Eduardo Cunha é um monstro moral.
Não sou eu nem qualquer outro quem escreve ou inventa, mas o próprio Eduardo Cunha que provou isso com sua conduta irresponsável na presidência da Câmara dos Deputados.
Prepotente, malicioso, traiçoeiro, Cunha tentou empurrar com a barriga acusações de que teria participado da corrupção da Petrobras ou ele e sua família terem contas particulares na Suíça, "encorpadas" com o dinheiro do contribuinte.
Portanto, não se trata de calúnia, até porque Cunha demonstrou agir com arrogância e desrespeito à sociedade brasileira.
Agora, depois que ele foi afastado da presidência da Câmara dos Deputados e tendo mandato de deputado federal suspenso, Cunha tentou dar uma derradeira lição da moral que não tem.
Quer processar o jornalista e deputado Jean Wyllys, baiano radicado no Rio de Janeiro, por "calúnia, injúria e difamação".
Wyllys havia escrito que se sentia "constrangido de participar dessa farsa sexista, dessa eleição indireta, conduzida por um ladrão, urgida por um traidor, conspirador, apoiada por torturadores, covardes, analfabetos políticos e vendidos".
O processo foi encaminhado para o STF e advinhem quem foi o relator.
Gilmar Mendes, hoje presidente do Tribunal Superior Eleitoral.
Um tucano de toga, que chamou os jornalistas de "cozinheiros".
E que se reuniu em um jantar particular com o presidente Michel Temer, para tratar de verbas para o TSE.
Gilmar, com seu jantar com Temer, atropelou a lei, porque, para pedir verbas para o TSE, Temer teria que realizar um despacho formal com o presidente do STF, Ricardo Lewandovski, num dia útil de semana.
Não iria tratar disso num jantar pessoal de sábado à noite.
Mas Gilmar joga sujo e Eduardo Cunha também. Se aproveitando das oportunidades, pedindo aos outros a moralidade que Cunha e Mendes não possuem.
Conheço o Jean Wyllys. Foi colega meu na Universidade Federal da Bahia.
Foi numa matéria de Informática aplicada ao Jornalismo.
No ano de 1993, no antigo prédio da Faculdade de Comunicação da UFBA, eu conversava bastante com Jean, sobretudo quando esperávamos a professora chegar.
Ele já mostrava a visão de mundo que lhe seria bastante útil no seu mandato parlamentar.
É, portanto, uma figura bastante coerente, como poucas no Poder Legislativo, e um dos poucos que votaram contra o impeachment de Dilma Rousseff, nadando contra a corrente dos 367 irresponsáveis.
E olha que ele não é exatamente um petista, mas um deputado do PSOL.
Mesmo fazendo oposição a Dilma, ele preferia ela no poder, dentro da legalidade democrática autêntica.
Que nada tem a ver com essa "legalidade democrática" de um governo temeroso como o de hoje.
Já Eduardo Cunha, na verdade, não deixou o poder.
Ele pode até ter perdido a chance de ser presidente da República em exercício, durante as viagens de Michel Temer.
Mas deixou uma grande herança, através de ideias para o projeto de governo e pessoas para a equipe governamental de Temer.
A "Ponte para o Futuro" mais parece um trabalho de DJ.
É uma mixagem das pautas-bombas do então presidente da Câmara Federal com o projeto de governo proposto por Aécio Neves na campanha em que este saiu derrotado por Dilma, em 2014.
O processo contra Wyllys mais parece uma bravata para promover o ego e a ganância de Cunha, que jura que vai voltar a presidir a referida casa legislativa.
E tem um cheiro de homofobia, de ojeriza aos movimentos sociais, levando em conta a opção sexual do deputado do PSOL.
Pois Cunha é evangélico, religioso das antigas, que propôs que família só pode ser reconhecida quando tem marido e mulher.
Se Cunha tivesse que processar realmente por calúnia, injúria e difamação, deveria também processar os jornalistas estrangeiros.
Eles o chamaram de "bandido", quando citaram a votação do tragicômico 17 de abril na Câmara.
E o Estadão implicou também com outro homossexual, Glenn Greenwald, um jornalista realmente comprometido com a informação e a investigação dos fatos.
Um editorial reacionário do Estadão pediu a saída de Greenwald do Brasil, não aguentando as informações que ele difunde no exterior, numa hipotética "desmoralização" do governo Temer.
O Estadão é um jornal tão retrógrado que parece nunca ter saído da República Velha.
E que, por sorte, não continuou se chamado Província de São Paulo, porque aí seria demais.
A verdade é que vivemos num gangsterismo político.
Isso é o que se viu na posse de Michel Temer.
Com Aécio Neves agitado e agindo como se fosse um animador de televisão.
Tipo o Luciano Huck, que parece ter ensinado dicção a Aécio (os dois falam parecido) e que foi visto fumando um "baseado" na festa de casamento de uma jovem socialite.
Cortesia de Zezé Perrella, o distribuidor da "merenda"? Não a merenda de Geraldo Alckmin, mas uma outra que a burguesia tanto consome.
Não, isso não é fofoca minha. O caso Huck é com a Fabíola Reipert (tem até vídeo reproduzido). O do Perrella está documentado no Diário do Centro do Mundo.
Em todo caso, o gangsterismo também não é invenção de "petistas" e "psolistas" tidos como "caluniadores".
O clima de chefões comemorando é notório, sobretudo na posse de Temer.
Sem falar de um arrogante Cunha, que anda como um brutamontes e respira como um dragão que cospe fogo pelo nariz.
Está tudo nas imagens.
Se Cunha tivesse que processar alguém, deveria processar o espelho do quarto ou do banheiro.
Pois é dele que se reflete a imagem íntima de Eduardo Cunha, mesmo invertida.
Aliás, invertida é a imagem que Cunha tentou fazer de si mesmo.
Um corrupto que queria se passar por paladino da legalidade.
Um parlamentar a acolher propostas retrógradas para o país e dizer que está olhando para o futuro.
Um parlamentar afastado do cargo mas que governa por trás de um presidente interino, através do legado que deixou para este.
Eduardo Cunha poderia portanto processar o espelho, pelo crime de expor a sua imagem.
Se bem que um espelho vale muito menos do que Cunha costuma arrecadar com seus esquemas de propina. E mal dariam para fazer render uma conta na Suíça.
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