Pular para o conteúdo principal

A PREOCUPANTE MANIA DAS ESQUERDAS EM SE RENDER AO CULTURALISMO CONSERVADOR


Na semana passada, tivemos uma agenda da pesada, que deveria ser arrepiante para as forças progressistas.

Autonomia do Banco Central, agora um clube de banqueiros, que irão fazer e decidir o que querem no destino econômico dos brasileiros.

Divulgação de conversas de Sérgio Moro, Deltan Dallagnol e seus "caros", que incluiu até mesmo comemorações quando o ex-presidente Lula foi preso (prisão que só não durou porque seus algozes temiam que ele virasse um "mártir vivo").

Aumento do ritmo de mortes por Covid-19, que atingiu cerca de 1500 mortos na virada dos últimos dias 10 e 11 de fevereiro.

E ainda tem Jair Bolsonaro aprovando decreto que facilitará ao "cidadão de bem" - sobretudo o representado pela sigla CAC (Colecionadores de Armas, Atiradores e Caçadores Esportivos) - a compra e venda de armas.

São coisas de arrepiar.

Como lembrou o professor Luís Felipe Miguel, que havia voltado a consultar o Twitter, são tantos problemas dessa ordem e o "grosso da esquerda" ocupada a debater sobre as banalidades do Big Brother Brasil 21.

As esquerdas andam muito apegadas aos "brinquedos culturais" que o culturalismo conservador da centro-direita deu de presente para progressistas por demais emotivos e festivos brincarem.

Disse Luís Felipe, que havia criado um curso sobre golpe de 2016 nos tempos do governo Michel Temer: "Esta é, segundo os especialistas, uma das táticas da direita: criar polêmicas estéreis para consumir nossa energia".

E aí vemos o quanto os heróis dessas esquerdas festivas são não apenas os fenômenos de centro-direita, mas personalidades que chegam a ser surpreendentemente reacionárias.

Um exemplo está na comunidade de Sérgio Aleixo, um dos poucos samaritanos a criticar o Espiritismo de chiqueiro que, no Brasil, emporcalhou o legado de Allan Kardec, uma religião da qual tive o orgulho de largar em 2012, depois de 28 anos envolvido com esse pesadelo astral.

Vem uma internauta, que se dizia de esquerda, elogiando o tal "médium de peruca" porque "seu mérito é divulgar Kardec para os brasileiros" e que qualquer crítica contra esse religioso de Minas Gerais seria considerada, por ela, "bolsonarista".

Mesmo? A internauta cometeu vergonhosos erros.

Um é que o tal "médium", pioneiro na literatura fake no Brasil - ou alguém acharia que Humberto de Campos teria escrito aquelas barbaridades "mediúnicas" que em nada lembram seu estilo original? - , "teve o mérito de difundir a doutrina de Kardec".

Não difundiu. O "médium de peruca" (e, no fim da vida, de boné, ficando a cara do Eustáquio de Coragem O Cão Covarde, em versão live action), pelo contrário, deturpou o Espiritismo a ponto de rebaixá-lo a um Catolicismo medieval com botox e com concessões ao Ocultismo.

Há coisas do "bondoso médium" que envergonhariam Kardec de maneira muito grave.

Primeiro, é o uso de nomes ilustres para promover visões mistificadoras e creditar como "universais" as opiniões pessoais do "médium", que eram de um reacionarismo de fazer Jair Bolsonaro ficar babando.

Segundo, o próprio "culto à personalidade" dos "médiuns", a partir desse "maravilhoso exemplo", contraria a natureza original de um médium, que nos tempos de Kardec eram conhecidos apenas pelo sobrenome e não eram mais que interMEDIÁrios entre vivos e mortos.

Só no Brasil os "médiuns" têm nome e sobrenome, até com um outro nome ou sobrenome no meio, e se tornam de tal forma os centros das atenções que os mortos nem precisam mais falar: a imaginação fértil dos "médiuns" fala por eles.

Terceiro, a tal "profecia da data limite" que comove os imbecis que predominam nas redes sociais é TERRIVELMENTE CONTRÁRIA aos ensinamentos de Kardec.

Segundo ele, em seu O Livro dos Médiuns, determinar datas fixas para acontecimentos futuros é indício de mistificação, das piores, e expressa a influência de espíritos negativos e zombeteiros.

Ou seja, ficar prevendo futuro, mesmo sob os pretextos "mais bondosos", é sinal de futilidade e um meio de enganar as pessoas. Algo não muito diferente do que a psicologia do medo do Deep State dos EUA a partir do atentado de 11 de setembro.

