Pular para o conteúdo principal

BAIXO ASTRAL NO "AEMÃO DE FM" DA DECADENTE TRANSAMÉRICA

NA TRANSAMÉRICA, O LOCUTOR PAULO MORSA CHAMOU O TÉCNICO ABEL FERREIRA DE "IDIOTA" E FOI DEMITIDO PELA GROSSERIA.

O futebol e a mídia esportiva andam decadentes. 

O fanatismo dos torcedores, o hedonismo machista e extravagante dos jogadores, o opinionismo bairrista e nem sempre equilibrado dos radialistas e a imprensa esportiva em geral lavando as mãos diante da histeria futebolista que causam, fazem do futebol num cenário de emoções tóxicas e tensas.

Com a decadência do "Aemão de FM", já que as FMs em nenhum momento repetiram o êxito que as emissoras AM tiveram nas transmissões e jornadas esportivas, cria-se um ambiente de muita tensão.

Tanto que a "gigantesca" audiência das FMs que transmitem futebol desde, pelo menos, os anos 1990, nunca passou de cascata, de aluguel de sintonia em estabelecimentos comerciais cujo número de fregueses sempre é "roubado" para mascarar o baixo Ibope desse tipo de programação.

Com FMs levando surra das TVs por assinatura, além do fato de que o rádio FM hoje praticamente morreu, reduzido a repetidor de web radios e canais do YouTube, surgem casos de comentaristas esportivos perdendo a cabeça e, depois, o emprego.

Depois do caso da Energia 97 - cujo prefixo já abrigou uma ótima rádio de rock no passado - , temos a Rádio Transamérica, cabeça de rede conhecida por uma audiência tão baixa que, se não fosse ter um banco como dono, ela já teria desaparecido do dial faz muito tempo.

Pois bem, dentro de uma jornada esportiva que quase ninguém ouve, o comentarista Paulo Morsa, no programa Papo de Craque, resolveu esculhambar, por puro ódio pessoal, o técnico português Abel Ferreira, contratado para treinar o time do Palmeiras, daqui de Sampa.

Além de chamar Abel de "desgraça", Morsa veio com esta:

"Ele é um idiota. Ele é um boçal. Ele não tem educação. Ele é arrogante, ele é prepotente, como ser humano. Não estou falando como técnico de futebol, que ele sabe fazer. Com time bom ou ruim, o esquema dele de retranca será sempre o mesmo".

A Rede Transamérica demitiu Morsa e emitiu nota dizendo que "não compartilha com as opiniões emitidas pelo comentarista, relacionadas ao técnico português Abel Ferreira".

A Transamérica de hoje mal consegue ser os restos mortais da emissora que havia sido nos anos 1980, inicialmente de pop adulto mais comportado. Atualmente, a Transamérica é apenas uma rádio de aluguel para DJs e dirigentes esportivos que sofre baixa audiência em todo o país.

Programas de debate esportivo são muitíssimo chatos, só servindo para a audiência de uns poucos fanáticos por futebol.

A gente fica procurando o dial FM em busca de alguma coisa decente, e chega-se a ter, em certos horários, oito ou mais emissoras transmitindo futebol.

Descontando isso, temos rádios noticiosas cuja tendência havia sido de apresentar, para cada um Ricardo Boechat, uma centena de Augusto Nunes, Eliane Cantanhedes e Guga Chacras.

Enquanto isso, o que sobra de opção? Rádio de MPB, quando tem, é uma, e praticamente só toca os mdealhões ou a geração mais recente da "MPB carneirinha" (Anavitória, Melim, Letrux, Vítor Kley, Tiago Iorc etc).

Rádios de rock? Quais? Aquelas "Jovem Pan com guitarras" que só no fim de noite apresentam algum programa mais decente e vibrante?

Rádios adultas? Aquelas rádios que apenas tocam o velho hit-parade romântico ou o pop comportado qualquer nota, valendo até Backstreet Boys cantando música lenta?

Por isso que o rádio FM despencou seriamente e quem puxa a decadência é a tal "religião da emoção" com que se vendem as transmissões e jornadas esportivas que o casamento entre jabaculê de FM e a corrupção dos "cartolas" empurra para a Frequência Modulada.

Daí o clima tóxico de programas que não decolam na audiência e precisam alugar sintonias em estabelecimentos comerciais para "ganharem audiência" no grito, na base da poluição sonora.

Tantas famílias iam para as papelarias, comprar material escolar para seus filhos, se irritando porque nesses ambientes algum vendedor estava ouvindo futebol pelo rádio, como se estivesse numa arquibancada no estádio.

