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O MACHISMO PREOCUPANTE DE ROBINHO


Nunca fui fã de futebol, mas posso admitir, também, que também o futebol brasileiro, nos últimos 30 anos, praticamente morreu.

Virou mercadoria, produto midiático, peça de marketing. Esqueçam o futebol-arte. Ele morreu em algum momento dos anos 1980.

Até o fanatismo dos torcedores de futebol, principalmente no Rio de Janeiro, torna-se uma patética obsessão em repetir inutilmente o êxtase e o glamour do futebol de 1957-1966.

Os jogadores se tornam astros, ficam ricos e, salvo exceções (não poucas, mas com menor visibilidade na mídia grande), eles se tornam arrogantes e gananciosos, acumulando para si bens de luxo e supérfluos.

Não por acaso, vários jogadores se tornaram bolsonaristas, para desespero das esquerdas que tentam guevarizar os astros do esporte, dentro dos seus "brinquedos culturais" da centro-direita.

Num esporte em que o maior jogador, Pelé, é uma personalidade conservadora, as esquerdas tentam driblar a realidade para ter o craque Neymar - para mim, uma subcelebridade do esporte - no time dos progressistas. Em vão.


Em outros tempos, pelo menos nossos jogadores tinham mais dignidade e não se envolviam em escândalos, por mais conservadores que boa parte deles possa ser.


Hoje o caso do jogador Robinho, contratado novamente pelo Santos Futebol Clube, mesmo depois de ser acusado de agressão sexual, mostra o quanto os craques pós-1990 cometem excessos ao sucumbirem às tentações da fama e do dinheiro.


Tudo começou em janeiro de 2009, quando ele foi acusado de agressão sexual contra uma mulher numa casa noturna em Leeds, Grã-Bretanha. Na época, Robinho jogava no Manchester United.


Mas o pior escândalo do qual Robinho é acusado de participar é o estupro coletivo que teria ocorrido em uma boate de Milão, cujo time, homônimo à cidade italiana, tinha o jogador na sua equipe.


Foi em 2013 e Robinho estaria com outros cinco homens, que, segundo uma jovem albanesa então com 22 anos, a teriam estuprado durante a festa noturna na boate.


Robinho foi condenado, em primeira instância, em 2017, a nove anos de prisão, mas a sentença não foi cumprida porque, segundo a lei italiana, ela depende de conclusão do processo de apelação.


Há poucos dias, o Globo Esporte divulgou um áudio gravado pela polícia italiana a partir de um grampo telefônico no qual Robinho declarou que a menina "estava totalmente embriagada".


Para piorar as coisas, Robinho ainda deu uma entrevista ao jornal O Globo no qual não esclareceu as acusações e ainda falou que, "infelizmente, existe o movimento feminista", dizendo que "as mulheres não são nem mulheres".


Também houve um clima de "saia justa" entre Caio Ribeiro e Casagrande, o primeiro bolsonarista, o segundo, progressista, no Bem Amigos do SporTV.


Caio Ribeiro, em princípio, defendeu Robinho - embora ele tenha chamado a Globo, empresa dona do SporTV, de "Globolixo" - , mas, depois, voltou atrás e disse que o jogador "tem que pagar como qualquer outra pessoa".


Aliás, foi bem bolsonarista o comentário sobre a "Globolixo":


"A gente sabe como a TV Globo é. É uma emissora do demônio. Só ver as novelas e as programações. Vou meter uma camisa quando fizer um gol - Globo Lixo. Bolsonaro tem razão".


Isso aqueceu os ânimos do gado bolsomínion e pró-Robinho que foi vazar os números dos telefones dos jornalistas esportivos da Globo e disparar, contra estes, ameaças de morte.


Um caso desses envergonha, e nossos sistemas de valores produziram pessoas assim, da mesma forma que produziram um contexto político que permitiu a ascensão e a permanência de Jair Bolsonaro.


Bola fora para Robinho.

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