O mais preocupante é que o tal "médium de peruca" era um reacionário escancarado e bem caraterístico. E imaginar que pessoas bem menos verossímeis no reacionarismo conseguem ser reconhecidas sem muita dificuldade como tais.

O "médium de peruca" defendeu a ditadura militar e o AI-5 abertamente, para milhões de espectadores, num programa da TV Tupi em 1971. Ele foi condecorado pela Escola Superior de Guerra, em 1972, dando indícios de que o "bom homem" teria feito valiosa contribuição à ditadura.

O "médium de peruca", além disso, nunca pediu a redemocratização do país, apoiou Fernando Collor em 1989 e manifestou profundo horror pela figura política de Lula. Pouco antes de morrer, recebeu Aécio Neves e, segundo muitos dizem, se encantou com a figura do tucano mineiro.

O que a senhora "kardecista de esquerda" não sabe é que o "bondoso médium" que transformou o Espiritismo num chiqueiro seria um apoiador radical de Jair Bolsonaro, só reprovando a causa armamentista.

A senhora também ignora que seu ídolo "médium", em sua obra doutrinária, era um entusiasta da precarização do trabalho. Eu já li ideias assim. Parecia que o "médium" que encerrou seus dias no Triângulo Mineiro teria criado a reforma trabalhista aprovada por Michel Temer!

Apesar disso, as esquerdas passam pano em gente assim, que não é menos farsante que o Maharishi que enganou os Beatles.

Se o "símbolo de paz e fraternidade" das esquerdas é um mistificador reaça - e o pior é que elas se apegam e se obsediam por uma figura dessas - , então a coisa está grave.

Mas também, são as mesmas esquerdas que levaram a sério o "bumbum tantã" de MC Fioti.

São as esquerdas domesticadas que juram atuarem contra Jair Bolsonaro, que no entanto é seu "malvado favorito".

Elas parecem mais interagir com ele, numa rivalidade artificial do tipo Emilinha Boba X Marlene, rivalidade boba de times, ainda que se proclamasse uma "oposição séria".

Se as esquerdas acabam se rendendo ao culturalismo conservador que vai muito além dos limites do patrimonialismo, da aristocracia e da hidrofobia jornalística, envolvendo até "médiuns" e funqueiros, então temos que ficar tão preocupados com Luís Felipe Miguel.

Afinal, são esquerdas tão tolas que basta bajular Lula e Nicolas Maduro e tudo o que vier de simbologia socialista para ser "de esquerda".

Acham que o esquerdismo é uma questão de emotividade e julgam que tudo que lhes parece agradável é "de esquerda", incluindo religiosos de direita que prometem a paz mundial, a supremacia global da nação brasileira e carregam crianças negras e pobres no seu colo.

É um esquerdismo tão tolo e piegas que chega ao nível de consoiderar, por exemplo, que Ipanema, no Rio de Janeiro, é de esquerda só porque é uma praia muito bonita.

São pessoas que nem sabem o que é o cotidiano do chão de fábrica nem mesmo o que é sair de um cultivo de uma plantação e ser fuzilado por um jagunço de um latifundiário poderoso.

É um esquerdismo de sofá, baseado em palavrinhas bonitinhas, um vermelho que mais parece açúcar colorizado do que um símbolo do verdadeiro socialismo que esses puxa-sacos do esquerdismo ignoram.

É claro que, depois de se horrorizarem, pelo menos em tese, com a hidrofobia orquestrada pelo "maestro" William Bonner no Jornal Nacional, se anestesiam com a "realidade" idealizada nas novelas das nove e no identitarismo festivo do Big Brother Brasil, enquanto este é transmitido.

E é a partir dessa "realidade", tanto da novela quanto do "riélite chou", as esquerdas de sofá retiram seus heróis. É desse imaginário de fantasia que as esquerdas retiram seus heróis: "médiuns", funqueiros, mulheres-frutas, esportistas milionários.

Acham que revolução socialista se dá puramente pelo hedonismo esquizofrênico que fica entre a libertinagem da maconha e o moralismo do Espiritismo de chiqueiro que se faz no Brasil.

Não conseguem se decidir entre uma coisa e outra, mesmo a "paz sem voz" espiritualista que pede aos sofredores extremos a evitarem até mesmo gemer de dor, em troca das "bênçãos divinas".

São esquerdistas fora de qualquer senso da realidade, tomadas de emotividade extrema que as deixa confusas, achando que o socialismo é um mundo de cor e fantasia.

