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NITERÓI: CONDOMÍNIO SEM COMÉRCIO DIGNO NO ANTIGO RIO DECOR É UMA RAJADA DE METRALHADORA NO PÉ

TERRENO VAZIO APÓS DEMOLIÇÃO DO PRÉDIO DO ANTIGO RIO DECOR, NA AVENIDA FELICIANO SODRÉ, EM NITERÓI.

Um dos antigos prédios de Niterói não existe mais. Por um gigantesco erro estratégico, o Rio Decor, durante a pandemia, abandonou o grande prédio da Av. Feliciano Sodré, que no passado foi das Lojas Maveroy e que era um grande espaço para um shopping center. O Rio Decor se mudou para a Av. Jansen de Mello e perdeu boa parte da demanda, sobretudo São Gonçalo, ficando "escondido" na esquina da Rua São Lourenço.

Com isso, o prédio, antes imponente, virou uma espécie de Cracolândia niteroiense. Nos últimos tempos houve incêndio e homicídio, além do grande perigo que representava principalmente para quem ficava num ponto de ônibus em frente ao local.

Depois de tais incidentes, a estrutura do prédio foi danificada e a Prefeitura de Niterói preferiu demolir. Hoje é um terreno vazio, do qual há intenções de construção de um condomínio, o que não é má ideia, porque dará movimento ao local.

Só que o problema é que, como o Rio Decor havia deixado uma lacuna, na qual o Mercado Municipal e o Supermercado Dom não vão suprir totalmente, é absolutamente necessário que o condomínio seja acompanhado de comércio e áreas de lazer.

Tive uma experiência como estagiário de corretor de imóveis e posso dizer isso. Não é uma opinião, mas um parecer, sobre a necessidade de haver comércio e serviços no novo condomínio a ser construído no referido lugar, até para sustentar o próprio condomínio, para não depender exclusivamente dos moradores. Um mini-shopping é fundamental para sustentar o novo condomínio e dar mais movimento à área.

E quando se fala em comércio, não é botar um Smart Fit aqui, uma farmácia ali e um bar decadente como tantos outros, que só servirá para bêbados e torcedores de futebol. Em vez de um bar, poderia haver a franquia de um restaurante de rede, tipo Griletto ou Express Grill. Não digo Giraffas porque a rede já tem filiais no Plaza Shopping e no Bay Market.

A ideia tem que ser evitar instalar um bar, cuja demanda principal seria a de homens que só querem beber cerveja e ver futebol pela TV. A demanda principal não pode ser esta, porque aí dá no mesmo em relação à presença de viciados em crack nas ruínas do antigo Rio Decor.

Antes que me chamem de preconceituoso, devo lembrar que, quando eu morava no Jardim Icaraí, houve mais de uma confusão no bar, com homens brigando e garrafas de cerveja caindo. Houve até agressões com garrafas, que feriram alguém. Será bonito o novo condomínio da Av. Feliciano Sodré ter que encarar essa realidade?

Com um restaurante de marca, cujo público-alvo é outro, de pessoas comuns que desejam fazer uma refeição, a demanda tende a ser mais comportada, enfatizando famílias e jovens. Uma demanda que, a não ser que ocorra algum incidente, tende a ser mais comportada, pelo menos a regra é trazer mais sossego e não incômodo e barulho a irritar os moradores que precisam dormir para renovar as energias ou para acordar melhor para ir ao trabalho.

Não pensar nessa necessidade é dar um tiro no pé. Aliás, não um tiro no pé, mas uma rajada de metralhadora Uzi no pé, uma vez que é imperativa a necessidade de colocar um comércio mais decente no novo condomínio: umas lojas de roupas, sobretudo infantis e femininas, talvez com alguma loja de rede, tipo Hering. Uma farmácia, uma lanchonete ou sorveteria e um restaurante de rede.

Se os administradores do novo condomínio investirem em bar, em botequim comum, estarão agindo com muita burrice, porque será inútil trocar um cenário de gente viciada em crack, que ameaça gente nos pontos de ônibus, por gente embriagada que pode representar um grande risco, além de torcedores que podem, de repente, se atracarem devido a algum resultado de jogo.

Aí seria trocar seis por meia-dúzia. Imagine um sujeito revoltado que bate a garrafa no balcão do bar, e com um casco quebrado, ameaçar os passageiros que ali perto estão no ponto de ônibus? E a briga de torcedores, que poderá causar uma correria e até tiroteios? E mesmo que nada disso ocorra, a gritaria dos torcedores dá o tom da decadência que é a poluição sonora de quem ignora que os vizinhos precisam dormir para trabalhar no dia seguinte.

É bom que Niterói abra mão de zonas de conforto e passe a encarar novas questões. A criminosa indiferença sobre a necessidade de nova avenida ou rodovia entre Rio do Ouro e Várzea das Moças tem que ser descartada, porque a Região Oceânica vai crescer, com surgimento de novos prédios, e aí a RJ-106 estará saturada demais para sobrepor sua função de rodovia estadual com a de "avenida de bairro".

Deverão ser pensadas também outras questões, como a remoção dos monstrengos parklets, tidos como "temporários" mas até agora permanecendo como verdadeiras vergonhas para a mobilidade urbana em Niterói.

São questões que devem ser reconsideradas, e espera-se que o grupo de Rodrigo Neves, hoje representado pelo atual prefeito Axel Grael, possa ver essas questões. Parklets atrapalhando tráfego e estacionamento, praças falsamente públicas feitas em nome do interesse de comerciantes locais. RJ-106 como "avenida de bairro" atrapalhando o tráfego de quem vai e vem de longe, na Região dos Lagos.

Estes problemas precisam urgentemente serem feitos, e espera-se que a eles não se some a construção de um condomínio de "velha linha", com comércio precário e bar que, ocupado por bêbados e torcedores de futebol potencialmente agressivos, afastando as famílias e os jovens e causando prejuízos para os donos desses estabelecimentos gastronômicos. Restaurantes de rede são as melhores opções para ter uma demanda mais diversificada e bem menos violenta.
 

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