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OS ERROS DA CLASSE MÉDIA DE ESQUERDA E SEUS RISCOS FATAIS

GERALDO ALCKMIN, DISCURSANDO DEPOIS DE SER VAIADO PELA PLATEIA DE NATAL, ONDE LULA PARTICIPOU DE ATO DE CAMPANHA.

As esquerdas não estão em alta. Elas estão cometendo um sério erro de acreditar num protagonismo que nunca existiu e que foi apenas artificialmente criado por supostas pesquisas eleitorais - das quais os institutos Vox Populi, Quaeste e Ipespe cobiçam generosas verbas estatais que só Lula daria para eles - e chegam mesmo a agir com arrogância e triunfalismo cegos que poderão trazer imprevistos traumáticos.

O golpe político de 2016 é um fato recente. Pensando sob o prisma da ciência política, o golpe que derrubou Dilma Rousseff ocorreu "ainda pouco". Quase todos os personagens estão vivos e o jogo de interesses continua valendo hoje na mesma forma como valeu há seis anos. O aparente bom mocismo da direita moderada é algo que não pode ser visto com bons olhos.

Hoje os mentores do golpe contra Dilma vestiram a máscara da aliança com Lula, com o objetivo de sabotar seu projeto político. Com perigosa persistência, Lula aceita esse apoio sob a desculpa da "democracia" e da "frente ampla" e traça um caminho que irá lhe trazer consequências funestas.

Sem medir o nível de divergência dos aliados de ocasião, Lula aceita o apoio de qualquer um que lhe apertar a mão. Seja o apoio formal, que permitiu que o ex-tucano Geraldo Alckmin, rival da campanha de 2006, se torne seu vice na chapa presidencial deste ano, seja o apoio informal, dos políticos veteranos do PSDB.

E isso pode colocar Lula numa enrascada, e o petista, hoje, tenta atuar simultaneamente nos papéis de um líder moderado que entrega a liderança à direita moderada e o antigo orador de esquerda que promete as maiores ousadias políticas em prol das classes trabalhadoras.

A título de comparação, é como se, ao mesmo tempo, tivéssemos um João Goulart da fase parlamentarista, castrado politicamente pelo primeiro-ministro Tancredo Neves (ancestral político de Geraldo Alckmin), e que em contrapartida realiza discursos como o da Central do Brasil, em 13 de março de 1964.

Ou seja, Lula faz esse papel do político que terá que reduzir seu poder em prol de um governante mais moderado, mas que faz promessas de grandes proezas políticas. Daí que Lula está muito perdido em decidir se vai revogar a reforma trabalhista e o teto de gastos públicos ou se vai rever / reformular tais propostas.

Vejo que a campanha de Lula, através desses erros diversos, me causa constrangimento profundo. Um exemplo recente está no evento realizado em Natal, no Rio Grande do Norte, um ato de campanha de Lula onde, no momento em que foi anunciado o nome de Geraldo Alckmin como um dos presentes, houve uma grande vaia da plateia. O evento ocorreu há quatro dias.

O vice-governador potiguar Walter Alves, do MDB e aliado de Lula - a titular do governo estadual é a petista Fátima Bezerra - , e o pai do político local, o ex-governador Garibaldi Alves, também foram vaiados. A família Alves, no passado, foi opositora histórica do PT.

As vaias continuaram quando Alckmin discursou, sempre com aquela retórica forçada e pouco convincente das "críticas a Bolsonaro". Ninguém aguenta mais ouvir Alckmin falando contra o "governo da motociata", dizendo palavras prontas que mascaram o seu perfil neoliberal com um texto pretensamente "progressista" e "democrático".

As vaias causaram problemas nos petistas, que tentam insistir na tal "frente ampla", com forças divergentes ao projeto político de Lula, A presidenta do Partido dos Trabalhadores, Gleisi Hoffmann, até tentou minimizar a situação: "Aqui pode até ter gente com quem a gente divergiu, mas que é a favor da democracia e contra Bolsonaro".

O próprio Lula, todavia, insistiu na aliança com Geraldo Alckmin e outras forças divergentes ao seu projeto político:

"É preciso juntar os divergentes para vencer os antagônicos. Eu aprendi que a gente não tem que gostar apenas das pessoas que pensam como nós. É preciso aprender a viver com os diferentes. É por isso que estamos construindo essa aliança, para a gente tentar fazer coisa com mais gente, não é só um partido, não é só um pensamento ideológico, é mais gente. Tem muita gente boa que não está no nosso meio".

Sim, até se entende que existem pessoas com pensamento mais avançado fora do espectro esquerdista. Mas não seria o caso de Geraldo Alckmin, com um histórico tenebroso como governador de São Paulo e que, na sua conversão como (pretenso) aliado de Lula, não esboçou uma posição autocrítica, não foi sabatinado pela mídia alternativa nem demonstrou uma vontade autêntica de mudança.

Lula está fazendo o jogo político típico de uma classe média de esquerda que domina as narrativas e as ações no seu âmbito. Lula esqueceu-se de sua origem operária, e agora surfa na onda de uma elite "progressista" que nunca pisou num chão de fábrica, nunca viveu a tragédia de favelas destruídas por tempestades e nunca dormiu sob o barulho de tiroteios que não raro tiram a vida de criancinhas inocentes.

A adesão de Geraldo Alckmin mostra o erro terrível que a classe média de esquerda, que já acolheu intelectuais do culturalismo conservador, como Pedro Alexandre Sanches, Paulo César de Araújo e até mesmo o reacionário mineiro Eugênio Arantes Raggi (que nas redes sociais demonstrou muita hipocrisia no seu esquerdismo forçado, de olho nas verbas estatais do PT), tudo em prol de uma compreensão bastante distorcida e paternalista a respeito das classes populares.

