O que nós não aprendemos nos livros de História, por conta da interpretação distorcida dos fatos, a gente aprende nos noticiários mais recentes, desde que fora da narrativa da mídia hegemônica.
O fracasso do golpe de Juan Guaidó na Venezuela nos põe a pensar.
Nas manifestações de ontem, duas pessoas morreram nos confrontos.
Nicolas Maduro apareceu marchando com militares leais a ele, prometendo desarmar os manifestantes da oposição.
O governo Maduro traz uma reflexão para nós.
Havíamos aprendido, na historiografia oficial, que o governo de Solano Lopez no Paraguai era uma tirania.
Somos induzidos a pensar assim. Mas Solano Lopez fez um governo progressista, governava em favor de seu povo e pôs o Paraguai num caminho de desenvolvimento.
O fato de sermos brasileiros não significa que isso deva ser reprovado. Era um vizinho crescendo e poderíamos ser beneficiados com isso.
Mas aí houve a Guerra do Paraguai (1864-1870) com os países-clientes da Grã-Bretanha, então potência da época: Argentina, o nosso Brasil (cliente dos britânicos por intermédio de Portugal) e Uruguai (que atualmente possui governo progressista).
O fim da guerra desgastou a monarquia brasileira, inaugurou o coronelismo - quando delegados e proprietários de terras ganharam títulos de "coronéis da Guarda Nacional", em tempos de incipientes Forças Armadas - , dizimou inocentes e abriu uma crise violenta no nosso país.
A partir dela, um golpe foi dado pelos republicanos após a declaração da Lei Áurea que deixou os senhores de engenho e outros fazendeiros e empresários irritados com a Monarquia.
Esses fatos criaram impasses que até hoje resistem.
E Jair Bolsonaro, querendo "limpar" sua imagem através da pretensa bravura numa virtual guerra contra a Venezuela, virou o boneco de ventríloquo de Donald Trump, concordando com tudo que ele fala.
Trump está desnorteado porque seu pupilo Juan Guaidó, que ainda promete "pôr fim à usurpação do poder" de Nicolas Maduro - como se ele não tivesse o direito de governar apesar de reeleito pelo voto popular - , não conseguiu tirar o presidente venezuelano no poder.
Guaidó é relativamente muito jovem para ser um articulador político-militar para um golpe dessa envergadura. Mas até seu guru Leopoldo Lopez, opositor histórico do chavismo, teve que se refugiar na embaixada do Chile, diante do fracasso da "operação Liberdade".
Claro que tudo está imprevisível, a crise na Venezuela não foi resolvida, e os EUA podem atuar de maneira mais pesada e violenta no país sul-americano.
Colômbia e o Norte brasileiro, áreas vizinhas da Venezuela, também poderão servir de palco de guerra.
Pará, Amapá e Roraima poderão ser afetados pelo conflito bélico, se ele houver.
Nada pode ser previsto, mas o que se pode inferir é que, mesmo se os EUA e aliados (Colômbia e o Brasil bolsonarista) saírem vitoriosos, eles sofrerão algum desgaste.
Será mais uma vitória de Pirro? O tempo dirá.
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