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FAZENDAS DE ARROZ TAMBÉM SÃO DENUNCIADAS POR TRABALHO ESCRAVO


Fora das grandes capitais e das cidades situadas em áreas urbanas ou litorâneas, o interior brasileiro sempre esteve à margem da civilização, devido ao poder dos grandes proprietários de terras que mandavam e desmandavam nessas regiões. Por isso, a Lei Áurea nunca foi posta em prática em boa parte do Brasil, neste interior considerado "terra sem lei".

Pois bem, depois das denúncias de trabalho escravo nas vinícolas e abatedouros de Bento Gonçalves, Rio Grande do Sul, e nas fazendas de café em Manhumirim, Minas Gerais, mais um caso de resgate de trabalhadores em situação de escravidão ocorreu em Uruguaiana, também no Rio Grande do Sul.

56 trabalhadores foram resgatados pela Polícia Federal em propriedades rurais responsáveis pela plantação de arroz. E, mais uma vez, a situação é extremamente degradante, tanto que os funcionários da fiscalização ficaram bastante assustados com a situação em que se encontravam esses trabalhadores.

Eles faziam trabalho intermitente por R$ 100 por dia, mas tinham que pagar pela alimentação e pelas ferramentas de trabalho. Se um trabalhador adoecesse e faltasse ao trabalho, perderia o dinheiro de cada dia de ausência. Não havia equipamentos de segurança e usava-se facão doméstico, além de aplicar agrotóxicos sem o uso de roupas e máscaras de proteção.

O grupo foi recrutado por um empregador que atua na região da Fronteira Oeste, onde fica Uruguaiana. Dez dos trabalhadores resgatados são adolescentes, entre 14 e 17 anos. Um deles sofreu um acidente com um facão e ficou sem os movimentos de dois dedos de um pé. 

Os trabalhadores trabalharam sob sol escaldante, mas não havia fornecimento de água potável. Para chegar ao local do trabalho, eles tinham que andar por uma hora. Não havia dormitórios e os trabalhadores tinham que dormir sob um ônibus, único local que oferecia alguma sombra. Para dormir, os trabalhadores usavam espuma de travesseiro ou camisetas, improvisando travesseiro e colchão, e enfrentando ataques de formigas.

Sem local para guardar alimento, a comida que os trabalhadores levavam estragava rápido, obrigando os trabalhadores repartirem a parte da comida que ainda não se azedou, havendo risco de sofrer intoxicação alimentar, o que, aparentemente, não ocorreu. A comida também sofria a invasão de formigas que se misturavam aos alimentos.

Os trabalhadores vinham do próprio Rio Grande do Sul, de cidades como São Borja - conhecida por ser a terra natal de Getúlio Vargas, pioneiro nas leis trabalhistas - , Itaqui, Alegrete e a própria Uruguaiana. O empregador responsável pela contratação de mão-de-obra foi preso em flagrante, mas foi depois solto sob fiança.

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