A grande mídia tenta iludir os brasileiros.
As armadilhas tramadas pelo presidente Michel Temer, desde quando ele era ainda presidente interino, recebem propaganda generosa da mídia hegemônica patrocinada por ele.
Uma mídia irresponsável, realmente uma mídia de "opinião" e pouca informação.
Os noticiários andam mostrando as "mudanças" que, em tese, "justificam" a reforma da Previdência Social, a ocorrer este ano.
É uma das reformas propostas pela "ponte para o futuro", como se chama o Plano Temer para "combater a recessão".
No "pacote", está a aplicação do "teto" dos gastos públicos no orçamento deste ano.
Enquanto isso, esperam virar lei a reforma trabalhista, que prevê a terceirização para atividades-fim e o fim da intermediação da lei nas negociações entre patrões e empregados, e a reforma previdenciária.
Na reforma previdenciária, se prevê dois "novos" tipos de aposentadoria.
A por idade, agora prevista para 65 anos para homens e mulheres.
A por tempo de contribuição, prevista para 49 anos.
Na prática, os trabalhadores quase não viverão para ter aposentadoria.
E olha que, hoje em dia, o Brasil não faz mais idosos como antigamente.
A cada vez mais, vemos, nos noticiários, demonstrações de terrível imaturidade vinda de gente idosa ou perto de tal condição.
A ilusão de que rugas e cabelos brancos trazem sabedoria de brinde caiu.
Não que não houvessem idosos com muita capacidade de ensinar. Eles existem, mas viraram minoria.
O idoso hoje é o que mais precisa do antigo prazo de aposentadoria, 55 para mulheres e 60 para homens, ou, respectivamente, 25 e 30 anos de contribuição.
Isso porque, a partir dos 60 anos, as pessoas deveriam aprender mais a vida.
Recentemente foi extinto um seriado de TV chamado Garota Conhece o Mundo (Girl Meets World).
Era derivado (spin-off) de outro seriado, Garoto Conhece o Mundo (Boy Meets World).
São seriados infanto-juvenis, mas inspiram uma sugestão.
O de que idosos e idosas pudessem conhecer o mundo, também.
A geração nascida a partir de 1950, até por ter sido jovem durante a ditadura militar, não teve condições de aprender e conhecer o mundo nem desenvolver idealismo.
São tarefas que foram deixadas para depois.
Há um porão de relíquias juvenis sob as cabeças grisalhas ou brancas da turma pós-1950.
E de vez em quando vemos casos como o de Sônia Braga, mostrando inquietude diante do cenário político em que vivemos.
Ela, adotando uma atitude juvenil, aos 66 anos de idade, se aproxima mais da maturidade, palavra cujo conceito anda meio em crise.
É a juventude e a maneira de combinar idealismo, inquietação e prazer que levam à maturidade.
E isso é muito diferente do estilo "maduro" de Michel Temer.
Sisudo e, em tese, muito elegante e de visões objetivas e ações moderadas, Temer comete gafes que fariam um adolescente cair da cadeira de tanto rir.
Querendo ser "amadurecido", Temer comete molecagens.
A plutocracia política, jurídica e midiática é cheia de dirigentes e executivos com mais de 55 anos, teoricamente dotados de reputação técnica, moral e intelectual inabaláveis.
Gente grisalha, bem vestida, que se destaca em eventos chiques, faz palestras festejadas, tem uma postura aparentemente comedida.
Mas é gente que está cometendo as maiores molecagens, coisa de gente birrenta.
Espalhando mentiras na televisão, "porque sim", porque eles querem e acabou.
Daí os noticiários que falam que, só porque a expectativa de vida aumentou e existem cidades brasileiras que comprovam isso, se deva prorrogar o prazo para recebimento da aposentadoria.
Houve reportagens no Jornal da Band, além de uma série no Jornal Nacional.
As revistas venais também capricham na propaganda. Os jornalões também.
Só que o antigo padrão de aposentadoria, 25/30 de contribuição e 55/60 de tempo de serviço, poderiam servir para o idoso rever sua vida.
Seria bom para rever desejos, erros, neuroses, sonhos, inquietações, frustrações, realizações e avaliar e reinventar a vida.
Seria bom também para conhecer coisas novas e lidar com a modernidade.
Se a gente vê uma geração de empresários, médicos e economistas famosos, com 65 anos de idade, se achando ter vivência de 80 anos, mas com o coração batendo forte quando ouvem os primeiros acordes de "Tempo Perdido" da Legião Urbana, é sinal que nossos velhos precisam reaprender a vida.
Daí a aposentadoria aos 55 e 60, uma boa oportunidade de rever o mundo depois de tantos anos trabalhando.
A reforma previdenciária tirará o prazer e fará nossos idosos ficarem ainda mais exaustos.
E logo quando a própria plutocracia com mais de 60 anos de idade precisa aprender a vida, em vez de tomar medidas movidas pela teimosia infantil e pela inconsequência adolescente.
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