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CORTES NA EDUCAÇÃO SANGRARAM GOVERNO JAIR BOLSONARO

ABRAÇO DE AFOGADO - COMPROMETIDOS COM CORTES NAS VERBAS PARA EDUCAÇÃO, JAIR BOLSONARO E SEU MINISTRO ABRAHAM WEINTRAUB AGRAVAM CRISE NO GOVERNO.

Mais um episódio do governo Jair Bolsonaro, que passará para a posteridade como o pior governo de toda a História da nossa República, põe o "mítico" presidente em situação vulnerável.

Ao substituir Ricardo Veléz Rodriguez por Abraham Weintraub no Ministério da Educação, Bolsonaro tentou dar a falsa impressão de o novo ministro seria "mais técnico".

Grande engano. Abraham é tão olavista quanto seu antecessor e seus cortes na Educação só agradam ao pragmatismo do idiota padrão das redes sociais, sobretudo o reacionário médio do Sul e Sudeste.

Nosso cenário educacional viveu vários pesadelos, num país em que Luciano Huck é garoto-propaganda de universidade privada e o falecido "médium de peruca" e seu mentor jesuíta do além paparicavam a Educação, mas condenavam o "tóxico do intelectualismo".

Tóxico do intelectualismo é um eufemismo que o suposto Espiritismo que se faz no Brasil usa para criminalizar o senso crítico.

Para esses religiosos "espiritualistas", a Escola deve servir somente para práticas instrumentais como leitura, escrita, trabalhos diversos e dogmas religiosos.

Um dos pesadelos da Educação foi o projeto da ditadura militar feito pelo então ministro da Educação do general Castello Branco, Flávio Suplicy de Lacerda, que através do acordo com a USAID, órgão do governo dos EUA, criou um plano educacional de arrepiar.

Universidades públicas seriam privatizadas, o ensino público seria pago, os programas letivos se limitariam à formação profissional e a UNE, declarada ilegal, seria substituída por uma entidade estudantil subordinada ao governo militar.

Foi em 1966. Isso causou uma profunda revolta dos estudantes, que entraram em confronto com policiais militares, com alguns mortos (não se fala de Edson Luís e José Guimarães, os mortos mais famosos de 1968) e vários feridos.

Foi um período intenso de três anos de revolta estudantil, que, infelizmente, só fizeram a ditadura ficar mais dura ainda.

Recentemente, Jair Bolsonaro foi para uma solenidade no Colégio Militar Pedro II, no Rio de Janeiro - onde fiz prova para o concurso do IPHAN, em 2009 - , na comemoração dos 130 anos da instituição.

O presidente estava acompanhado do vice, general Antônio Hamilton Mourão, do governador do Rio de Janeiro, Wilton Witzel e do prefeito da cidade do Rio de Janeiro, Marcello Crivella.

Bolsonaro foi aplaudido por alguns alunos, seus familiares, professores e todos aqueles que o acompanhavam no evento comemorativo.

Todavia, na frente da instituição, um grande protesto era realizado por alunos, familiares e professores do Colégio Pedro II, do Colégio de Aplicação da UFRJ, do Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet) e da Fundação Osório.

O protesto era contra o corte de verbas para a Educação, prevista para o patamar de quase 37% e que irá atingir do jardim de infância à pós-graduação.

Isso puxou uma série de protestos em vários cantos do Brasil, causando uma revolta nacional.

Mas a revolta não foi apenas nacional. Ela refletiu nas moções de repúdio que não só vieram de intelectuais brasileiros renomados, como também intelectuais e instituições estrangeiros.

Um manifesto de 11 mil assinaturas repudiou o plano de Weintraub de apertar demais o cinto (no pescoço, para enforcar) da Educação brasileira.

Entre os signatários, estão a filósofa e escritora americana Judith Butler, doutora em Yale e professora da Universidade Berkeley (California), os sociólogos Éric Fassin, professor de Ciências Políticas da Universidade Paris 8, e David Paternotte, da Universidade de Bruxelas.

"Pensar sobre o mundo e compreender nossas sociedades não deve ser privilégio dos mais ricos. Como acadêmicos dos mais diversos campos, estamos plenamente convencidos de que nossas sociedades, incluindo o Brasil, precisam de mais, e não menos educação", diz o manifesto.

O documento acrescenta que "a avaliação do conhecimento e de sua utilidade não pode ser conduzida de modo a conformar-se com as ideologias de quem está no poder".

A Educação é um processo de preparação do ser humano para a vida social, para a compreensão do mundo e para o desenvolvimento do saber em diversos de seus aspectos.

A Educação pública é uma garantia democrática e universal de seus atributos à população.

Ela deve ser gratuita e receber verbas públicas que deveriam ser grandes, para que atividades de ensino e pesquisa sejam desenvolvidas, muitas delas de grande utilidade pública para o Brasil.

É um meio que exige grandes recursos que não são despesas, mas investimentos, mas que eles possam ser públicos para que a função social da Educação seja priorizada.

A Educação particular se volta ao lucro, trata o saber como se fosse uma mercadoria e não deveria ter um tratamento prioritário, atuando de forma paralela sustentado por verbas privadas.

A ênfase com que o governo Jair Bolsonaro quer dar com a Educação privada, através dos cortes de verbas à Educação pública, causa muita e justa revolta dos brasileiros.

E como o governo Bolsonaro não parece ter a solidez e a organização do período militar, ele se fragiliza completamente.

A questão da Educação só faz piorar a situação de Jair Bolsonaro, nesses cinco meses de seu desastrado governo, cujo presidente, quando tenta fazer alguma coisa, só faz o pior.

E isso com o Brasil pagando mico para o resto do mundo.

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