Uma tragédia complica ainda mais o cenário político já conturbado de nosso país.
Foi no início da tarde de hoje, quando um avião Beechcraft C90GT caiu no mar de Parati, no Sul Fluminense.
O avião é de propriedade do empresário Carlos Alberto Filgueiras, dono da rede de hotéis Emiliano, atuantes no eixo Rio-São Paulo.
Além de Filgueiras, estava no monomotor o ministro do Supremo Tribunal Federal, Teori Zavascki, sua fisioterapeuta e a mãe dela.
Todos, além do piloto do avião, morreram no desastre.
Teori, que faria 69 anos em agosto deste ano, iria homologar as 77 delações da Odebrecht, assim que se encerrasse o recesso do Legislativo.
Ele era relator da Operação Lava Jato e sua tarefa iria inaugurar a "delação do fim do mundo", com a divulgação de um documento de mais de 800 páginas sobre a corrupção política nacional.
As delações comprometeriam não apenas políticos do PT, mas sobretudo a chamada "nata" do governo Michel Temer. Até o próprio é citado, não menos que 43 vezes.
Não há como dizer se a tragédia teria sido mesmo um atentado.
Afinal, chovia forte no local.
Mas coincide demais com a tarefa que iria ser feita pelo ministro-relator, nomeado por Dilma Rousseff em 2012.
Diante de um fato desses, a situação só se complica nesse cenário político que mais parece um grande e interminável pesadelo.
É certo que Teori teve altos e baixos em sua atuação, como a demora que ele teve para punir o então deputado federal Eduardo Cunha.
Mas ele não parecia daquela turma ministros do STF, juízes e procuradores que desempenham um trabalho ideologizado. Era um magistrado de atuação regular e na maior parte correta e prudente.
Teori, a exemplo de Ricardo Lewandowski, apenas seguia os ventos do conservadorismo político, mas procurava respeitar as leis e apreciá-las quase sempre de forma técnica, ética e objetiva.
Como um fato recente, a tragédia ainda terá desdobramentos e avaliações diversos.
Já existe a pressão para que se arrume rapidamente um substituto de Teori na relatoria da Operação Lava Jato.
O que se sabe é que as investigações sobre a tragédia aérea serão demoradas.
Muita coisa ainda vai acontecer.
Com toda a certeza, a tragédia de Teori Zavascki é arrepiante, no sentido de ter sido um fato imprevisto, apesar de rumores de que ele e a família teriam recebido ameaças.
E mostra o quanto o cenário político, jurídico e midiático iniciado em maio de 2016 se comprovou como um momento muito sombrio da História do Brasil.
Comentários
Postar um comentário