Tantos trabalhadores perderam o sono porque o bar de sua vizinhança estava, no fim de noite, sintonizando aos berros a transmissão esportiva com um locutor nervoso, histérico e falando rápido estourando os ouvidos de quem precisa dormir para trabalhar no dia seguinte.

Isso é jabaculê, com estabelecimentos comerciais sintonizando o "AeMão de FM" visando o abatimento dos custos por propaganda de rádio, como em papelarias e lojas diversas em shoppings, ou visando o pagamento de contas de luz e fornecimento de bebidas, no caso dos bares.

E como os bares vivem da inadimplência de muitos ébrios sem dinheiro para pagar a rodada de pinga, acabam vendo o "jabaculê amigo" dessas rádios FM uma forma de garantir uma boa renda, ainda que sob o preço de incomodar a vizinhança.

Tudo isso mostra o quanto o futebol, hoje em dia, é um mercado tóxico que se alimenta da sombra do que a cultura futebolística havia sido, entre 1958 e 1987.

Hoje não temos futebol arte, hoje temos o futebol-mercadoria, com times-empresas que recebem propostas de empresários estrangeiros, em certos casos.

Os "meninos alegres" que se tornam craques hoje se esbaldam em festas com bebedeira e som popularesco e, em alguns casos, o sucesso sobe à cabeça e alguns jogadores se envolvem até com abusos sexuais.

Comentaristas esportivos que praticamente falam para as paredes acham que podem chamar a atenção fazendo comentários agressivos, dentro da arena de opinionismo que são os "debatebolas", e acabam se dando mal.

Realmente, o futebol vive seu pior momento, em todos os sentidos. Na prática, o futebol brasileiro está morto e parece um zumbi querendo assombrar as multidões.

Saudades do tempo em que FM tocava quase sempre música. Existem momentos em que boca fechada não entra mosca. Nem Morsa.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

PESQUISISMO E RELATORISMO

As mais recentes queixas a respeito do governo Lula ficam por conta do “pesquisismo”, a mania de fazer avaliações precipitadas do atual mandato do presidente brasileiro, toda quinzena, por vários institutos amigos do petista. O pesquisismo são avaliações constantes, frequentes e que servem mais de propaganda do governo do que de diagnóstico. Pesquisas de avaliação a todo momento, em muitos casos antecipando prematuramente a reeleição de Lula, com projeções de concorrentes aqui e ali, indo de Michelle Bolsonaro a Ciro Gomes. Somente de um mês para cá, as supostas pesquisas de opinião apontavam queda de popularidade de Lula, e isso se deu porque os próprios institutos foram criticados por serem “chapa branca” e deles se foi cobrada alguma objetividade na abordagem, mesmo diante de métodos e processos de pesquisa bastante duvidosos. Mas temos também outro vício do governo Lula, que ninguém fala: o “relatorismo”. Chama-se de relatorismo essa mania de divulgar relatórios fantásticos sobre s...

BRASIL PASSOU POR SEIS DÉCADAS DE RETROCESSOS SOCIOCULTURAIS

ANTES RECONHECIDA COMO SÉRIO PROBLEMA HABITACIONAL, A FAVELA (NA FOTO, A ROCINHA NO RIO DE JANEIRO) TORNOU-SE OBJETO DA GLAMOURIZAÇÃO DA POBREZA FEITA PELAS ELITES INTELECTUAIS BRASILEIRAS. A ideia, desagradável para muitos, de que o Brasil não tem condições para se tornar um país desenvolvido está na deterioração sociocultural que atingiu o Brasil a partir de 1964. O próprio fato de muitos brasileiros se sentirem mal acostumados com essa deterioração de valores não significa que possamos entrar no clube de países prósperos diante dessa resignação compartilhada por milhares de pessoas. Não existe essa tese de o Brasil primeiro chegar ao Primeiro Mundo e depois “arrumar a casa”, como também se tornou inútil gourmetizar a decadência cultural sob a desculpa de “combater o preconceito”. Botar a sujeira debaixo do tapete não limpa o ambiente. Nosso país discrimina o senso crítico, abrindo caminho para os “novos normais” que acumulamos, precarizando nosso cotidiano na medida em que nos resig...

