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SEGUNDO DEPOIMENTO DE LULA A SÉRGIO MORO PARECEU MAIS "TRANQUILO"


Lula compareceu ontem à tarde para depor ao juiz Sérgio Moro, em Curitiba, sobre a acusação de suposto esquema de corrupção com a empreiteira Odebrecht.

As expectativas do depoimento pareciam sombrias.

Diante de tanta pressão contra o ex-presidente, seus opositores estavam na torcida para ver se ele iria ser preso.

Era um dia em que houve alguns presos, ex-aliados do presidente como Wesley Batista, irmão e sócio de Joesley Batista na JBS, e Anthony Garotinho, radialista e ex-governador do Rio de Janeiro.

No mesmo dia, João Pedro Gebran Neto, relator da Operação Lava Jato na 8ª turma da TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª região), pediu pena maior para o também petista e ex-ministro-chefe do Gabinete Civil de Lula, José Dirceu.

Gebran alegou "soma de punições" para as acusações de corrupção passiva, organização criminosa e lavagem de dinheiro. Ele pede a volta de José Dirceu, hoje cumprindo prisão domiciliar, para a cadeia.

Não foi. Lula fez seu depoimento, respondeu todas as perguntas com sinceridade e firmeza.

Negou as acusações feitas pelo seu ex-ministro e ex-aliado dentro do PT, Antônio Palocci, de que estaria envolvido com propinas na Odebrecht.

Palocci foi definido por Lula como "frio e calculista".

Lula apenas admitiu encontros de executivos da empreiteira com ele e com Dilma, mas sem firmar esquema algum de propinas.

Lula afirmou que sofre campanha difamatória constantemente e que o Ministério Público, pelo qual o petista afirmou respeitar, está "refém" da grande imprensa.

O ex-presidente também disse que não sente raiva de Palocci, mas pena dele.

O depoimento não foi muito demorado, durando apenas duas horas, mas Lula foi contundente no final.

"Vou terminar fazendo uma pergunta para o senhor, doutor. Eu vou chegar em casa amanhã e eu vou almoçar com oito netos e uma bisneta de seis meses que posso olhar na cara dos meus filhos e dizer que eu vim a Curitiba para prestar depoimento a um juiz imparcial?", perguntou o ex-presidente.

O juiz Sérgio Moro disse que sim. Lula respondeu:

"Porque não foi o procedimento na outra ação", disse Lula, sobre o outro depoimento, relativo ao caso do triplex do Guarujá.

"Eu não vou discutir a outra ação, a minha convicção foi que o senhor é culpado", respondeu Moro.

Lula também repreendeu o juiz Moro por ele ter citado a expressão "denegrir". "O movimento negro não gosta", alertou o petista.

À espera do ex-presidente, na Praça Generoso Marques, no centro da capital paranaense, um tanto distante da sede da Polícia Federal onde Lula prestou depoimento, estavam pessoas solidárias a ele.

Os organizadores da manifestação dos movimentos de apoio a Lula estimaram em 7 mil pessoas o número aproximado de presentes.

"Não sou melhor do que ninguém, eu respeito a Justiça. A única coisa que eu peço é que quem está me acusando tenha a dignidade de, se não provar um real errado na minha conta, vá à mesma televisão onde me acusa pedir desculpas", disse Lula no discurso diante do povo.

Afirmando compromisso com a verdade, Lula, que também declarou no comício que respeita o MP, afirmou que prefere a morte do que mentir para o povo brasileiro.

Numa declaração de brava ironia diante das pressões retrógradas em andamento no país, Lula definiu como "seus maiores erros" as suas grandes realizações.

Entre elas, o fortalecimento da Petrobras, o acesso das populações pobres à universidade pública e o desenvolvimento de uma indústria naval competitiva.

Na ultraconservadora Curitiba, foi um momento em que Lula ganhou a solidariedade dos manifestantes que, de diversas partes do país, apareceram para saudá-lo.

Foi como se fosse um complemento da turnê que ele fez no Nordeste, uma manifestação tranquila e solidária.

Não se sabe, ainda, o que acontecerá depois, porque sabe-se que esse protagonismo de Lula é provisório, diante da pressão de seus opositores.

Ontem eles até se amansaram, porque precisam dar uma de "imparciais" e "democráticos" diante de um aparato de legalidade e investigação jurídica.

A coisa ainda está imprevisível, e nem parece que estamos a menos de quinze meses para as eleições de 2018.

Tudo ainda pode acontecer, e o dia de ontem ocorreu em clima de aparente tranquilidade nos dois lados.

Mas depois não se sabe que tensões poderão vir, diante do contexto atual em que o Brasil está praticamente desgovernado.

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