O episódio da gravação de Romero Jucá negociando as manobras para barrar a Operação Lava-Jato caíram como uma bomba no governo de Michel Temer.
Fazem os protestos contra o fim do Ministério da Cultura parecerem um grande carnaval e o acampamento próximo à residência do presidente interino em São Paulo parecerem uma deliciosa serenata.
Isso porque a revelação dos bastidores do golpe político-jurídico-midiático foram feitas nas palavras do próprio Jucá, ministro do Planejamento que decidiu se licenciar do cargo.
Ele conversou com o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, discutindo os meios dos dois e políticos parceiros se livrarem das investigações do esquema de propinas da Petrobras.
Jucá entregou até mesmo a influência de Eduardo Cunha no governo Michel Temer.
Temer era definido como o "homem do Cunha".
E Jucá definiu Eduardo Cunha como "politicamente morto", prevendo o afastamento deste da presidência da Câmara dos Deputados e a suspensão do mandato de deputado federal.
O impeachment de Dilma Rousseff era descrito como a medida necessária para evitar que a Operação Lava-Jato chegasse aos políticos do PMDB e PSDB.
Jucá se sentia um dos ameaçados pelo procurador Rodrigo Janot.
Na gravação, Jucá e Machado falam que todo o PSDB está ameaçado, e o primeiro a cair poderá ser o Aécio Neves, senador mineiro que não mediu escrúpulos de aparecer na posse de Temer.
Os dois falam que se deve entrar em contato com Renan Calheiros, presidente do Senado, e o ex-titular da casa, o também ex-presidente da República, José Sarney (outro vice que assumiu mandato presidencial), mas em separado, para não despertar suspeitas.
Jucá também cita que "a imprensa, os caras (jornalistas)" querem tirar Dilma Rousseff do poder.
Há um forte indício de que Romero Jucá é um colaborador de Eduardo Cunha no Senado Federal.
E que Michel Temer implanta aos poucos as "pautas-bombas" de Eduardo Cunha.
A gravação deixou claro, também, que o processo de afastamento político de Dilma Rousseff foi um golpe.
E isso repercutiu de forma devastadora no Brasil.
A grande crise ainda pode se tornar insustentável se as pessoas perceberem que o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, fez pedaladas fiscais.
Pois foi esse o pretexto usado para expulsar Dilma da Presidência da República.
Meirelles queria adulterar os dados do déficit fiscal para forjar um rombo maior do que o da realidade, para forçar a aceitação do programa de arrocho salarial, corte de investimentos e privatizações do governo Temer.
Vão falar muito desse lado pedalador de Henrique Meirelles.
Mas por enquanto é Romero Jucá o personagem dessa tragédia temerosa.
Que já abala seriamente com as estruturas do governo Michel Temer, que buscava obter credibilidade do nada, já que ele nunca teve apoio popular e nunca seria elegível pelo voto dos brasileiros.
O curioso é que os dois escândalos, o de Jucá e o de Meirelles, não foram dados pelo PT ou por algum esquerdista pró-Dilma.
Foram informações divulgadas por jornais paulistas que apoiaram o golpe contra Dilma.
A Folha de São Paulo e O Estado de São Paulo sabem que golpismo midiático tem limites.
Sentem na carne o encalhe descontrolado de pilhas e pilhas de exemplares de Veja, outro periódico paulista, um estoque que empaca nas bancas até quando chegam as remessas da edição seguinte.
Daí que, eventualmente, Folha e Estadão têm que mostrar serviço.
Já basta os choros e risadas dos jornalistas da Globo News de acordo com as circunstâncias.
Uma Andreia Saddi, comadre de Aécio Neves, fazendo cara de choro quando sentiu que Dilma seria poupada no cargo, com a primeira tentativa de anulação do processo de impeachment.
Agora, mais uma vez todo mundo está tenso.
O governo Michel Temer nem tem duas semanas de vigência e enfrenta uma verdadeira agonia política, tendo que suportar um grave impasse político.
Temer foi recebido, quando visitou o Congresso Nacional, sob os gritos de "golpista".
É uma crise gravíssima, de grandes proporções, da qual dificilmente Temer poderá contornar.
Só se fizerem um outro jogo sujo e adotarem o método PMDB de lançar mentiras, usando alegações "técnicas" ou desculpas falsamente "favoráveis" ao interesse público.
Mas aí seria um processo de mentira. Por vias sinceras, o governo Temer tende a ficar insustentável, como alguém que está em coma irreversível, com difíceis chances de sobrevivência.
Portanto, o que temos não é um governo interino. Mas um cenário político em estado vegetativo, o que deixa o país acéfalo, não mais pela revolta oposicionista contra o PT, como no mês passado, mas pelos escândalos da antiga oposição que conquistou o poder.
E a Rede Globo também é responsabilizada por tentar incitar o povo a apoiar esse golpe político.
Acharam que iriam resolver a crise, mas criaram uma crise maior ainda.
Que Temer, Cunha, Jucá, Aécio, Meirelles e outros não conseguirão segurar.
Novos episódios virão. Isso se o próprio governo Temer não cair de tão podre a qualquer momento.
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