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ROBERTO REQUIÃO FOI ABANDONADO POR LULA

 ROBERTO REQUIÃO SE QUEIXA DE QUE LULA NÃO O CONVIDOU PARA O GOVERNO DE TRANSIÇÃO NEM PARA A POSSE DO PRESIDENTE.

Muitas estranhezas assombram o atual governo Lula. O governo nem decolou ainda e tudo o que foi feito, ou melhor, o que ainda não foi feito, repousa no âmbito das promessas, das propostas, dos meros comentários ou opiniões do presidente, que parece ainda estar em campanha eleitoral.

Lula não começou o governo com um programa de combate à fome, preferindo apenas desmontar o bolsonarismo e fazer viagens para o exterior. E isso com Lula visivelmente envelhecido - 78 aparentando vinte a mais - , doente e, desde a campanha presidencial, sobrecarregado em compromissos exaustivos e sem dar descanso sequer à garganta cancerígena. Num evento na Rua Augusta, Lula chegou a constranger dando pulinhos sem necessidade.

Lula está tão estranho que até sua fragilidade é dissimulada, mas isso tem até um motivo aceitável, o de não abrir caminho para o bolsonarismo. Lula está com a voz estranha, envelhece rapidamente a ponto de ter que aparecer menos vezes com sua esposa Rosângela da Silva, a Janja, para não soar contrastante. E, na festa do aniversário do PT, Lula, embora alegue que "vai demorar a morrer", apelou para que orassem por ele. Lula aparece mais vezes com a cara zangada, sugerindo viver com dores constantes.

Politicamente, o Lula esquerdista morreu definitivamente, e hoje o que vemos é apenas uma pálida sombra do que foi. O curioso é que o primeiro governo Lula ainda podia ser comparado até com o de João Goulart, descontando a sabotagem cultural da intelectualidade pró-brega emergida das profundezas do tucanato acadêmico. 

Mas hoje temos a sabotagem política, com o governo Lula mais parecendo a fase parlamentarista de Jango governada por Tancredo Neves - ancestral político de Geraldo Alckmin (o elo entre ambos é Mário Covas) - , mas com Jango fazendo o "discurso da Central" (quem lê História do Brasil sabe do que estou dizendo).

Lula só faz falar. Janeiro de 2023 foi um mês morto no seu governo. Lula só produziu fatos políticos, parece que governou para a imprensa. Viajou para lugares diferentes, não se sabe com que nível de sacrifício para suas limitações físicas, tudo para parecer que está fazendo coisas diferentes. Mas a prometida reconstrução do Brasil até agora não aconteceu, e Lula só lançou propostas e opiniões.

Quando muito, Lula anunciou a retomada de projetos de grife - Bolsa Família, Minha Casa, Minha Vida - e medidas paliativas como aumentos mixurucas do salário mínimo e uma redução chinfrim dos preços das carnes, num índice lamentável de apenas 2%, após 1,22% de fevereiro. Muito pouco para matar a fome dos brasileiros pobres.

Lula virou o ursinho de pelúcia da Faria Lima e mantém sua "rivalidade" com o "mercado" dentro do clima Marlene versus Emilinha Borba. Manteve formalmente a Petrobras como "empresa forte", mas ela vai fazer parcerias com a Shell. Sua retórica em "devolve a Eletrobras para o povo brasileiro" foi apenas conversa para boi dormir, e tudo indica que o trio de uma consoante só, PPP, Parceria Público-Privada, virá à tona também para o setor energético.

Obcecado pela frente ampla (demais) no projeto de "reconstruir a democracia", Lula abandonou seus maiores aliados para se aproximar a seus divergentes mais rígidos. A "esquerda do PT", que apela para o Incrível Exército de Brancaleone das hipotéticas "mobilizações populares", num contexto em que os "protestos populares" hoje mais parecem micaretas identitárias, foi abandonada por Lula. O deputado federal Rui Falcão está empenhado no governo Lula para tentar evitar que o presidente do Brasil "se perca demais no caminho".

Embora Lula tente disfarçar, tudo indica que as relações dele com a ex-presidenta Dilma Rousseff estão rompidas. Ela tenta também dissimular, para não trazer problemas, até porque o bolsonarismo é ainda uma forte ameaça de volta ao poder. Mas, nos bastidores, Dilma e Lula tiveram divergências profundas e tensas, pois Dilma não gostou da falta de critérios de Lula para a formação da tal "frente ampla pela democracia".

Lula já não é mais o candidato das classes trabalhadoras. Eu não canso de percorrer as ruas de subúrbios, em vários lugares que percorro. Os trabalhadores se sentem abandonados por Lula, se sentem traídos pelo petista, e o próprio Lula se comporta como o que o movimento sindical define como "pelego", aquele proletário que faz o jogo dos patrões. Eu admirei Lula até 2020, mas depois eu rompi por ver no Lula atual um repertório preocupante de muita falsidade política.

Ontem os noticiários mostraram mais um capítulo dessa triste trajetória de Lula, mais próximo de um neoliberal como Geraldo Alckmin, vice e um de seus ministros, e, agora, se aproximando também do direitista moderado Arthur Lira, criando condições para, no caso de Lula morrer em pleno mandato, Alckmin e Lira (que, como presidente da Câmara dos Deputados, é o terceiro da hierarquia presidencial) governarem nos moldes próximos do farialimer a que Lula se reduziu hoje.

O capítulo se refere à ingratidão de Lula com Roberto Requião, que nos tempos do governo Michel Temer foi um emedebista de alma petista, votando com os parlamentares do PT contra os retrocessos do temeroso governante. Requião trocou o MDB pelo PT e até parecia receber o apoio de Lula (mesmo este convertido ao modo Faria Lima da "frente ampla"), mas de repente o hoje presidente do Brasil se esqueceu do político paranaense que mais o apoiou na época em que esteve preso.

Sem ser convidado para o governo de transição - estranhamente comandado por Alckmin e não por Lula - , nem para a posse do presidente, Requião se queixou em entrevista ao UOL News:

"Eu não fui nem convidado para participar do grupo de transição, minha experiência poderia ter servido para pelo menos levantar aquele debate. Não fui nem convidado para a posse, tive que ir em Brasília e garimpar um convite com influencers. Esqueceram que Roberto Requião existia".

Requião também reclamou que Lula não estabeleceu um programa mínimo de governo, e isso a gente vê de maneira evidente. Afinal, os fatos mostram que Lula preferiu requentar antigas realizações políticas, repetindo iniciativas feitas em 2003, com muito poucas adaptações para o contexto atual.

Nota-se que o governo Lula está decepcionando em todos os aspectos. Só empolga a "boa" sociedade que nunca perdeu seus benefícios, mesmo sob as trevas de Temer e Bolsonaro. Também, não foram eles que ficaram na "fila do osso" nos açougues, não tiveram casas destruídas por temporais, não tiveram familiares mortos pela polícia fascista e racista, não contraíram dívidas para pagar.

A "boa" sociedade do Brasil-Instagram parece aquela nobreza que, dentro do castelo, vive tranquila, seja sob sol, chuva ou trovoadas e vendavais, sem ter um único problema em suas vidas. Pois é esse o pessoal que, desinformado das coisas, acha que Lula está "governando muito", porque confunde promessas, propostas, discursos e opiniões com ações e se deixa enganar pela movimentação política de Lula, a encher de notas nos noticiários políticos, mas que não reflete no mais necessário, que é a vida do povo pobre brasileiro, há muito abandonado e traído pelo petista.

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