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"ANIMAIS CONSUMISTAS", COISAS APRENDENDO A SEREM BICHOS


No Brasil marcado pela positividade tóxica e pela pandemia do egoísmo, a espécie do "animal consumista" chama a atenção, pelo seu consumismo cego, pelo interesse em ganhar demais sem necessidade e em gastar o supérfluo e tudo o que seus instintos impulsivos mandarem.

Gente egoísta que não quer ajudar o próximo ou, quando tenta ajudar, mede a ajuda conforme o prestígio que pode conseguir com isso. Por exemplo, se alguém, em um condomínio, pede ajuda, implorando por uma "vaquinha" para pagar as dívidas pessoais que contraiu no contragosto das circunstâncias, o pessoal não ajuda, quando muito apelando para o bordão hipócrita de pedir para "orar para Deus que tudo resolve". 

Em outra ocasião, esse mesmo pessoal fez "vaquinha" para uma festa de Natal dos garis que pegam o lixo do referido condomínio, pretensamente com o intuito de "ajudar os necessitados", quando se sabe que a "generosa ação" só serve mesmo para lacrar as redes sociais e fazer com que os egoístas de plantão fiquem "bem na foto" no Instagram e no WhatsApp.

Mesmo os ex-pobres "fabricados" por premiações repentinas em loterias e promoções de produtos são contaminados por esse egoísmo, integrando a elite do bom atraso que, dissimulada, tenta ocultar a herança dos antepassados escravistas e golpistas com uma postura "gente como a gente", que é uma forma depreciativa de associar a simplicidade humana aos vícios.

O "animal consumista" é um fenômeno resultante da combinação de um desnecessário acúmulo de dinheiro e uma ausência crônica da mais básica consciência social. Com pessoas assim marcadas pela falta de discernimento, os "animais consumistas" têm os sentidos atrofiados, só mantendo intato o da visão.

Eles não sentem sabor, cheiro, apetite. Jogam comida fora sem cerimônia. Não veem preços dos produtos, só veem o prestígio das marcas nos rótulos, embalagens e logotipos nas referidas lojas. Consomem cerveja (em quantidades diluvianas) e açaí sem saber seus sabores, pois essas bebidas são consumidas meramente pela agregação social, como também são as músicas ouvidas, que nunca saem da mesmice do hit-parade.

Colecionam televisões em vários compartimentos de suas casas. Compram carrões só para irem daqui a ali, em poucos quarteirões. Só cultuam marcas, ídolos e fenômenos pelo prestígio momentâneo que significam, pois tudo é apenas "sucesso", "moda", "popularidade", onde o gado estiver, o "animal consumista" se junta à manada, mesmo que seja para todos caminharem para o precipício que certos "prazeres", como fumar um cigarro, representam.

Os "animais consumistas" não têm consciência. Parecem viver perseguindo ilusões, emoções baratas e prazeres fajutos. Vivem na felicidade tóxica das sensações, não têm desejos senão o de "aparecer para os outros", com a finalidade de serem elogiados em cada ocasião.

Até nas viagens os "animais consumistas" não fazem para conhecer "novos lugares". Até porque os "novos lugares" já são manjados: Cancun, Orlando, Bariloche, Nova York, Paris e Barcelona, entre outros. A ideia é só viajar para esses lugares para que os consumistas impulsivos estejam vinculados às paisagens badaladas, pois esses lugares não são visitados pela beleza dos lugares, mas pelo cartaz de seus principais pontos turísticos e pela festividade lúdica dos bares.

Só que vá esse pessoal jogar comida fora no exterior. Em Fort Lauderdale, nos EUA, onde meu pai realizou viagens na sua carreira militar, um colega de seu grupo, num restaurante, terminou a refeição deixando o resto de comida no prato. O garçom chamou o rapaz, ordenando que ele terminasse toda a refeição, e o cara teve que comer toda a comida.

Os "animais consumistas" nem chegam a ser animais aprendendo a serem gente. São coisas aprendendo a serem bichos. São pessoas desprovidas de qualquer tipo de sensibilidade humana, quando parecem "sensíveis" e "solidários", isso é apenas uma máscara, um artifício para obter vantagens sociais. Mas, fora isso, o que essas pessoas querem é ter muito dinheiro para consumir produtos e emoções baratas. Se acham "livres", mas na verdade são escravos de seus próprios instintos e impulsos.

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