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A OBSESSÃO DA ELITE DO BOM ATRASO EM DOMINAR O MUNDO



A sucessão de eventos de música estrangeira e a ênfase extrema ao entretenimento internacional, aliada à transformação do Brasil em um parque de diversões em forma de nação, combinando hedonismo frenético e consumismo pleno, dá sinal de quem realmente interessa ver o Brasil dominando o mundo, como um pretenso país desenvolvido.

A elite do bom atraso, comandada pelos herdeiros e descendentes das velhas aristocracias historicamente opressoras, envolvidas desde o extermínio de indígenas e a escravização dos negros até a defesa do golpe militar de 1964 e de sua etapa radical do AI-5, tenta se configurar como a “classe social mais legal do planeta”.

Ao perceberem o jeito “mão aberta” de Lula, os membros da velha burguesia mudaram de atitude, sem alterar seus princípios elitistas. Afinal, que maravilhoso é preservar a fortuna quase inteira para a diversão, enquanto se criam “coletivos culturais” para receber as verbas do Ministério da Cultura e, ainda por cima, tirar onda de pobrezinho nas redes sociais desmentindo as “gorjetas” recebidas. “Quem dera eu receber um dinheiro desses”, é o bordão lançado pela burguesia bronzeada nas redes sociais.

A burguesia de chinelos formou uma frente ampla social mais flexível do que o 1% da antiga elite do atraso de 2016. Agora são uns 30% de “pobres de novela” (emancipados pela chamada “sorte grande”), pequenos-burgueses, burgueses propriamente ditos e os famosos ricos, mais a multidão identitária que culturalmente infantiliza o nosso país.

É essa relativa multidão que luta para ter o protagonismo pleno, não só nacional como mundial. Não raro decidem morar ou viajar para o Primeiro Mundo, enquanto esperar que o Brasil entre de vez no clube dos desenvolvidos.

A histeria, que reflete sobretudo nas redes sociais, de ver o Brasil entrar “finalmente” no Primeiro Mundo, sobretudo por parte da parcela “mais legal” da polarização, o lulismo, reflete o perigoso cenário de ilusões que contamina muitas pessoas.

A obsessão de ver o Brasil no clube dos desenvolvidos, sem estar, de fato, desenvolvido, é uma loucura preocupante. Nosso país está tão culturalmente degradado que mesmo com alguma estabilidade econômica, não dá para fazê-lo desenvolvido, com toda a maquiagem que se possa fazer nesse sentido.

Nossa elites dirigentes, agora representadas por um empresariado “democrático” e por jovens executivos a financiar o entretenimento consumista da rapaziada, defendem a precarização da cultura e do trabalho e são herdeiras das velhas aristocracias da Casa Grande, colocando o consumismo acima da cidadania e da dignidade humana.

Permitir o consumo pleno, estimulando o entretenimento e o hedonismo dentro de condições formalmente democráticas não vai fazer que o Brasil se torne um país desenvolvido. Isso apenas vai trazer maior movimentação econômica, mas devemos admitir que vai favorecer a concentração de renda das elites sob a exploração do prazer e da recreação.

A burguesia de chinelos vive uma megalomania crônica, e a elite brasileira se acha a "predestinada", e se acha a "única sociedade mais legal do planeta", daí a obsessão em ver o Brasil no Primeiro Mundo, mas não para promover um país igualitário, mas um país onde os privilegiados enrustidos se ostentam no exterior, mostrando seu complexo de superioridade.

Em vez disso ocorrer, nosso país deveria sair do pedestal e combater de verdade as desigualdades, sem a preocupação de ganhar os holofotes mundiais. Se a vida brasileira se tornar respirável, sem essa paranoia de alcançar o Primeiro Mundo, já será bom para nós.

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