Há um grande perigo nas redes sociais da Internet.
O perigo da catarse.
É um padrão de comportamento de gente ao mesmo tempo submissa, convencional, reacionária, deslumbrada etc.
Gente que parece viver 40 anos atrás.
Endeusa o hit-parade dos anos 1970 como se fosse coisa do outro mundo.
Se comportam de maneira tão convencional que agem como gado diante de modismos e decisões trazidas por "gente importante".
Adotam preconceitos sociais severos e extremamente cruéis.
Organizam ataques coletivos num horário combinado contra quem discordar de suas convicções.
São viciados em boates, e chamam a vida noturna de "balada".
Claro, a gíria da Jovem Pan, que lançou o programa "Na Balada" antes de impor - bem no espírito reaça da rede de rádios - a gíria "balada" como se fosse "a gíria do Terceiro Reich".
Daí o chilique quando eu critiquei, no Orkut, a gíria "balada" que, no espírito "use huck", se baseou em "baseado".
Sofri cyberbullying cerca de dez anos antes de virar um problema crônico no país.
Eu não sabia que havia um embrião do "Revoltados On Line" e "Movimento Brasil Livre" na comunidade Eu Odeio Acordar Cedo no Orkut.
Eram os midiotas, os reaças, os fascistas mirins, os "coxinhas". Se bem que eles não gostam da definição "coxinha", podem azucrinar com os internautas que lhes dar este apelido.
Da mesma forma que o apelido "playboy", que os fazia ficarem enfurecidos até a medula. Teve carinha que disse que "não era playboy" porque "tomava chimarrão". Pode?
São pessoas que quando acusadas de alguma atrocidade se limitam a dizer KKKKKKKK ou no eventual refrão "se eu sou isso o que você diz então f...".
Gente que se diz "tudo de bom", "da paz", "nota déiz (sic)" e "show de bola".
Gente que finge odiar o imperialismo e o FMI - mera formalidade juvenil - mas se esbalda de usar tênis Nike, carrões importados, lancham no McDonald's e não veem a hora da Petrobras ser esquartejada pelo capital estrangeiro que dizem "odiar".
Gente machista a cultuar mulheres-frutas mas chamar as mulheres dignas de "vagabundas".
Gente racista que só admite admirar negros quando eles se limitam a seus próprios estereótipos. Se faz "funk" ou algum pseudo-samba ou joga futebol, tudo bem. Se não, nada feito.
Esse pessoal reaça vive de catarse, de extravasar os sentimentos como se estivessem vomitando nas redes sociais.
É um pessoal perigoso, que tanto humilha de maneira descontrolada quem discorda deles quanto se ajoelha diante de pessoas que simbolizam "sucesso", "poder" e "dinheiro".
São pessoas modernas por fora e antiquadas por dentro.
Parecem universitários, punks, surfistas, hippies, rappers, ravers, falam palavrões, tentam parecer rebeldes o tempo inteiro.
Mas seu reacionarismo é capaz de deixar Olavo de Carvalho, o ídolo deles, de cabelo em pé.
"Nossa, os meus pupilos estão indo muito longe", diria o "astrólogo".
É essa juventude - em muitos casos, nem tão jovem assim, com gente no começo dos 40 anos - que será o futuro deste país?
Não. Eles são o passado, o resíduo da ditadura militar.
E vivem felizes na sua catarse que já os coloca para fora das redes sociais.
Já estão causando massacres nas ruas, linchamentos de vendedores ambulantes na praia de Ipanema ou no metrô de São Paulo.
Ou chacinas em Campinas.
Ou alguma outra violência a se realizar.
Eles são apenas o passado. Gente tomada de bolor, que precisa se acobertar de uma roupagem "moderna", de tão antiquados e medievais que são. Daí a defesa da gíria "balada".
Mas um dia sua diarreia moral se volta contra si mesmos.
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