WILLIAM J. BURNS, CHEFE DA CIA.
Ontem, um dia considerado tenso para a CPI da Covid, o policial militar Luiz Paulo Dominguetti, tentando blindar Jair Bolsonaro, fez estranhas acusações contra os irmãos Luís Carlos e Luís Ricardo Miranda, ao reafirmar o suposto esquema de propinas do Ministério da Saúde.
Dominguetti, que também é empresário e representa a Davati Medical Supply, disse que as propinas teriam sido solicitadas pelo então diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias.
Tentando desmoralizar sobretudo o deputado Luís Carlos Miranda, Dominguetti divulgou uma gravação de um suposto diálogo.
O áudio sugere que Luís Miranda teria intermediado a compra de vacinas contra a Covid-19, mas isso não esclarece de que forma foi feita a negociação.
Luís Miranda, que divulgou, em seu depoimento, irregularidades na compra da vacina indiana Covaxin, desmentiu o propósito do suposto áudio, e disse que ele negociava luvas cirúrgicas e não vacinas.
O depoimento de Dominguetti teria sido uma forma de, sendo ele acusado de ser "testemunha plantada", abafar a crise aguda do governo Jair Bolsonaro.
Dominguetti foi usado para tentar sabotar a CPI da Covid e evitar que o esquema que teria envolvido a compra superfaturada da Covaxin (incluindo solicitação de material perto do vencimento, o que daria em fornecimento de vacina já fora do prazo) possa derrubar o presidente.
Esse depoimento criou um clima de tensão muito grande, causando apreensão sobre que tipo de reação Bolsonaro pode dar.
Em sua transmissão ao vivo de toda quinta-feira, Bolsonaro fez ameaças se não for instituído o voto impresso e se Lula for eleito presidente.
Bolsonaro afirma que entregará a faixa presidencial "a qualquer um que ganhar de forma limpa. Na fraude, não".
Mas quem imagina que o depoimento de Dominguetti e o discurso de Bolsonaro foram preocupantes, não viu coisa pior.
Foi a visita do chefe da CIA, William J. Burns, ao Brasil. Burns é o chefe do órgão designado pelo presidente Joe Biden.
Burns foi jantar com os ministros e generais Luiz Eduardo Ramos, da Segurança Institucional, e Augusto Heleno, da Casa Civil, e com o embaixador dos EUA no Brasil, Todd Chapman.
Aparentemente, é um "encontro de rotina", de acordo com o que o vice-presidente e também general Antônio Hamilton Mourão tentou argumentar, para afastar qualquer aflição.
O jantar, cujo local e cuja pauta não foram oficialmente divulgados, na verdade tem o Brasil no cardápio.
Afinal, os EUA estão muito preocupados com a ascensão meteórica de Lula como futuro presidenciável.
As pressões para a volta da centro-esquerda ao poder estão incomodando as elites do poder econômico, assim como o avanço das manifestações populares.
Nada se pode dizer a respeito do tema do encontro, mas William Burns não iria visitar o Brasil para tomar uma caipirinha ou pegar um Sol em Ipanema, ainda mais quando aqui é inverno e os EUA é que estão no período do verão.
Portanto, só sua visita já causa apreensão, ainda mais discutindo com ministros militares. Um golpe poderá estar a caminho.
E isso é um balde de água gelada - mais incômodo neste inverno - nas esquerdas que, dentro da bolha das redes sociais, acreditam que Lula voará em céu de brigadeiro.
Nada está garantido, é preciso muito ativismo popular e viver de memecracia não adiantará em coisa alguma.
Memes não assustam Bolsonaro, que até ri quando seus opositores ficam em coro dizendo que "são jacarés, avestruzes ou leites condensados".
Também não é o mundo cor-de-rosa das redes sociais, a pretensa "autosugestão" da alegria nas redes sociais, temperada a mensagens "positivas" aqui e ali, que irá resolver o problema.
A situação que o Brasil vive é extremamente grave. O momento é de apreensão, e não de fazer pose de lótus diante do pôr-do-sol e achar que é só ter esperança que tudo vai ficar bem.
Sonhar é bom, garante um sono tranquilo etc e tal. Mas existe um fenômeno chamado realidade.
E a visita do chefe da CIA ao Brasil é algo que faz arrepiar. Algo muito terrível pode estar vindo.
O pior é que não sabemos como isso vai dar. Mas fiquemos atentos.
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