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CULTURALISMO, PRESTÍGIO CIENTÍFICO E SEUS AGENTES

"BAILE FUNK" - A "FINA FLOR" DO CULTURALISMO VIRA-LATA BRASILEIRO.

Não existe culturalismo sem cultura. Se oficialmente, "culturalismo" se limita a uma combinação de propaganda política, pedagogia e manipulação ideológica de corações e mentes menos preparados, é porque a própria elite do atraso que domina o Brasil, e que agora não quer ser conhecida por este nome, criou uma narrativa da qual se exime da responsabilidade dos problemas socioculturais brasileiros e, além disso, também não quer criar o ônus sociocultural e econômico assumindo certos problemas.

A campanha vitimista do "funk" é um exemplo do culturalismo vira-lata que não que ser assim reconhecido. Mas expressa uma narrativa dominante, mascarada por um misto de coitadismo com triunfalismo, misturando marketing e "papo-cabeça", de uma suposta "cultura popular" que se pretende autêntica, mas não passa de um truque publicitário para capitalizar a máquina comercial do "funk".

Todo fenômeno popularesco se comporta assim, e a narrativa dominante, de uma intelectualidade supostamente progressista, tida como "sem preconceitos", esconde preconceitos muito cruéis, que procurei enumerar no meu livro Esses Intelectuais Pertinentes.... Um povo pobre pretensamente "autêntico", com uma visão construída por uma elite intelectual de classe média e difundida pelo poder midiático e pelo mercado do entretenimento dominante.

Tudo tenta se impor como "genuíno", mas o que vemos, conforme eu acabei de ler no livro de Jessé Souza que estou lendo agora, A Guerra Contra o Brasil, de 2020 - e isso depois de eu ter lido o livro Escravidão III, de Laurentino Gomes - , é que esse discurso envolve aspectos de prestígio científico e prestígio social no processo de difusão de uma ideia abstrata, dentro do mecanismo de dominação culturalista das pessoas.

Jessé fala de três níveis da cadeia simbólica de difusão dessas ideias e dos modos de influência relacionados. São eles: os produtores de ideias abstratas, os operadores atuantes nos subsistemas funcionais da Política, do Direito e da Economia e os divulgadores e popularizadores.

Só para citar o "funk", principal elemento desse discurso ideológico dominante, podemos inserir os três níveis e seus respectivos agentes através da seguinte maneira:

1) Os produtores de ideias abstratas são os intelectuais envolvidos, a difundir, com seu disfarçado etnocentrismo, a narrativa populista da "cultura das periferias", uma "leitura" do povo pobre que se vale pelo prestígio científico desses intelectuais, que podem ser tanto acadêmicos, jornalistas, cineastas e outros agentes, como alguns famosos, que pelo carisma que possuem no chamado "meio intelectual", conseguem ter seu discurso legitimado no meio específico da sociedade "ilustrada" e "esclarecida";

2) Os operadores do processo, que oferecem subsídios para a difusão e a projeção desse discurso, principalmente através das verbas culturais dos governos do PT, e do suporte de instituições relacionadas a grupos identitários que apoiam tanto a narrativa intelectual como a perpetuação do mercado comercial e midiático do entretenimento brega-popularesco;

3) Os divulgadores e popularizadores, que podem não ser necessariamente os intelectuais pró-brega propriamente ditos, que atuam na pregação dentro dos meios intelectuais e de leitores mais cultos, mas de jornalistas comuns de veículos de imprensa de maior vendagem ou de propagandistas da mídia dos mais diversos, valendo até mesmo o Globo Esporte fazendo matérias combinando o sucesso de uma música de "funk" e a reação de uma torcida de um time quanto ao seu desempenho numa partida do dia anterior.

Trata-se de um culturalismo que tenta se passar por enrustido, um discurso "sem preconceitos" que tenta se impor como "espontâneo", "despretensioso" e até "realista". Quem observa bem as coisas, vê que isso não é verdade, pois essa narrativa, que glorifica a bregalização cultural e traz uma visão "paradisíaca" da pobreza brasileira, tem muito de cruelmente ideológica, é um culturalismo vira-lata que se recusa a assumir este nome, mas cuja prática mal consegue disfarçar uma visão ao mesmo tempo etnocêntrica e paternalista da elite de intelectuais atuante nos últimos 25 anos.

