OS SAFÁRIS HUMANOS SÃO UMA CONSEQUÊNCIA DESAGRADÁVEL DO UFANISMO DAS FAVELAS.
As esquerdas não aprendem e dão a cara a tapa para as direitas que desde 2014 passaram a falar "a favor do povo pobre".
Enquanto as esquerdas acolhem a cultura popularesca, comercial e apoiada pelo coronelismo midiático, elas fazem o papel de ridículo na opinião pública.
Os popularescos fazem das esquerdas gato e sapato, porque o suposto apoio de uma parcela de pisadeiros, funqueiros, "pagodeiros românticos" e bregas veteranos não é gratuito, porque visa generosas verbas estatais dos governos esquerdistas.
Nos bastidores da música brega-popularesca - aquela que toca na maior parte das rádios de nosso país e predomina nas redes sociais - , seus "artistas" falam, até com certo esnobismo, que Lula é "mão aberta", que financia numa boa até uma armação de forró-brega com as verbas da Lei Rouanet.
As esquerdas pensam que tudo que cheire artificialmente a povo seja realmente povo.
No caso da cultura brega-popularesca, que transforma o povo em caricatura de si mesmo e é representada pela mediocridade musical, ela não é autenticamente popular.
Ela é um subproduto de um esquema empresarial do ramo do entretenimento que envolve o poder midiático e o poder de latifundiários ou similares.
Não é a "periferia" que produz música popularesca, mas s detentores do poder econômico e midiático que produzem arremedos de cultura popular que enganam as esquerdas direitinho.
Uma deputada de esquerda do Rio de Janeiro publicou um vídeo tendo no fundo o ridículo grupo Maderada do Arrocha, que apesar do nome remeter ao arrocha, é um grupo de "pisadinha".
Tudo porque era uma música contra Bolsonaro. Mas o som é pavoroso, a música é ruim e os vocais são uma piada. Mais parece jingle humorístico do que canção popular.
As esquerdas caem na pegadinha da idealização do povo pobre.
Perdidas no identitarismo e na glamourização da pobreza, as esquerdas se esquecem que o "povo pobre" do imaginário brega-popularesco é caricato e domesticado, pouco a ver com o verdadeiro povo pobre das lutas cotidianas.
As esquerdas não querem saber de avisos e preferem ficar nessa confusão.
Isso nos faz entender por que tantos nomes culturalmente relevantes se tornam reacionários. Da mesma forma que o identitarismo desenfreado faz com que tantos proletários migrem para a direita.
As esquerdas precisam parar de cortejar a música e outras modalidades culturais brega-popularescas, porque elas tratam o povo pobre de forma caricatural, por mais que seu discurso pareça "positivo" diante dos clichês da campanha do "combate ao preconceito" (Ver Esses Intelectuais Pertinentes...).
Elas não podem, por exemplo, exaltar as favelas e vê-las como instituições, mas assistir os favelados e lutar para que eles tenham moradias mais dignas.
As esquerdas foram ridicularizadas ao morder a isca do "ufanismo da favela" que só fez as favelas virarem "safáris humanos" e, convertidas em "paisagens de consumo", piorassem a situação dos mais pobres, com barracos encarecendo e antigos favelados virando sem-teto nas ruas das cidades.
Ver que as esquerdas progressistas perdem, na solidariedade ao povo trabalhador, para muito direitista moderado é chocante.
Está na hora de parar com esses "bailes de favela" que transformam a pobreza e o drama dos favelados em espetáculo e mercadoria, antes que as esquerdas se tornem novamente alvos de chacota da direita ilustrada.
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