Essas elites da classe média se voltam aos chamados "brinquedos culturais", ao entender a realidade do povo pobre sob os filtros nada realistas da teledramaturgia da Rede Globo. Essa "gente bem" do lulismo dos últimos 20 anos geralmente se anestesia com as novelas das 21 horas, depois de encarar o "círculo dos horrores" da costumeira hidrofobia do Jornal Nacional.

O problema é que o imaginário culturalista das novelas das 21 horas não é menos direitista ou conservador do que as pautas reaças do JN. Elas apenas são narradas de maneira benevolente e simpática, mas estão associados ao mesmo sistema de valores que já glorificou Sérgio Moro um dia.

Temos velhinhos paternalistas que fazem analogia simbólica aos "médiuns espíritas" da vida real, com sua pretensa filantropia que soa melíflua no enredo de novela, preparando o imaginário das "esquerdas médias" para tentar aceitar um Luciano Huck brincando de "fazer caridade" (papel que o próprio "médium" tão adorado por muitos havia demonstrado com igual canastrice, para acobertar seu charlatanismo de psicografakes igrejeiras, sob as bênçãos da mesma Globo nos anos 1970).

Temos também os favelados de novela que encontram similaridade com o espetáculo mercantil dos funqueiros - que usam a pobreza como "carteirada" para explorar de forma glamourizada a miséria humana - , os jogadores de futebol romantizados, as meninas pobres que viram exemplo de meritocracia e tudo o mais que vier de "bons estereótipos", aceitos sob a desculpa do "combate ao preconceito" (desculpa elitista já analisada em meu livro Esses Intelectuais Pertinentes...).

A nossa classe média de esquerda é muito arrogante, presa nas convicções que a "carteirada" de diplomas, prestígio social e uma visão etnocêntrica da sociedade. Foi com muita dificuldade que argumentei, no meu antigo blogue Mingau de Aço - agora indisponível na Internet - , sobre os males do discurso da bregalização.

Nesse discurso - que é o grosso do culturalismo conservador ou cultura vira-lata de qual muitos fazem vista grossa - , tudo era "lindo" entre o povo pobre: prostituição, comércio clandestino, vida em barracos precários, casas velhas e sujas, hipersexualização, alcoolismo. Tudo isso é a "maravilhosa qualidade de vida" do povo pobre, uma narrativa trazida pela mídia venal mas que as esquerdas intelectuais encamparam, muitos por boa-fé, mas outros por má-fé, mesmo.

Graças a essa narrativa, os "heróis" de uma considerável parcela das esquerdas envolveu de "médium" que trabalhava para os "coronéis" do gado zebu (hoje apoiadores de Bolsonaro) no Triângulo Mineiro e defendeu abertamente a ditadura militar, a ponto de receber prêmios da Escola Superior de Guerra, e de político que foi prefeito biônico de Salvador e depois virou dublê de radiojornalista e bajulador de Lula.

Daí a comodidade com que acolheram o inexpressivo e nada carismático Geraldo Alckmin, que agora é "queridinho" de setores das esquerdas, porque se encaixa no etnocentrismo de classe média que, na sua visão solipsista, impõem padrões de "liberdade", "vontade popular" e "causas progressistas" mais próximos de seu conservadorismo ideológico.

A questão não é de apelar para o radicalismo ideológico. Mas, para quem acha "progressista" um idoso, no imaginário da "cultura" brega-popularesca, se consolar das mágoas profissionais e conjugais através da bebedeira, ou "libertário" uma mulher levar surra de um cliente machista na prostituição, faz sentido achar que a aliança desmedida com forças divergentes apenas pela única desculpa de derrotar Bolsonaro possa recuperar as políticas de esquerda no Brasil.

Para quem considera "símbolos maiores de bondade humana" religiosos medievais como o "médium" do Triângulo Mineiro e a madre albanesa que atuou na Índia, ambos defensores da permanência do povo pobre no seu sofrimento, aliviado precariamente com sopinhas e alojamentos sujos e doentios, tanto faz se o verbo é "revogar" ou "rever" a reforma trabalhista. Para quem confunde "transformar vidas" com "aliviar o sofrimento", vale tamanha incoerência que prejudica nosso povo.

Nada disso. Geraldo Alckmin é um neoliberal conservador, e ele irá castrar muitos dos projetos políticos de Lula. Este terá que se contentar com os programas de grife (Bolsa Família, Fome Zero, Minha Casa Minha Vida e Mais Médicos) enquanto a "parte técnica" fica com o ex-tucano, como as medidas estruturais da Economia.

Alckmin não vai deixar Lula reestatizar a Eletrobras. Também fará com que a reforma trabalhista de Temer "ressuscite" numa nova lei trabalhista que limitará a recuperação dos direitos dos trabalhadores. Intermediando acordos entre patrões e empregados, sendo Alckmin um representante do patronato, sua posição dirá muito para que lado se voltará nestas negociações.

Para as esquerdas de classe média, isso tanto faz como tanto fez. Para esquerdistas que têm dinheiro para comprar carros SUV, sustentar uma família de cachorros, mandar filho para estudar em faculdades no exterior e que prefere ver um pobre rebolando o "funk" do que fechando ruas para pedir reforma agrária, a presença de Alckmin soa natural.

O Lula dos sindicatos desapareceu e não volta mais. É apenas uma fantasia que narra um passado que ocorreu, mas que persiste em ser passado, mesmo quando a emotividade tenta reviver no tempo presente. O que vemos, infelizmente, é a rendição de Lula ao neoliberalismo, que trará riscos tão ou mais fatais do que os que João Goulart e Dilma Rousseff sofreram. Se Lula retomar as propostas progressistas na sua essência original, será mais um a ser golpeado pela direita.

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