Esse discurso chega a se repetir, no caso do "funk", quando se nota sempre a mesma choradeira que alterna vitimismo e triunfalismo. Exemplo recente disso é quando o projeto Gorillaz, de Damon Albarn (da banda Blur, que curto bastante), cometeu o erro, talvez por influência de algum "peixe grande" do mercado, de incluir uma participação do funqueiro MC Bin Laden na música "Controllah".

'É o funk sendo conhecido no mundo inteiro", soltou MC Bin Laden, repetindo sempre a mesma ladainha chorosa dos funqueiros. Sempre aquele papo de "vítimas de preconceito" recebendo o dito "reconhecimento social", quando se vê que esse ritmo, caraterizado pela precarização sonora e musical, tenta se passar enganosamente como "vanguarda", quando não há lógica alguma para isso.

O cantor de "música provocativa brasileira", Rubel - que é a cara do ator Murilo Benício - , desta vez, ao querer "desencaretar" e fazer a música brasileira ficar "menos comportada", forçou a barra ao fazer aquele mesmo discurso choroso em torno do "funk":

"Se a gente tá pensando o que é MPB hoje, que a música popular brasileira, faz muito sentido que a gente dialogue com o funk, porque é o que tem de mais popular e talvez mais brasileiro hoje em dia".

O discurso sobre o "funk" é sempre um discurso repetido com insistência, com os mesmos apelos chorosos, as mesmas defesas polêmicas, discursos que parecem generosos, mas não são. Trata-se de uma visão etnocêntrica, mas também dotada de um ressentimento oculto de um meio artístico e intelectual que está cansado de ouvir a MPB que sempre ouviu, mas que não quer compartilhá-la com o povo pobre, este escravizado por gerações de ídolos brega-popularescos e sua precarização artístico-cultural.

O que vemos é o "funk", que simboliza uma falsa senzala idealizada pela Casa Grande, como o velho brega dos anos 1970 e tudo que vier de fenômeno "popular demais", sendo beneficiado por uma narrativa dominante que finge ser injustiçada. É a mesma classe média de Pinheiros, do Baixo Gávea, da Savassi, do Corredor da Vitória e do Jurerê Internacional que se acha "esclarecida" e, sob a desculpa de uma pretensa provocatividade, se apropria do antiquado e precário brega-popularesco que só é "novo" para quem nunca frequentou um subúrbio, uma roça ou regiões como o Norte e o Nordeste.

Esse pessoal é que move o culturalismo vira-lata, de maneira muito mal-disfarçada, mascarando o atraso com o verniz de "provocatividade", combinando o atraso cultural das classes pobres, vítimas de um sistema injusto e desigual, com o pretexto oportunista dos movimentos identitários que tratam a provocação como um fim em si mesmo.

E, embora o "funk", o brega, o tecnobrega, a pisadinha, o arrocha, a axé-music e outros estilos brega-popularescos que, em tempos atuais de não-raivismo, tentam ocupar o nicho deixado pelo desmoralizado "sertanejo" bolsonarista, com suposta subversão sociocultural, tudo isso não só representa o culturalismo vira-lata (ou viralatismo cultural, tanto faz), como nada tem de subversivo.

Afinal, o mercado midiático, empresarial e do entretenimento, controlado por grandes magnatas ou por poderosos clãs oligárquicos, de caráter regional, nacional ou multinacional, faturam fortunas com essa defesa dos fenômenos popularescos.

Até o "funk" tem que agradecer ao empresário Jorge Paulo Lemann pela sua popularidade. Ele é um dos agentes desse culturalismo cujo discurso dominante é produzido por intelectuais, operado por patrocinadores ou financiadores e apoiadores de todo tipo, e popularizado por divulgadores integrados ao poder midiático.

Esqueçam essas comparações do "funk" como uma suposta rebelião popular, pois a narrativa socializante sempre foi uma conversa feita para inglês ver, e sendo esse inglês alguém como o produtor Diplo, o recado está dado. Neste culturalismo vira-lata, quem se anima na festa brega-popularesca é uma classe média identitária e hedonista que pouco se importa com a precariedade cultural, desde que ela cumpra a função de chocar as pessoas pelo mau gosto explícito. É o culturalismo vira-lata, estúpido!

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