Jair Bolsonaro está cada vez mais decadente e rejeitado pela população brasileira.
Mas ele não se sente derrotado nem assustado, mas tão somente irritado com a impopularidade.
Tomemos cautela com isso. As esquerdas não estão voltando necessariamente ao poder. Será preciso muita mobilização social, com o povo nas ruas pressionando para as instituições derrubarem o presidente e evitarem que ele possa reagir com um golpe.
Afinal, democracia, para Bolsonaro, é só um detalhe. Uma formalidade artificial, só para justificar seu projeto político macabro.
Duas amostras de que o golpe contra a democracia é possível foram dados ontem.
Uma amostra é que as Forças Armadas ameaçaram reagir se a CPI da Covid apontar corrupção nas casernas. As ameaças atingem o Congresso Nacional e, conforme a História nos mostra, pode vir na forma do fechamento do Poder Legislativo.
A outra amostra foi dada pelo próprio Bolsonaro, na transmissão ao vivo dada ontem, quando ele faz seus comentários sobre os últimos dias de seu governo.
Irritado com o favoritismo de Lula, o presidente ameaçou cancelar as eleições de 2022.
"Eleições no ano que vem serão limpas. Ou fazemos eleições limpas no Brasil ou não temos eleições", disse o presidente.
Segundo ele, as vitórias do PT são "fraudulentas", e a única "eleição limpa" que ele admite é aquela em que ele ganha, ou quando ele considera concorrer com um direitista moderado que não tivesse sob a sombra de um apoio condicionado das esquerdas.
É evidente que Bolsonaro prefere a tese em que "só ele ganha".
E Bolsonaro também não quer tirar satisfações. A CPI da Covid pediu, em carta, para o presidente negar ou admitir as denúncias feitas contra ele.
Arrogante, Bolsonaro se recusou a dar uma resposta, e, grosseiro, ainda disse: "Caguei para a CPI". A expressão viralizou nas redes sociais.
Estamos num momento de cautela. Não dá para ficarmos a vida toda brincando no parquinho das redes sociais.
A situação no Brasil não está boa. Socialmente vulnerável, culturalmente decadente, religiosamente viciado e sucumbindo à areia movediça da positividade tóxica.
Os dois episódios mostram que o golpe contra a democracia é um risco possível. Convém às instituições arrumarem remédios legais para impedir que esse golpe aconteça. Não dá para acreditarmos que tudo está funcionando bem, mas é preciso lutar para que tudo funcione melhor e mais forte.
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