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GLAMOURIZAR O BREGA NADA VAI TRAZER DE RELEVANTE PARA NOSSA CULTURA

A SIMPLES POPULARIDADE NUNCA FEZ COM QUE UM SUCESSO MUSICAL FOSSE CULTURALMENTE RELEVANTE.

Com uma campanha que misturou a falsa racionalidade dos velhos "institutos golpistas IPES-IBAD com arremedos da retórica tropicalista, o "menino de ouro" de Otávio Frias Filho, Pedro Alexandre Sanches, teve a "façanha" de fazer a imprensa de esquerda brasileira, nos anos 2000 e 2010, pensar a cultura popular "igualzinho" à Folha de São Paulo, uma armadilha que custou caro e pavimentou o caminho que resultou na ascensão de Jair Bolsonaro.

Hoje já não se defende o brega-popularesco de forma tão generalizada como há cerca de 20 anos atrás, pois grande parte dos ídolos popularescos se alimhou ao golpismo político, adotou posturas quase sociopatas e se envolveu em encrencas diversas, o que fez nossas forças progressistas enxugarem bastante o elenco beneficiado pela ideologia do suposto "combate ao preconceito".

Saíram os intelectuais "bacanas" e sua forma porralouca de defesa dos fenômenos popularescos, e no lugar vieram os jornalistas "isentos", supostamente imparciais, que agora estão falando da "genialidade" dos ídolos popularescos do passado. Vide a gourmetização representada pelo brega-vintage, onde não só "o nosso amor é lindo, tão lindo", mas também tudo é "lindo", até a "nega do cabelo duro que não gosta de pentear".

A crítica musical se "adocicou" na abordagem do brega-popularesco e hoje tudo ficou "genial": Michael Sullivan, Chitãozinho & Xororó, É O Tchan, Beto Barbosa, Odair José, Péricles, Mastruz Com Leite, Placa Luminosa, Bell Marques, Wando, entre outros, como se, em tese, eles representassem "grandes tesouros musicais". Só que não.

A propaganda desses falsos gênios focalizados por esse "saudosismo de resultados" que se encaixa na indigência intelectual nas redes sociais, se serve tão somente na exploração de uma tendenciosa carga afetiva dos antigos sucessos musicais, como se uma saudade pessoal solipsista fosse sinônimo de "reconhecimento cultural".

No entanto, isso é só conversa para o gado dormir. Por trás dessa visão "objetiva", há um lobby envolvendo empresários do entretenimento em geral, produtores e executivos de gravadoras, emissoras de TV, arranjadores, publicitários e toda a gente "certinha" e "gabaritada" do mundo dos negócios.

Ou seja, se "Evidências", "Fogo e Paixão", "Whisky a Go-go", "Um Dia de Domingo", "Segura o Tchan", "Fricote", "Eu Vou Tirar Você Desse Lugar" e outros são tidos como "clássicos", isso não se deve por uma hipotética força oculta desses antigos sucessos, mas por conta de uma narrativa plantada em demoradas reuniões de negócios.

Mas esse "reconhecimento" em nada acrescenta de relevante a nossa cultura. São apenas reciclagens de antigos sucessos que são relançados de forma gourmetizada para enganar as novas gerações, a partir da exploração tendenciosa de memórias sentimentais, num saudosismo fabricado que manipula as emoções reais das lembranças do passado para forjar a falsa genialidade dos ídolos comerciais do passado.

São as regras do negócio. Apenas isso. Mas que serão marcas apagadas pelo vento do tempo.

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