A "revolta dos umbigos" que surgiu nas mídias sociais achou que tinha o poder pleno nas mãos.
Lutaram para ter Michel Temer no lugar de Dilma Rousseff para realizar uma agenda mais conservadora para o Brasil.
Essa agenda é um misto do programa eleitoral derrotado de Aécio Neves em 2014 com as "pautas-bombas" do então presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha.
Primeiro, os "revoltados" na Internet se escondiam nas mídias sociais, se limitavam a trolar assuntos culturais ou coisa próxima e fingiam serem progressistas.
Depois, deixaram a máscara cair e iniciaram uma campanha para derrubar Dilma Rousseff.
Conseguiram o que fizeram, pois faziam parte de uma "frente ampla" às avessas, que clamavam por retrocessos políticos sob a desculpa do "combate à corrupção".
Estavam junto dos empresários em geral e, em parte, os que controlam a grande mídia.
Foram animadores juvenis de uma campanha que ludibriou a sociedade inteira, que passou a "não aguentar mais" ver o PT no poder, mesmo sob uma vitória eleitoral constitucionalmente legitimada.
Pronto, a "revolta dos umbigos" realizou o que queria, Dilma foi afastada do poder e Temer, mesmo interino, age como se fosse um presidente em mandato definitivo até 2018.
O que é a "revolta dos umbigos"?
É o que ocorre sobretudo nas mídias sociais: pessoas dotadas de pontos de vista aberrantes e retrógrados que se acham "donas da verdade" e cujas reações variam de argumentos pseudo-intelectuais e atos de trolagens.
No primeiro caso, fazem "ginástica mental" para tentar argumentar "racionalmente" ideias sem pé nem cabeça ou valores socialmente nocivos e obsoletos.
É o cérebro a serviço do umbigo.
No segundo caso, são comentários irônicos, gozadores ou ameaçadores, feitos para desqualificar quem discorda de algum ponto de vista "estabelecido" pelo chamado "senso comum" (leia-se aquele influenciado pela mídia, pelo mercado e outras formas de poder dominante).
É a estupidez querendo estar acima da lógica e da coerência.
Quando todos estavam felizes, com Michel Temer querendo fazer a marcha-a-ré da História, procurando, mesmo com adaptações de contexto, retornar aos tempos da República Velha, eis que o imprevisto aconteceu.
Um escândalo muito pior do que aquele atribuído supostamente ao Partido dos Trabalhadores.
Gravações revelando acordos espúrios entre políticos do PSDB, PMDB e outros associados, movimentos anti-PT e executivos e jornalistas da grande mídia.
Aécio Neves, José Serra, João Roberto Marinho (Organizações Globo), Movimento Brasil Livre, o próprio Michel Temer, todos de uma forma ou outra denunciados como conspiradores contra Dilma Rousseff.
Conspiradores em teor claramente golpista, negociando o impedimento político da presidenta para que as investigações da Operação Lava-Jato, ainda que tendenciosas, não avancem contra a ala "democrática" que nada tem a ver com o PT.
As denúncias estouraram como uma bomba. E repercutiram no exterior.
Junto a isso, gafes e mais gafes acumulam o caráter tragicômico do governo.
O estranho Alexandre Frota foi com o "revoltado" Marcello Reis sugerir para um Mendonça Filho pouco especializado em Educação um projeto educacional "livre de ideologias".
Leia-se "livre de ideologias" como um processo de trocar o ensino de cidadania pelo ensino de capitalismo.
O ensino de capitalismo é o ensino não do respeito ao outro, mas de vencer na vida puxando o tapete de outrem.
O "ensino livre de ideologias" é o ensino da pior das ideologias, o capitalismo.
Há também o caso do ministro das Relações Exteriores, José Serra, desconhecer a sigla de uma importante agência de segurança dos EUA, a National Security Agency.
Um "mico", em se tratando de alguém que, mesmo sem ser diplomata, queira se destacar no cargo com as ambições que conhecemos.
Isso num cargo que teve o habilidoso Celso Amorim como titular.
Em cerca de duas semanas de instaurado, o governo interino de Temer coleciona uma série de gafes que dariam um bom e instigante livro.
E, com a "bomba" das gravações de Sérgio Machado, os escândalos tendem a aumentar.
Drasticamente.
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