Tudo o que lhes parece agradável é considerado "de esquerda", e eles chegam a ponto de ir contra Kardec ou mesmo contra Leonel Brizola, que recomendou que as esquerdas rejeitassem o que a Rede Globo apoiava.

"Médiuns" e funqueiros vieram de todo esse cenário imaginário da Rede Globo e são subprodutos de toda uma espetacularização da pobreza usada para enganar e anestesiar as forças progressistas.

Já existem outras pessoas alertando isso, mas são raras. Afinal, também existe gente passando pano, entre as esquerdas, no culturalismo conservador da Rede Globo.

As esquerdas que conheceram o mundo pela Rede Globo - e, em outros aspectos, pelo SBT, pela Folha de São Paulo ou pela Jovem Pan - dizem que atuam para combater Jair Bolsonaro.

Na prática, porém, agem em favor dele, como agiram em favor de Michel Temer, diante de um pouco convicto, muito lacrador mas ineficiente "Fora Temer".

Falam um "Fora Bolsonaro" que só fica nos trend topics do Twitter e nas lacrações do Facebook e WhatsApp. Mas não tem efeito prático algum.

Muito pelo contrário. As esquerdas acabam sendo as primeiras a contribuir, mesmo por acidente, para a permanência e o fortalecimento de Jair Bolsonaro.

Pelo menos a direita moderada tende a apoiar um candidato que, ainda que leve adiante os retrocessos lançados pelo golpe de 2016, retomaria a normalidade institucional da democracia formal.

Neste sentido, podemos ver que nossos direitistas amenos estão sendo bem realistas.

As esquerdas-lacração, que ficam entre os delírios da maconha e as fraudes das psicografakes, exaltando em um momento o "médium" e em outro o funqueiro, é que, com suas fantasias, vão acabar mesmo é reelegendo Jair Bolsonaro.

E talvez parte dos esquerdistas reeleja mesmo, se o espírito do "bondoso médium" intuir, pela subjugação, os nossos esquerdistas domesticados a apertar não o 13, mas o número que Jair representar na sua próxima campanha eleitoral.

Muita maconha, muita cerveja e muito misticismo talvez levem gente assim desprevenida a tamanho escorrego nas urnas, não é mesmo?

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

RELIGIÃO DO AMOR?

Vejam como são as coisas, para uma sociedade que acha que os males da religião se concentram no neopentecostalismo. Um crime ocorrido num “centro espírita” de São Luís, no Maranhão, mostra o quanto o rótulo de “kardecismo” esconde um lodo que faz da dita “religião do amor” um verdadeiro umbral. No “centro espírita” Yasmin, a neta da diretora da casa, juntamente com seu namorado, foram assaltar a instituição. Os tios da jovem reagiram e, no tiroteio, o jovem casal e um dos tios morreram. Houve outros casos ao longo dos últimos anos. Na Taquara, no Rio de Janeiro, um suposto “médium” do Lar Frei Luiz foi misteriosamente assassinado. O “médium” era conhecido por fraudes de materialização, se passando por um suposto médico usando fantasias árabes de Carnaval, mas esse incidente não tem relação com o crime, ocorrido há mais de dez anos. Tivemos também um suposto latrocínio que tirou a vida de um dirigente de um “centro espírita” do Barreto, em Niterói, Estado do Rio de Janeiro. Houve incênd...

LULA GLOBALIZOU A POLARIZAÇÃO

LULA SE CONSIDERA O "DONO" DA DEMOCRACIA. Não é segredo algum, aqui neste blogue, que o terceiro mandato de Lula está mais para propaganda do que para gestão. Um mandato medíocre, que tenta parecer grandioso por fora, através de simulacros que são factoides governamentais, como os tais “recordes históricos” que, de tão fáceis, imediatos e fantásticos demais para um país que estava em ruínas, soam ótimos demais para serem verdades. Lula só empolga a bolha de seus seguidores, o Clube de Assinantes VIP do Lulismo, que quer monopolizar as narrativas nas redes sociais. E fazendo da política externa seu palco e seu palanque, Lula aposta na democracia de um homem só e na soberania de si mesmo, para o delírio da burguesia ilustrada que se tornou a sua base de apoio. Só mesmo sendo um burguês enrustido, mesmo aquele que capricha no seu fingimento de "pobreza", para aplaudir diante de Lula bancando o "dono" da democracia. Lula participou da Assembleia Geral da ONU e...

