Era bom demais para ser verdade, uma série de manifestações visando "transformar o Brasil".
Tinha seus focos de espontaneidade, mas no conjunto da obra foi um evento golpista, feito para desestabilizar o nosso país.
Eu acreditei que os movimentos fossem um despertar do povo brasileiro. Muita gente acreditou.
No entanto, era uma armação financiada pelo empresariado para desestabilizar o governo Dilma Rousseff e fragilizá-la politicamente, no esforço de derrubar o Partido dos Trabalhadores do Governo Federal.
Quando a Rede Globo encampou os protestos, veio o propósito do golpe.
Ele veio com um protesto estudantil contra aumentos das passagens, bem intencionado, mas simplório.
No Rio de Janeiro, por exemplo, os estudantes nunca protestaram contra a pintura padronizada, que foi derrubada, por ironia, pelo prefeito Marcelo Crivella, por uma sorte das circunstâncias.
Seu vice era o engenheiro urbano Fernando MacDowell, inicialmente também secretário de Transportes, falecido depois de largar a pasta.
Ele queria devolver as identidades visuais das empresas, evitando que os passageiros pegassem ônibus "às cegas", como ainda ocorre em várias cidades do Brasil.
Os movimentos estudantis não perceberam isso e pediam que a tarifa caísse de R$ 3,80 para R$ 3,40.
Mas na prática não se importavam em gastar R$ 6,80 por embarcar no ônibus errado, em momento de congestionamento que faz a baldeação do Bilhete Único perder o valor.
Descontando isso, vá lá que as manifestações tivessem sua pertinência e se ampliassem para outras causas.
Mas não para derrubar Dilma Rousseff em 2016, com o segundo mandato em curso.
A informação do golpismo da jornadas de 2013-2014 foi uma das que foram dadas pelo ex-presidente Lula dentro da prisão, em entrevista ao jornalista Kennedy Alencar.
Alencar não pôde divulgar a entrevista no canal Rede TV!, onde trabalha - como uma exceção dentro do reduto bolsonarista que se tornou a emissora - e jogou a entrevista para a BBC World News.
A entrevista foi divulgada no último fim de semana pela rede britânica.
Tudo isso resultou no pesadelo que temos, com Jair Bolsonaro querendo armar a população.
E isso quando o próprio Lula, na entrevista com Kennedy Alencar, veio com uma verdade: "O problema do Brasil se resolve com livro, com escola".
Ontem houve, pelo menos, dois assassinatos motivados pelo "decreto do faroeste".
Um, em Gardênia Azul, Zona Oeste do Rio de Janeiro e integrante dessa "nação miliciana" a que se tornou, infelizmente, Jacarepaguá, numa briga de trânsito.
O motorista Mário Carpintier foi morto por um motoqueiro que fugiu. As filhas reagiram transtornadas com o crime.
Outro foi em Santo André, no ABC paulista, quando um motorista dentro de um carro de luxo atirou a esmo contra um morador de rua.
O "decreto do faroeste" nem entrou em votação no Congresso e os sociopatas já começam a fazer "justiça com as próprias mãos".
E o pior é que a TV Bandeirantes lançou um editorial, lido no Jornal da Band, defendendo essa catastrófica proposta, sob a desculpa do "direito dos cidadãos andarem armados".
É terrível que uma rede que integrou a chamada "mídia boazinha", tratava o Jornalismo, exageradamente, como "salvação da pátria", adotar tamanha postura.
E diante do anúncio de que "um tsunami" atingirá o governo Jair Bolsonaro, seu filho mais articulador, Eduardo Bolsonaro, anunciou o "começo de uma guerra", a semana tende a ser ainda mais tensa.
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