“ROCK PADRÃO 89 FM” PERMITE CULTUAR BANDAS FICTÍCIAS COMO O VELVET SUNDOWN

Antes de irmos a este texto, um aviso. Esqueçamos os Archies e os Monkees, bandas de proveta que, no fundo, eram muito boas. Principalmente os Monkees, dos quais resta vivo o baterista e cantor Micky Dolenz, também dublador de desenhos animados da Hanna-Barbera (também função original de Mark Hamill, antes da saga Guerra nas Estrelas).  Essa parcela do suposto “rock de mentira” até que é admirável, despretensiosa e suas músicas são muito legais e bem feitas. E esqueçamos também o eclético grupo Gorillaz, influenciado por hip hop, dub e funk autêntico, porque na prática é um projeto solo de Damon Albarn, do Blur, com vários convidados. Aqui falaremos de bandas farsantes mesmo, sejam bandas de empresários da Faria Lima, como havíamos descrito antes, seja o recente fenômeno do Velvet Sundown, grupo de hard rock gerado totalmente pela Inteligência Artificial.  O Velvet Sundown é um quarteto imaginário que foi gerado pela combinação de algoritmos que produziram todos os elementos d...

“GALERA”: OUTRA GÍRIA BEM AO GOSTO DA FARIA LIMA

Além da gíria “balada” - uma gíria que é uma droga, tanto no sentido literal como no sentido figurado - , outra gíria estúpida com pretensões de ser “acima dos tempos e das tribos” é “galera”, uma expressão que chega a complicar até a nossa língua coloquial. A origem da palavra “galera” está no pavimento principal de um navio. Em seguida, tornou-se um termo ligado à tripulação de um navio, geralmente gente que, entre outras atividades, faz a faxina no convés. Em seguida, o termo passou a ser adotado pelo jornalismo esportivo porque o formato dos estádios se assemelhava ao de navios. A expressão passou a ser usada, também no jornalismo esportivo, para definir o conjunto de torcedores de futebol, sendo praticamente sinônimo de “torcida”. Depois o termo passou a ser usado pelo vocabulário bicho-grilo brasileiro, numa época em que havia, também, as sessões de cinema mostrando notícias do futebol pelo Canal 100 e também a espetacularização dos campeonatos regionais de futebol que preparavam...

LULA DEVERIA SE APOSENTAR E DESISTIR DA REELEIÇÃO

Com o anúncio recente do ator estadunidense Michael Douglas de que iria se aposentar, com quase 81 anos de idade, eu fico imaginando se não seria a hora do presidente Lula também parar. O marido de Catherine Zeta-Jones ainda está na sua boa saúde física e mental, melhor do que Lula, mas o astro do filme Dia de Fúria (Falling Down) , de 1993, decidiu que só vai voltar a atuar se o roteiro do filme valer realmente a pena  Lula, que apresenta sérios problemas de saúde, com suspeitas de estar enfrentando um câncer, enlouqueceu de vez. Sério. Persegue a consagração pessoal e pensa que o mundo é uma pequena esfera a seus pés. Seu governo parece brincadeira de criança e Lula dá sinais de senilidade quando, ao opinar, comete gafes grotescas. No fim da vida, o empresário e animador Sílvio Santos também cometeu gafes similares. Lula ao menos deveria saber a hora de parar. O atual mandato de Lula foi uma decepção sem fim. Lula apenas vive à sombra dos mandatos anteriores e transforma o seu at...

A FALSA RECUPERAÇÃO DA POPULARIDADE DE LULA

LULA EMPOLGA A BURGUESIA FANTASIADA DE POVO QUE DITA AS NARRATIVAS NAS REDES SOCIAIS. O título faz ficar revoltado o negacionista factual, voando em nuvens de sonhos do lulismo nas redes sociais. Mas a verdade é que a aparente recuperação da popularidade de Lula foi somente uma jogada de marketing , sem reflexão na realidade concreta do povo brasileiro. A suposta pesquisa Atlas-Bloomberg apontou um crescimento para 49,7%, considerado a "melhor" aprovação do presidente desde outubro de 2024. Vamos questionar as coisas, saindo da euforia do pesquisismo. Em primeiro lugar, devemos pensar nas supostas pesquisas de opinião, levantamentos que parecem objetivos e técnicos e que juram trazer um recorte preciso da sociedade, com pequenas margens de erros. Alguém de fato foi entrevistado por alguma dessas pesquisas? Em segundo lugar, a motivação soa superficial, mais voltada ao espetáculo do que ao realismo. A recuperação da popularidade soa uma farsa por apenas envolver a bolha lulist...

