Recentemente, uma atriz que casou cedo e emendou um casamento a outro e tem um razoável currículo amoroso passou a ficar sozinha, mesmo com seus dois filhos cobrando um padrasto. Ela, no entanto, insiste no celibato e afirma que sente preguiça em procurar um novo namorado nas redes sociais e que também não aguenta a sociedade pressioná-la a ter uma vida amorosa.
O dado surreal é que ela é considerada muito bonita, lembrando aquela beleza perfeita das princesas da Disney. E o motivo é mais surreal ainda: desde que participou do elenco de um filme "espírita", ela passou a ter essa postura, quando em outros tempos conseguia arrumar um novo marido pouco tempo após se separar do anterior.
A solteirice da moça não teria problema algum, se não fosse o contexto em que muitas famosas têm facilidade de se casarem ou arrumarem namorados. No Brasil, atrizes que parecem "menos atraentes" vivem casamentos sólidos de mais de vinte anos. Outras atrizes, com temperamento mais difícil, têm dificuldade, isso sim, de ficar sem namorados, engatando namoro atrás de namoro.
Num contexto em que, no exterior, quase todas as musas de seriados infanto-juvenis se tornam senhoras bem casadas, é surreal ver que as moças "espiritualizadas" brasileiras que, entre um topless na praia, um jantar chique ou um passeio turístico, postam mensagens de supostos "médiuns" e exibem "sem compromissos" supostos ensinamentos ligados a um obscurantismo místico-religioso ou esotérico.
Que onda é essa de "celibatárias espiritualizadas", de mulheres bonitas envolvidas direta ou indiretamente com o Espiritismo brasileiro ou crenças similares e que, de repente, passaram a sofrer da síndrome do impostor da vida amorosa? Basta se associar a um "médium espírita" para, de repente, viver numa solteirice sem proveito.
Aqui no Brasil há a situação surreal que faz com que mulheres que sabem ser solteiras ficarem casadas e mulheres que deveriam se casar não têm sequer namorados. Quem não precisa tem e mantém e quem precisa não quer ter. São desigualdades muito aberrantes e, no contexto desse "espiritualismo" neo-medieval, ficamos perguntando muitas coisas.
O Espiritismo brasileiro está lançando um novo tipo de "noviça rebelde", a celibatária que faz topless na praia ou vai para o parquinho com os filhos de um casamento desfeito? Ou a sua federação está pagando mulheres atraentes para fazer papel de "solteironas" para a religião "espírita" atrair um público masculino dos chamados losers e incels? Ou será que a religião "espírita", com jeito de azarenta, está impedindo as lindas donzelas de arrumar algum namorado?
A situação chega a ser mais aberrante do que as musas popularescas bancando as "solteironas", porque estas, ao menos, por mais repulsivas que sejam se inserem num contexto lógico de hipersexualização do corpo, de hipersensualismo compulsivo, ou seja, de um culto a uma erotização tão forçada quanto persistente.
Já as mulheres "espiritualizadas", não há uma lógica. Elas têm uma aparência tão bonita e elegante quanto a de muitas mulheres comprometidas e inacessíveis. Mas basta uma associação, mesmo indireta, a um "médium espírita", para essas mulheres sucumbirem a uma aparente solidão, não raro tornando-se infantilizadas e inseguras, e talvez se achando as "mal-amadas" nesta solteirice forçada.
A gente até pergunta se não é a sociedade que lhe cobra um namorado ou marido, mas é o "movimento espírita", olhando para uma demanda de rapazes solteiros, que cobra uma solteirice a mulheres de aparência atraente que tinham experiência de namoradeiras ou casadeiras. E ver que, no caso das atrizes, perder a oportunidade de ter um marido, com um futuro pretendente ali, no set de gravações, e desprezar isso a pretexto de uma "solidão feliz", chega a ser constrangedor.
A coisa é preocupante, porque isso não melhora o cenário de mulheres solteiras no Brasil, que é extremamente lamentável. A imagem da mulher solteira, trabalhada sob influência da grande mídia, é das piores: quase sempre tem péssimo gosto musical e sucumbe ao fanatismo por futebol e religião, sem apresentar uma personalidade diferenciada nem culturalmente relevante.
E aí vemos o Supremo Tribunal do Umbigo, instância máxima do Tribunal da Internet, que fala que temos que respeitar isso em nome do tal "combate ao preconceito", desculpa usada para aceitarmos, de preferência calados e sorridentes, a deterioração cultural que atinge o Brasil. E temos que achar maravilhoso ver mulheres bonitas por fora se tornarem insossas por dentro, por conta de uma realidade tomada de eventual beatitude religiosa que as faz se submeterem a uma solteirice que mais parece zona de conforto do que experiência de vida.
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