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PAULO HENRIQUE AMORIM SE FOI. A CONVERSA NÃO ESTÁ MAIS AFIADA

PAULO HENRIQUE AMORIM USAVA O HUMOR PARA FAZER CRÍTICAS POLÍTICAS.

Hoje é votação da Reforma da Previdência e uma das vozes críticas habituais se calou.

Na manhã de hoje, o jornalista Paulo Henrique Amorim sofreu um infarto fulminante, aos 77 anos de idade.

Foi um choque. Afinal, há poucos dias ouvia seus vídeos do Conversa Afiada.

Com seu corrosivo senso de humor, Amorim estava fazendo, ultimamente, suas análises sobre o escândalo da Vaza Jato e sobre os abusos de Jair Bolsonaro.

Um dos últimos vídeos de Amorim se referiu à vaia que Bolsonaro, Paulo Guedes e Sérgio Moro receberam na final da Copa América.

Amorim já havia sido posto na "geladeira" da Record TV porque esta, bolsonarista, não gostava de ter, como profissional destacado, um declarado oposicionista.

PHA, como era conhecido à maneira do FHC (de Fernando Henrique Cardoso) que o jornalista tanto criticava, era um veterano do Jornalismo.

Eu conheci, vendo televisão, a figura de Paulo Henrique Amorim quando ele era correspondente do Jornal Nacional, da Rede Globo.

Ele também era filho de Deolindo Amorim, um dos críticos da deturpação do Espiritismo no Brasil, religião que eu tenho o prazer de dizer que abandonei.

Afinal, Deolindo não fazia parte do fã-clube interno de certo "médium de peruca".

Deolindo era sério, do contrário do "adorado médium" que era reacionário de carteirinha, apoiou a ditadura militar e era blindado pela Rede Globo. Mas também apoiava fraudes de materialização, fazia literatura fake (uma delas vitimou Humberto de Campos) e blindou o pupilo João de Deus.

Paulo Henrique integrou a equipe de Realidade, que em 1971 também buscou desmitificar o "médium de peruca", que havia, num programa de TV, manifesto um anti-esquerdismo de fazer bolsomínions ficarem de queixo caído. PHA não fez a reportagem.

Se Deolindo criticava os desvios do Espiritismo de Allan Kardec, que no Brasil virou uma bagunça igrejista, Paulo Henrique criticava o que ele definiu como "Partido da Imprensa Golpista", o PIG.

REFORMA DA PREVIDÊNCIA FOI MATÉRIA PRINCIPAL DO ÚLTIMO CONVERSA AFIADA ANTES DA MORTE DE PAULO HENRIQUE AMORIM.

A Globo era duramente criticada por Paulo Henrique, principalmente o Jornal Nacional, pelas pautas reacionárias que este programa showrnalístico costuma trazer.

Paulo Henrique foi um dos primeiros da moderna mídia progressista, que em 2006 se destacava impulsionada pelo sucesso de Carta Capital e Caros Amigos (revista fundada por remanescentes da antiga Realidade).

PHA, que se definia como "ansioso blogueiro", era também membro-fundador do Centro de Estudos e Mídia Alternativa Barão de Itararé, dedicado a integrar veículos da mídia progressista.

Seu Conversa Afiada estava há bastante tempo no ar, e Paulo Henrique causava polêmica com seus comentários.

Ele sofreu vários processos judiciais, tendo saído vencedor em uns e derrotado em outros.

Em dois deles, PHA questionava o mito de "democracia racial" de um livro do diretor de Jornalismo da Globo, Ali Kamel, intitulado Não Somos Racistas. Kamel o processou por injúria e difamação e venceu a ação.

Heraldo Pereira, jornalista da Globo, processou PHA por injúria racial e também venceu. Heraldo foi chamado de "negro de alma branca".

Em uma palestra para universitários, Paulo Henrique aconselhou as pessoas a evitarem causar tanta polêmica. Ele sente na pele o que sofreu e não quer que outros sejam vítimas das mesmas ações.

Paulo Henrique também lançou, em 2015, um livro, O Quarto Poder - Uma Outra História, no qual descreve sua experiência profissional e também comenta os rumos da chamada "mídia golpista".

Hoje a noite haverá uma lacuna. Não haverá mais a Conversa Afiada sobre a vitória que se observa como certa para a Reforma da Previdência.

Nossa pipoca terá que ser usada para outros fins. A TV Afiada se calou e a conversa não está mais afiada.

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