Ainda se vai analisar muito o desmonte da Música Popular Brasileira pela mídia venal.
Ela foi substituída pela música brega-popularesca, mais preocupada em lotar plateias do que em dar a mínima contribuição à nossa música.
Era uma forma de evitar a súbita reação dos emepebistas nos primeiros anos da ditadura militar, através de programas musicais da TV Record e TV Excelsior.
Vamos detalhar isso em outra oportunidade.
Daí que, quando veio o governo Lula, se infiltrou nos círculos esquerdistas uma intelectualidade treinada nos porões do PSDB para defender o tal do "popular demais".
No plano musical, veio a Música de Cabresto Brasileira, a música brega-popularesca cujo apelo ao grande público é empurrado pela grande mídia como que na "cultura do cabresto".
Tudo é despejado por rádios "populares" controladas por oligarquias regionais, que ganharam suas FMs de presente dos oligarcas José Sarney e Antônio Carlos Magalhães.
Isso se deu nos anos 90 e empastelou a MPB, escorraçada do grande público aos poucos.
Nem mesmo o cenário emepebista da Era Itamar, que se contrapôs aos neo-bregas da Era Collor, conseguiu neutralizar.
Até porque alguns emepebistas da época, como Zeca Baleiro e Adriana Calcanhoto, acabaram ficando complacentes com a breguice que veio com força total a partir da Era Collor.
Hoje alguns neo-bregas dos anos 90 tentam embarcar no saudosismo ou virar crooners de MPB, neste caso se valendo mais da embalagem do que do conteúdo.
É O Tchan e Grupo Molejo tentam embarcar no saudosismo dos anos 90. Chitãozinho & Xororó e Alexandre Pires, na parasitagem nos clássicos da MPB.
Há um conjunto fictício na novela Rock Story (?!) da Rede Globo, inspirado no É O Tchan: Rebola Embola.
Já Alexandre Pires irá se aventurar como crooner oficial de MPB.
Entre falsamente cult e pretensamente sofisticados, esses nomes em nada acrescentam no comercialismo que se tornou totalitário na música brasileira.
Isso não é bom.
Os brega-popularescos tinham seus espaços, dentro do comercialismo musical vigente, mas, arrivistas, queriam embarcar em reservas de mercado mais diferenciadas.
Daí que muitos neo-bregas tentam se passar por "alternativos" ou "sofisticados", se valendo de embalagens tendenciosamente armada.
No auge da intelectualidade "bacana" e suas pregações pró-brega, tinhamos coisas estúpidas como DJ misturar É O Tchan com Morrissey, camiseta do Molejo estilo "Ramones" e tributo "alternativo" ao Raça Negra.
Sem falar do livro da "bacanona" Mônica Neves Leme dizendo que o "pagodão" baiano pós-Tchan expressava uma "cena indie local".
Nos EUA, o comercialismo musical pode ter seus surtos de arrivismo, mas não com o descaramento que existe no Brasil.
Aqui os neo-bregas fazem primeiro discos ruins e se afirmam como reles mercadorias musicais.
Depois, só para permanecer no mercado, é que embarcam em supostas ondas "alternativas" ou em aventuras "emepebistas".
Fazem isso, gerando muito burburinho na mídia especializada.
Mas o resultado, como todo fogo de palha, remete à mesmice que sempre fizeram desde os anos 90.
O problema não é eles tentarem isso, o problema está na forma de encarar essa pretensão de parte da crítica musical.
Daí para transformar as rádios de MPB em depósito de lixo do que as FMs bregas tocavam há 25, 15 anos, é um pulo.
Será constrangedor.
Se eles quiserem permanecer no mercado, pelo menos assumam os limites de seu comercialismo.
Nem todos têm a autocrítica que um George Michael teve, musicalmente, deixando de ser ídolo teen para cantar pop adulto.
A MPB anda muito usurpada, deturpada, empastelada, com os verdadeiros artistas sem espaço para divulgar seus trabalhos.
Não serão os neo-bregas que irão salvar a MPB que eles mesmos quiseram destruir.
Que os neo-bregas brinquem até de "fazer MPB" com covers tendenciosos, vá lá.
Mas pelo menos assumam seu comercialismo, restrito a um tratamento couvert artístico de "MPB de mentirinha" para consumo durante as refeições das "boas famílias".
Deveriam assumir esse comercialismo até para não causar vergonha quando o resultado estiver muito aquém de qualquer promessa de renovação da MPB.
Comentários
Postar um comentário