MORDE E ASSOPRA - DJ ÍVIS AGREDIA DIARIAMENTE A ENTÃO ESPOSA PÂMELA HOLANDA E, DEPOIS DE PRESO, APELA PARA O VITIMISMO.
Diante de tantas agressões e violências cometidas por homens contra mulheres, incluindo um longo e preocupante histórico de feminicídios, ficamos perguntando: é necessário que todo homem tenha sempre uma mulher como namorada e esposa?
A resposta é NÃO.
Infelizmente, temos uma cultura na qual os homens pressionam um amigo para ter uma namorada, sob pena dele ser ridicularizado e chamado de "brocha", "bicha" ou coisa parecida.
Vivemos num machismo estrutural, um dos fatores que favorece a violência contra a mulher, assim como a cultura infeliz de que casais têm que se formar sem afinidade.
São dois fatores que, nas redes sociais, possuem defensores ardorosos.
Primeiro, a cultura machista de que todo homem, para ser bem sucedido, precisa sempre ter uma esposa ou namorada.
Segundo, a de que os casais não só não precisam ter afinidade como precisam NÃO ter afinidade.
No primeiro caso, há a falácia que, ao dizer que "mulher é a melhor coisa do mundo", a trata como um objeto precioso a ser obtido por um homem, ainda que seja um objeto "qualquer nota".
No segundo caso, há o romantismo religioso - é assustadora a influência da religião nas redes sociais, parece que estamos no século XII e não no século XXI - de que são as diferenças que permitem a "união" e a "superação" pelo amor.
Dizer é fácil. No Supremo Tribunal do Facebook, casais sem afinidade podem superar facilmente suas diferenças através da estabilidade conjugal.
Mas os "intelectuais de Zap-Zap" - o WhatsApp e o Instagram também são do Facebook - só falam em teoria, na prática a coisa fica muito mais diferente.
É lindo, para o midiota das redes sociais, casais sem afinidade se unirem na noitada, tendo como único ponto em comum frequentar a mesma boate, o mesmo bar ou restaurante.
Mas na prática isso é péssimo.
No Brasil solteirófobo, os supostos "incels" são tidos como terroristas que, na vida adulta, moram com os pais e, em vez de tomar cerveja, tomam achocolatado em pó.
A retórica solteirófoba, que enganou até as esquerdas, é tão ridícula que entra em contradição.
Afinal, o estereótipo do "solteiro involuntário", nesse imaginário, é o do rapaz que tem dificuldade intensa para arrumar namorada mas, de repente, é visto agredindo uma namorada que, pelo jeito, "surgiu do nada".
É o que dá fazer discurso preconceituoso contra quem é solteiro e quem não é solteiro.
Enquanto isso, a maioria esmagadora dos homens que cometem feminicídios ou, na hipótese menos trágica, meras agressões físicas ou psicológicas às mulheres, é de gente de boa pinta.
Me surpreende a aparência "simpática" de muitos feminicidas e agressores de mulheres. O DJ Ivis tem aquela aparência de nerd de comédias juvenis, parecia inofensivo. Mas ele espancava e chutava sua então esposa, Pâmela Holanda, no cotidiano conjugal.
Ele foi preso e perdeu atividades diversas, com o cancelamento de vários contratos profissionais.
É certo que tem a turma do passa-pano - num país em que se passa pano até para "médiuns" charlatães que usam a pretensa caridade como "carteirada" - , que colocou, sem creditar, uma música do DJ Ivis entre as mais tocadas na Internet.
E por que essa agressão, assim como outras agressões? E por que tantos feminicídios?
São pressões da sororidade masculina - da qual, sinceramente, não me sinto inclinado a seguir - que, ao mesmo tempo que forçam um homem a ter uma mulher, o protege quando ele comete um crime mortal contra ela, por conta de uma briguinha.
A violência ocorre porque, na maioria das vezes, a mulher não é aquela que o homem tanto sonhou ou, se for, ele se torna o proprietário dela, como se ela fosse um troféu.
Mas, em embos os casos, são as divergências que impulsionam a violência masculina. As mesmas divergências que só são "lindas" nas palavras arrumadinhas do internauta "sem preconceitos" das redes sociais.
Se os homens não fossem obrigados a ter mulheres, preferindo ser celibatários mesmo, muitas vidas femininas teriam sido poupadas.
Na prática, muitos homens vivem em casamentos meramente decorativos. Eles vivem longe das suas esposas, ocupados em seus negócios, vendo noticiários ou esportes na televisão ou ficando no bar tomando cerveja com os amigos... todos homens.
Talvez o moralismo religioso, que exige um "exército" de patriarcas, esteja por trás dessa cultura que força os homens a terem, cada um, uma mulher.
Deveria tirar deles essa obrigação. Até porque a maioria dos machistas gosta mesmo é de homem.
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