Eu e meu irmão Marcelo deixamos Niterói porque, desde 2013, sentimos a decadência da cidade.
Lutamos para vir uma oportunidade, e abandonamos a cidade onde, na infância, fomos criados, pois nascemos em Florianópolis, Santa Catarina.
Achamos que Niterói estava vivendo uma decadência em níveis dantescos, que esse negócio de "IDH alto" é conversa para bois e boys dormirem, mas não achava que ia chegar ao ponto que chegou.
No dia que, de manhã, houve tentativa de linchamento de um suposto ladrão na altura da Rua Noronha Torrezão, próximo à Rua Vereador Duque Estrada, um crime pior ocorreu no Plaza Shopping.
Um jovem chamado Matheus dos Santos da Silva, 21 anos, que mais parecia um metaleiro estereotipado, matou a jovem alvo de suas paixonites cegas, Vitorya Melissa Mota, 22 anos, após uma discussão. Ele deu umas facadas na moça e só não fugiu para evitar ser baleado ou linchado.
Os dois eram colegas de Enfermagem no SENAC. Matheus sentia uma paixão não correspondida pela colega e não aceitava se reduzido a um "simples amigo".
Com muita frieza, ele se deixou ser detido e preso. No seu primeiro depoimento, se calou, o que é até um direito previsto em lei, mas mostra o quanto ele não quer tirar satisfações.
O crime ocorreu por volta de 13 horas, no último dia 02 de junho, na praça de alimentação do Plaza Shopping. À luz do dia, com movimento de pessoas, um assassinato cometido sem o menor escrúpulo.
Foi no segundo andar. Perto de uma escada rolante, numa fileira de cadeiras e mesas onde eu e Marcelo lanchávamos pão italiano com refresco comprados no Rei dos Sucos da Praça do Rink, a alguns metros do Plaza.
É horrível ver um crime cometido onde eu e Marcelo lanchávamos tempos antes, depois de ajudarmos nosso pai a pagar as contas do mês.
Ainda fizemos um último lanche este ano no local, pouco antes de nos mudarmos para São Paulo, onde moramos desde fevereiro.
Tive vontade de chorar. Naquele mesmo lugar, nós alegremente lanchávamos o pão italiano de frango, deliciando o seu sabor e seu recheio com queijo Catupiry.
Um crime foi cometido no mesmo local, numa época em que, agora, vivendo em São Paulo e temos outra rotina de vida.
O pior é que o criminoso era um loser que achava "injusto" não ter o amor correspondido pela vítima, que era uma linda moça.
Só que o loser bancou o valentão, esfaqueando a garota e causando pânico no local. O cara tinha pinta de headbanger mas jeito de machistão de sofrência breganeja, como os feminicidas do interior paulista, que não aguentam ver uma mulher viva e não tendo vínculo amoroso com cada um deles.
Eu e Marcelo levamos muito fora de mulheres, e nunca reagimos assim. Ficamos muito tristes mas nós nunca desejamos qualquer vingança contra elas. Paciência, elas devem ser felizes mesmo se suas escolhas nos desagradam. Que sejam elas felizes de qualquer maneira e boa sorte.
É por isso que deixamos de ser nerds, de ser losers, giques ou coisa parecida. Nós víamos como havia muita coisa errada nessa postura, nesse vitimismo social.
Que horda de machistas, periguetes, bregalhões, obscurantistas religiosos e outros "coitados" atraímos. E tantos valentões que hoje se acham os "nerds da toalha preta".
Já soube de universitário com pinta de nerd coitadinho cometendo feminicídio, com outra moça linda. Foi em Brasília, anos atrás, e ele foi preso.
Então chega de ser nerd, de ser loser, a gente já jogou a toalha e nenhum de nós dois quer saber de Guia do Mochileiro das Galáxias. Que se danem os "moxilêros das galachas" que não estou mais aqui para ser perdedor.
Os perdedores é que matam mulheres. Prefiro ser vencedor, e ver um "não" que uma mulher disser para mim como uma opinião pessoal dela, que deve ser absolutamente respeitada. É direito delas.
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