LUÍS INÁCIO SUPERSTAR

Não podemos estragar a brincadeira. Imagine, nós, submetidos aos fatos concretos e respirando o ar nem sempre agradável da realidade, termos que desmascarar o mundo de faz-de-conta do lulismo. A burguesia ilustrada fingindo ser pobre e Lula pelego fingindo governar pelos miseráveis. Nas redes sociais, o que vale é a fantasia, o mundo paralelo, o reino encantado do agradável, que ganha status de “verdade” se obtém lacração na Internet e reconhecimento pela mídia patronal. Lula tornou-se o queridinho das esquerdas festivas, atualmente denominadas woke , e de uma burguesia flexível em busca de tudo que lhe pareça “legal”, daí o rótulo “tudo de bom”. Mas o petista é visto com desconfiança pelas classes populares que, descontando os “pobres de novela”, não se sentem beneficiadas por um governo que dá pouco aos pobres, sem tirar muito dos ricos. A aparente “alta popularidade” de Lula só empolga a “boa” sociedade que domina as narrativas nas redes sociais. Lula só garante apoio a quem já está...

BURGUESIA ILUSTRADA E SEU VIRALATISMO

ESSA É A "FELICIDADE" DA BURGUESIA ILUSTRADA. A burguesia ilustrada, que agora se faz de “progressista, democrática e de esquerda”, tenta esconder sua herança das velhas oligarquias das quais descendem. Acionam seus “isentões”, os negacionistas factuais, que atuam como valentões que brigam com os fatos. Precisam manter o faz-de-conta e se passar pela “mais moderna sociedade humana do planeta”, tendo agora o presidente Lula como fiador. A burguesia ilustrada vive sentimentos confusos. Está cheia de dinheiro, mas jura que é “pobre”, criando pretextos tão patéticos quanto pagar IPVA, fazer autoatendimento em certos postos de gasolina, se embriagar nas madrugadas e falar sempre de futebol. Isso fora os artifícios como falar português errado, quase sempre falando verbos no singular para os substantivos do plural. Ao mesmo tempo megalomaníaca e auto-depreciativa, a burguesia ilustrada criou o termo “gente como a gente” como uma forma caricata da simplicidade humana. É capaz de cele...

“COMBATE AO PRECONCEITO” TRAVOU A RENOVAÇÃO REAL DA MPB

O falecimento do cantor e compositor carioca Jards Macalé aos 82 anos, duas semanas após a de Lô Borges, mostra o quanto a MPB anda perdendo seus mestres um a um, sem que haja uma renovação artística que reúna talento e visibilidade. Macalé, que por sorte se apresentou em Belém, no Pará, no Festival Se Rasgum, em 2024. Jards foi escalado porque o convidado original, Tom Zé, não teve condições de tocar no evento. A apresentação de Macalé acabou sendo uma despedida, um dos últimos shows  do artista em sua vida. Belém é capital do Estado da Região Norte de domínio coronelista, fechado para a MPB - apesar da fama internacional dos mestres João Do ato e Billy Blanco - e impondo a música brega-popularesca, sobretudo forró-brega, breganejo e tecnobrega, como mercado único. A MPB que arrume um dueto com um ídolo popularesco de plantão para penetrar nesses locais. Jards, ao que tudo indica, não precisou de dueto com um popularesco de plantão, seja um piseiro ou um axezeiro, para tocar num f...

O ERRO QUE DENISE FRAGA COMETEU, NA BOA-FÉ

A atriz Denise Fraga, mesmo de maneira muito bem intencionada, cometeu um erro ao dar uma entrevista ao jornal O Estado de São Paulo para divulgar o filme Livros Restantes, dirigido por Márcia Paraíso, com estreia prevista para 11 de dezembro. Acreditando soar “moderna” e contemporânea, Denise, na melhor das intenções, cometeu um erro na boa-fé, por conta do uso de uma gíria. “As mulheres estão mais protagonistas das suas vidas. Antes esperavam que aos 60 você estivesse aposentando; hoje estamos indo para a balada com os filhos”. Denise acteditou que a gíria “balada” é uma expressão da geração Z, voltada a juventude contemporânea, o que é um sério equívoco sem saber, Denise cometeu um grave erro de citar uma gíria ligada ao uso de drogas alucinógenas por uma elite empresarial nos agitos noturnos dos anos 1990. A gíria “balada” virou o sinônimo do “vocabulário de poder” descrito pelo jornalista britânico Robert Fisk. Também simboliza a “novilíngua” do livro 1984, de George Orwell, no se...