ATÉ PARECE BRIGUINHA DE ESCOLA

A guerra do tarifaço, o conflito fiscal movido pelo presidente dos EUA, Donald Trump, leva ao paroxismo a polarização política que aflige principalmente o Brasil e que acaba envolvendo algumas autoridades estrangeiras, diante desse cenário marcado por profundo sensacionalismo ideológico. Com o "ativismo de resultados" pop das esquerdas woke  sequestrando a agenda esquerdista, refém do vício procrastinador das esquerdas médias, que deixam as verdadeiras rupturas para depois - vide a má vontade em protestar contra Michel Temer e Jair Bolsonaro, acreditando que as instituições, em si, iriam tirá-los de cena - , e agora esperam a escala 6x1 desgastar as mentes e os corpos das classes trabalhadoras para depois encerrar com essa triste rotina de trabalho. A procrastinação atinge tanto as esquerdas médias que contagiaram o Lula, ele mesmo pouco agindo no terceiro mandato, a não ser na produção de meros fatos políticos, tão tendenciosos que parecem mais factoides. Lula transforma seu...

NEM SEMPRE OS BACANINHAS TÊM RAZÃO

Nesta suposta recuperação da popularidade de Lula, alimentada pelo pesquisismo e sustentada pelos “pobres de novela” - a parcela “limpinha” de pessoas oriundas de subúrbios, roças e sertões - , o faz-de-conta é o que impera, com o lulismo se demonstrando um absolutismo marcado pela “democracia de um homem só”. Se impondo como candidato único, Lula quer exercer monopólio no jogo político, se recusando a aceitar que a democracia não está dentro dele, mas acima dele. Em um discurso recente, Lula demoniza os concorrentes, dizendo para a população “se preparar” porque “tem um monte de candidato na praça”. Tão “democrático”, o presidente Lula demoniza a concorrência, humilhando e depreciando os rivais. Os lulistas fazem o jogo sujo do valentonismo ( bullying ), agredindo e esnobando os outros, sem respeitar a diversidade democrática. Lula e seus seguidores deixam bem claro que o petista se acha dono da democracia. Não podemos ser reféns do lulismo. Lula decepcionou muito, mas não podemos ape...

RADIALISMO ROCK: FOMOS ENGANADOS DURANTE 35 ANOS!!

LOCUTORES MAURICINHOS, SEM VIVÊNCIA COM ROCK, DOMINAVAM A PROGRAMAÇÃO DAS DITAS "RÁDIOS ROCK" A PARTIR DOS ANOS 1990. Como o público jovem foi enganado durante três décadas e meia. A onda das “rádios rock” lançada no fim dos anos 1980 e fortalecida nos anos 1990 e 2000, não passou de um grande blefe, de uma grande conversa para búfalos e cavalos doidos dormirem. O que se vendeu durante muito tempo como “rádios rock” não passavam de rádios pop comuns e convencionais, que apenas selecionavam o que havia de rock nas paradas de sucesso e jogavam na programação diária. O estilo de locução, a linguagem e a mentalidade eram iguaizinhos a qualquer rádio que tocasse o mais tolo pop adolescente e o mais gosmento pop dançante. Só mudava o som que era tocado. Não adiantava boa parte dos locutores pop que atuavam nas “rádios rock” ficarem presos aos textos, como era inútil eles terem uma boa pronúncia de inglês. O ranço pop era notório e eles continuavam anunciando bandas como Pearl Jam e...

A CORTINA DE FUMAÇA DA "SOBERANIA" DO GOVERNO LULA

LULISTAS ALEGAM QUE O PRESIDENTE LULA "RECUPEROU" A POPULARIDADE, MAS OS FATOS DIZEM QUE NÃO. O triunfalismo cego dos lulistas teve mais um impulso diante dos tarifaços do presidente dos EUA, Donald Trump, que pelo jeito transferiu a sua esfera de reality show  para a polarização política. Lula, supostamente vitorioso no episódio, havia se reunido ontem com o empresariado para responder à medida lançada pelo empresário-presidente na pátria de Titio Samuca. Essa suposta vitória se deu pela campanha que os lulistas - que, na prática, são a maior e principal corrente dos movimentos identitários brasileiros - estão lançando, a partir do próprio Governo Federal, defendendo a "soberania" brasileira, em tese insubmissa aos EUA. Lula também anunciou a criação de dois comitês para reagir ao tarifaço do presidente estadunidense. Dizemos em tese, porque nosso culturalismo brasileiro - que vai além das pautas politicistas do "jornalismo da OTAN" - se vale por uma músi...