A informação veio do amigo Marcos Niemeyer no Facebook: a pouca ou nenhuma divulgação dada à apresentação do músico Toninho Horta em Juiz de Fora, Minas Gerais.
Isso mostra que o tal "combate ao preconceito" que durante 12 anos foi difundido pela intelectualidade "bacana" deixou sua máscara cair.
Queriam que a gente "rompesse o preconceito" aceitando o lixo musical que domina as rádios "populares demais", mas controladas por ricas oligarquias empresariais.
Mas o preconceito verdadeiro caiu na MPB autêntica.
Toninho Horta, Turíbio Santos, Fátima Guedes, Edu Lobo, eles agora são as novas vítimas de preconceito.
Sem falar que, falecida há 50 anos, a cantora Sylvia Telles não conseguiu ter uma sucessora à altura.
Hoje temos discípulas de Clara Nunes, Elis Regina, Gal Costa, Nana Caymmi. Mas de Sylvia Telles, não.
E estamos falando de MPB autêntica, excluindo a sub-Jovem Guarda dos "carneirinhos" e o "Tropicalismo de resultados" dos "provocadores".
A música brasileira de fibra e vigor, que empolgava os jovens dos anos 1960 e 1970, hoje é hostilizada pelos atuais jovens.
Tudo bem que isso fosse apenas uma questão de geração, mas o problema é que os jovens de hoje querem ouvir coisa pior.
Querem o junk food da música brega-popularesca, que é mais "digestível".
Criou-se toda uma ladainha de "ruptura do preconceito" para legitimar o lixo cultural, pregada por ideólogos dotados do privilégio do poder intelectual e da visibilidade.
E iam na cara da imprensa de esquerda botar pontos de vista dignos da Rede Globo e Folha de São Paulo.
Não havia intelectual que fizesse contraponto. Tinha intelectual cultural de visão neoliberal que se achasse "o intelectual de esquerda do Brasil".
Isso fez expandir a precarização da música brasileira, o que fez a festa dos empresários do entretenimento que praticamente privatizaram a canção popular.
Hoje não temos mais aqueles grandes artistas das classes populares do passado.
Temos empresas que formatam as carreiras de ídolos comerciais de proveta, que integram atualmente as cenas de "sertanejo universitário", "forró eletrônico", "funk", axé-music e outros engodos.
E Toninho Horta não se insere no contexto da MPB que a mídia venal libera para o grande público.
Ele não é um serviçal de trilhas sonoras de novelas.
Não é um subserviente de viradas culturais, nem um artista de plantão para gravar disco com ídolos arrivistas de brega-popularesco, afeitos estes ao pedantismo das covers de MPB.
Até quando o Clube da Esquina consegue entrar em trilhas sonoras de novelas e até em covers pedantes de breganejos, Toninho Horta sempre fica de fora.
Ele não tem a ver com a burocracia dos eventos culturais, da indústria fonográfica, do espetáculo midiático. Toninho Horta é um músico que vê a música em primeiro lugar.
A MPB que não compactua com os bregas e com o esquemão comercial hoje existente, infelizmente, perde espaços.
A cultura musical parecia antever o governo Michel Temer.
A intelectualidade "bacana", com sua promessa "muito legal" de transformar o jabaculê de hoje no folclore de amanhã, promoveu o desmonte da MPB.
Tudo para evitar que se repetisse a própria cena da moderna MPB nos festivais de música de 1965-1968.
E que, em plena Era PT, se despejasse no grande público e até na classe média e nos universitários o engodo musical que fez sucesso no auge da ditadura militar e na Era Collor, e era claramente patrocinado pelo coronelismo midiático.
Agora que conseguiram o que fizeram, os intelectuais "bacanas" recuam de medo.
Às vezes a crise do governo Temer se torna aguda e a intelligentzia volta, fazendo falsas bajulações à mídia esquerdista, ao PT, aos movimentos sociais.
Até que apunhalam as esquerdas pelas costas e deixam a plutocracia retomar seus privilégios.
Enquanto isso, as elites se divertem com a música "popular demais" que promove de maneira caricatural as classes populares.
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