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"MEU CORPO, MINHAS REGRAS"... MAS TATUAGEM NÃO É ENTE QUERIDO


Já escrevi sobre tatuagens e vale escrever de novo, diante dessa moda de ficar "rabiscando" o corpo.

O que se sabe é que ninguém vira vanguarda porque se enche de tatuagem.

Pelo contrário, são as pessoas mais banais, mais pró-sistema, mainstream, establishment, esquemão etc, que usam e abusam das tatuagens.

Em muitos casos, é falta de atitude na cabeça.

A pessoa bota uma figura, uma personalidade, porque não é capaz de memorizar na cabeça.

A pessoa tenta botar no corpo aquilo que ela tem dificuldades de ser pela mente, pela personalidade.

E eu comparei, noutro texto, a tatuagem a um carimbo de gado.

A tatuagem fica sendo mais convencional do que se imagina. A pessoa acaba ficando bovina, e, salvo exceções, sem um pingo de atitude.

Não vou falar de exceções, como pessoas que possuem tatuagens discretas, que tenham a sua validade. Isso é um outro assunto e essas pessoas são poupadas porque não sou tão intolerante assim.

O grande problema está nas pessoas que adoram "rabiscar" o corpo, mesmo, botar desenhos enormes, que dão um aspecto horrível para a pele.

As pessoas brancas, usando tais tatuagens, ficam parecendo "pálidas". Já pessoas bronzeadas mostram um aspecto de "sujo" e de "queimado".

Dito isso, muitas pessoas reagem, até com certa arrogância, dizendo "meu corpo, minhas regras".

A frase, em si, é admirável em outros contextos, mas no âmbito da tatuagem fica parecendo um "porque sim" do hedonismo corporal exagerado.

O que preocupa é que a tatuagem virou uma coisa tão banalizada, sobretudo nos noticiários policiais onde criminosos agora aparecem quase sempre supertatuados, que a coisa se torna cafona e antiquada.

Aliás, são as subcelebridades que mais enchem seus corpos de tatuagens, se lambuzando demais numa suposta "atitude diferente".

Sem falar que, nos EUA macartistas, muita gente se tatuava muito. É um paralelo com o "macartismo tropical" que o Brasil vive desde 2016.

Só que um dia a moda acaba e as pessoas vão ter que remover as tatuagens. Sem falar que, sendo muitos tatuados evangélicos, a atitude tem um quê de burrice, pois a Bíblia que eles cultuam tanto rejeita essa prática.

Eu já descrevi, num conto deste livro, o dia em que as pessoas correrão para remover suas tatuagens. E sinto pressentimento que isso se tornará real.

Sei que a questão da tatuagem envolve preconceitos. Mas o problema não é a existência de gente tatuada ou muito tatuada. O problema é que a maioria das pessoas é tatuada sem motivo, na obsessão de parecer diferente fazendo tudo igual.

Claro que tatuados merecem emprego, direitos sociais diversos e toda a consideração humana como toda pessoa.

Mas é preciso também um pouco de bom senso. Creio que a pessoa tenha que ter um senso de argumentação de um pós-PhD para manter as suas tatuagens no corpo.

Não se pode apelar para o "meu corpo, minhas regras" ou para o vitimismo do "preconceito" no caso das tatuagens saírem de moda no Brasil.

A bregalização usou esse papo de "combate ao preconceito", esse vitimismo da breguice musical fora de moda, e todo esse papo pró-brega só resultou na derrubada da mídia alternativa impressa e no fim da Lei Rouanet.

O que é preciso é que os tatuados parem para pensar e verifiquem se realmente necessitam ser tatuados.

Tatuagem não é ente querido. Ela pode ser removida, pois no calor dos primeiros momentos ela pode simbolizar uma ocasião de auto-afirmação, mas noutro pode perder completamente o significado.

Não se está aqui dizendo quem deve ou não manter as tatuagens. Se está dizendo para as pessoas pensarem a respeito disso e não ficarem na zona de conforto.

O hedonismo, quando exagerado, vira preguiça e zona de conforto. Já vi exemplos de homens e mulheres, antes esbeltos, ficando fora de forma depois dos 40 anos e, depois, morrendo prematuramente por infarto.

O hedonismo não pode ser levado ao extremo, pelo pretexto do "sou o que quero". Neste caso, a consciência acaba se transferindo do cérebro para o umbigo. E isso não é liberdade, sem falar que o hedonismo extremo mantém as pessoas na sua mediocridade.

Além disso, há coisas esquisitas como mulheres muito tatuadas que dizem não gostar de homens tatuados, dentro dessa falácia de "os opostos se atraem" que anda causando muito feminicídio por aí, por causa dessa "cultura" infeliz das "uniões sem afinidade".

Quando a moda da tatuagem passar, as pessoas devem pensar no outro lado, se não é hora de tomar coragem e encarar temporadas de sessões de remoção de tatuagens.

Esse é o preço de aderir a um modismo por impulso e desejo de ascensão social. E não vai dar para fazer coitadismo e se dizer "vítima de preconceito". Porque aí será uma questão de medo e não de convicção.

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