2018, demonstraram em relação a Bolsonaro). Há dois institutos, Veritá e Brasmarket, que apontam não o favoritismo de Lula, mas de Bolsonaro, apesar de haver proporções similares, entre quatro e oito pontos de porcentagem.
Se concentrando em comícios de rua, Lula cumpre a principal obrigação eleitoral, mas ela precisa de complementos, uma vez que a estratégia da campanha eleitoral é encarar outros meios de campanha. A rua é fundamental, mas não é a única. Sem o debate no SBT e na Record, Lula perde a oportunidade de enfrentar Bolsonaro e poder explorar esse enfrentamento depois, nas redes sociais.
Em vez de ir ao SBT, Lula, que estava em Juiz de Fora, preferiu uma live com seu ex-concorrente e agora seu principal divulgador, André Janones - que tem a tarefa de atuar como um "Carluxo" da campanha do Lula - , o que só serve para "convertidos". Essa entrevista com o amigo Janones não vai acrescentar coisa alguma ao eleitorado de Lula, servindo apenas para o público que já votou nele no primeiro turno e vai votar novamente no segundo.
A campanha está terminando e Lula está com uma vantagem magra, se levarmos em conta as supostas pesquisas eleitorais divulgadas pela maioria da mídia. Até agora, muitos erros, com eventual entrosamento com as elites empresariais e a atuação de Geraldo Alckmin como um articulador, o que soa útil para o contexto da campanha, mas será péssimo quando Lula fizer viagens ao exterior, com um opositor ideológico como presidente em exercício.
São esses erros, que Lula põe debaixo do tapete, uma vez que detesta fazer autocrítica, que estão lhe pondo a perder. Lula tende a ganhar as eleições, a julgar pelo que pensam muitos analistas. Um editorial de O Estado de São Paulo disse que Lula é o "menos ruim" dos dois candidatos, pressionado pelos apoios que a direita liberal está dando ao petista.
Mas essa vitória, embora seja celebrada como o "retorno triunfal da democracia", será muito pequena, em diferença de votos. Os bolsonaristas são muitos. E, além disso, o bolsonarismo se sentirá confortável no papel de oposição e, se Lula errar, a extrema-direita volta com toda força. E é muito provável que Lula vai errar no seu governo, como um reflexo dos inúmeros erros de campanha.
Comentários
Postar um comentário