A RELIGIÃO QUE COPIA NOMES DE SANTOS PARA ENGANAR FIÉIS

SÃO JOÃO DE DEUS E SÃO FRANCISCO XAVIER - Nomes "plagiados" por dois obscurantistas da fé neomedieval "espirita". Sendo na prática uma mera repaginação do velho Catolicismo medieval português que vigorou no Brasil durante boa parte do período colonial, o Espiritismo brasileiro apenas usa alguns clichês da Doutrina Espírita francesa como forma de dar uma fachada e um aparato pretensamente diferentes. Mas, se observar seu conteúdo, se verá que quase nada do pensamento de Allan Kardec foi aproveitado, sendo os verdadeiros postulados fundamentados na Teologia do Sofrimento da Idade Média. Tendo perdido fiéis a ponto de cair de 2,1% para 1,8% segundo o censo religioso de 2022 em relação ao anterior, de 2012, o "espiritismo à brasileira" tenta agora usar como cartada a dramaturgia, sejam novelas e filmes, numa clara concorrência às novelas e filmes "bíblicos" da Record TV e Igreja Universal. E aí vemos que nomes simples e aparentemente simpáticos, como...

“JORNALISMO DA OTAN” BLINDA CULTURALISMO POPULARESCO DO BRASIL

A bregalização e a precarização de outros valores socioculturais no Brasil estão sendo cobertos por um véu que impede que as investigações e questionamentos se tornem mais conhecidos. A ideologia do “Jornalismo da OTAN” e seu conceito de “culturalismo sem cultura”, no qual o termo “cultura” é um eufemismo para propaganda de manipulação política, faz com que, no Brasil, a mediocridade e a precarização cultural sejam vistas como um processo tão natural quanto o ar que respiramos e que, supostamente, reflete as vivências e sentimentos da população de cada região. A mídia de esquerda mordeu a isca e abriu caminho para o golpismo político de 2016, ao cair na falácia do “combate ao preconceito” da bregalização. A imprensa progressista quase faliu por adotar a mesma agenda cultural da mídia hegemônica, iludida com os sorrisos desavisados da plateia que, feito gado, era teleguiada pelo modismo popularesco da ocasião. A coisa ainda não se resolveu como um todo, apesar da mídia progressista ter ...

O BRASIL DOS SONHOS DA FARIA LIMA

Pouca gente percebe, mas há um poder paralelo do empresariado da Faria Lima, designado a moldar um sistema de valores a ser assimilado “de forma espontânea” por diversos públicos que, desavisados, tom esses valores provados como se fossem seus. Do “funk” (com seu pseudoativismo brega identitário) ao Espiritismo brasileiro (com o obscurantismo assistencialista dos “médiuns”), da 89 FM à supervalorização de Michael Jackson, do fanatismo gurmê do futebol e da cerveja, do apetite “original” pelas redes sociais, pelo uso da gíria “balada” e dos “dialetos” em portinglês (como “ dog ”, “ body ” e “ bike ”), tudo isso vem das mentes engenhosas das elites empresariais do Itaim Bibi, na Zona Sul paulistana, e de seis parceiros eventuais como o empresariado carnavalesco de Salvador e o coronelismo do Triângulo Mineiro, no caso da religião “espírita”. E temos a supervalorização de uma banda como Guns N'Roses, que não merece a reputação de "rock clássico" que recebe do público brasile...

INFANTILIZAÇÃO E ADULTIZAÇÃO

A sociedade brasileira vive uma situação estranha, sob todos os aspectos. Temos uma elite infantilizada, com pessoas de 18 a 25 anos mostrando um forte semblante infantil, diferente do que eu via há cerca de 45 anos, quando via pessoas de 22 anos que me pareciam “plenamente adultas”. É um cenário em que a infantilizada sociedade woke brasileira, que chega a definir os inócuos e tolos sucessos “Ilariê” e “Xibom Bom Bom” cono canções de protesto e define como “Bob Dylan da Central” o Odair José, na verdade o “Pat Boone dos Jardins”, apostar num idoso doente de 80 anos para conduzir o futuro do Brasil. A denúncia recente do influenciador e humorista Felca sobre a adultização de menores do ídolo do brega-funk Hytalo Santos, que foi preso enquanto planejava fugir do Brasil, é apenas uma pequena parte de um contexto muito complexo de um colapso etário muito grande. Isso inclui até mesmo uma geração de empresários e profissionais liberais que, cerca de duas décadas atrás, viraram os queridões...