Sabe-se que a crítica especializada ligada à MPB tinha seu elenco de nomes relacionados à breguice e às baixarias musicais dos anos 90.
Sullivan & Massadas, Só Para Contrariar, Chitãozinho & Xororó, Fábio Jr., Chiclete Com Banana, Leandro & Leonardo, Zezé di Camargo & Luciano, É O Tchan, MC Cidinho & MC Doca, Grupo Molejo, entre outros.
De repente, um lobby de intelectuais free lancer - a serviço dos barões da mídia mas fazendo proselitismo na mídia esquerdista - quer fazer um apelo antes inusitado.
O de transformar as breguices dos anos 90, a chamada geração neo-brega, em uma suposta "tábua de salvação" para a combalida e sofrida Música Popular Brasileira.
A desculpa é sempre a mesma: "combate ao preconceito".
Esquecem que o brega-popularesco, no seu todo - não só a música como o comportamento - , adota uma imagem do povo pobre já carregada de preconceito.
Faltou alguém com pelo menos um quarto da visibilidade de Luciano Huck para dizer isso e neutralizar o lobby de intelectuais "bacanas".
Sem esse contraponto, a música brega-popularesca, ou melhor, a Música de Cabresto Brasileira, se ampliou a níveis quase totalitários.
Hoje a MPB tem poucos espaços e está reduzida a uma música gastronômica, trilha sonora para couvert artístico, música para famílias ouvirem durante as refeições.
A MPB autêntica se reduziu a um revival interminável, e alvo de discriminação das rádios e dos preconceituosos intelectuais "sem preconceitos".
A MPB se afastou do grande público. Oportunistas do neo-brega dos anos 90, que ajudaram a criar essa barreira, agora posam de "salvadores" da MPB que quiseram destruir.
A preocupante reabilitação de Michael Sullivan, que quis destruir a MPB e agora usa ela como trampolim para se relançar na carreira, é um sintoma disso.
Da mesma forma a "MPB de mentirinha" dos "sertanejos" e "pagodeiros" do biênio 1990-1991, agora "levada a sério" com tributos "mais ambiciosos".
O grande problema é que, em que pese o mais correto profissionalismo, tais trabalhos nada acrescentarão à MPB tão castigada pela mesmice e pela falta de espaços aos verdadeiros criadores.
O que se verá nos discos de "sertanejos" e "pagodeiros" dos anos 90 é mais uma vez o chamado "disco de arranjador".
O arranjador faz tudo, os cantores botam a voz e toda uma cosmética é feita.
Mas isso é apenas uma interpretação comercial de repertório de MPB.
Os ídolos neo-bregas não viram grandes criadores de MPB por causa disso.
Eles continuam medíocres e musicalmente inexpressivos.
Quando gravam covers de MPB também ficam aquém às versões originais das canções que gravam.
O problema não é isso.
É a MPB depender daqueles que a destruíram e baniram das rádios para sua salvação.
Algo como as galinhas dependerem da raposa para salvar o galinheiro.
A música brasileira comercial já tem espaços demais.
Entregar a MPB aos neo-bregas dos anos 90 não é combater o preconceito, mas agravar o verdadeiro preconceito que existe.
Que é o de impedir que a MPB tenha seus próprios espaços.
A música brega-popularesca já tem espaços demais de divulgação e curtição.
A música brasileira de qualidade é que está perdendo espaços e se tornando mais música de maçonaria.
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