Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente da República, cancelou a palestra que iria fazer no Congresso Anual da Associação de Estudos Latino-Americanos (LASA), em Nova York, ontem à noite.
Um abaixo-assinado de 400 intelectuais, que anunciaram um protesto no evento, intimidaram FHC.
O sociólogo, ex-presidente e membro-fundador do PSDB iria participar de um debate sobre democracia na América Latina, no evento dos 50 anos da LASA.
Os 400 intelectuais sabem que FHC é um dos que estão na atual base de apoio do presidente interino, Michel Temer.
O pupilo e colega de FH, Aécio Neves, que perdeu as eleições em 2014 para Dilma Rousseff, é um dos mentores do projeto político do governo Temer.
No exterior o governo de Michel Temer é definido como golpe, já que o pessoal percebe seu processo nebuloso de instauração e a intenção do interino em mexer demais num governo do qual não é titular pleno.
Só a plutocracia brasileira é que define o governo como "constitucional".
Isso porque no exterior ninguém fica preso a estereótipos nem vira refém das próprias convicções pessoais.
O governo Temer está em crise e, no exterior, muitos conseguem compreender isso bem.
Já no Brasil, as pessoas fazem ficção e querem que esta seja mais real que a realidade.
Acham que o umbigo pensa melhor do que o cérebro, e o cérebro só pode pensar se está a serviço do umbigo.
E o umbiguismo de nossa mídia é que tenta dizer que os estrangeiros estão equivocados.
Só que eles conhecem o Brasil que a grande mídia quer esconder.
E por isso reagem com indignação e ceticismo a esse governo que está aí.
Eles acham que o Brasil ficou mais temeroso.
Eles olham fora da "bolha de plástico" onde muitos brasileiros se encontram.
E por isso enxergam a crise político-institucional que muitos, cegos pelo rancor anti-petista, se recusam a ver.
E isso justifica por que Fernando Henrique Cardoso teve que cancelar uma palestra.
Ele sabe que faria o papel de ridículo defendendo uma visão que só ele e seus pares acreditam.
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