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NÃO PODEMOS BRINCAR MAIS COM JAIR BOLSONARO

 
COMÍCIO DE JAIR BOLSONARO EM BRASÍLIA, NO SETE DE SETEMBRO DESTE ANO.

Infelizmente, Jair Bolsonaro está crescendo. É lamentável. As esquerdas médias, como o fracassado Movimento Fora Bolsonaro - que com má vontade fazia protestos de rua com intervalos longos e em clima de micareta - , sempre trataram o presidente como o "palhaço Bozo", o que nunca deu certo. Bolsonaro não foi derrubado e a patota do Fora Bolsonaro teve que pagar caro por seus erros, literalmente falando: combustível, alimentos, bens e serviços mais caros.

As esquerdas brasileiras, com sua mania de triunfalismo, se comportam como um misto de quixotismo com valentonismo (bullying), esnobando tudo que não for Lula. Tenho que admitir que Lula virou o candidato dos valentões, porque todo o esnobismo contra Bolsonaro, contra Ciro Gomes, contra outros terceiro-viáveis, tudo isso não passa de atos de valentões de escola, um triste papel a que se reduziram os lulistas, que, se dizendo supostamente agredidos, agridem tudo que não for Lula. Se até Jesus Cristo concorresse com Lula na corrida presidencial, ele seria crucificado pelos petistas.

O Sete de Setembro, infelizmente, representou o aumento de fôlego de Jair Bolsonaro. Escrevo isto com um certo nervosismo e com o coração partido. Agora é bem diferente do que havia antes, quando Bolsonaro tinha uma popularidade raquítica e eu mesmo havia citado o truque de pessoas se encostarem umas às outras e a câmera só filmar de perto, para fingir ser uma grande multidão.

Com a falta de empenho do Movimento Fora Bolsonaro, cujos ativistas estavam mais preocupados em produzir memes engraçadas ridicularizando o presidente - que, vendo a memecracia, não sentiu sequer cócegas, mas riu pra caramba - , o que parecia uma popularidade fake de Bolsonaro se transformou, ontem, Sete de Setembro, numa versão furiosa do Fora Dilma.

NO RIO DE JANEIRO, HOUVE MOTOCIATA E, TAMBÉM, UM GIGANTESCO COMÍCIO.

As imagens aéreas não deixam mentir. Não gostaria de admitir isso, mas são fatos, por ironia a favor daqueles que costumam manipular a realidade com fake news. E não estou falando nas costumeiras fake news de Cristo que costumam ser as "psicografias espíritas", feitas ao arrepio de qualquer talento paranormal, ausente até nos "médiuns mais conceituados", mas da turma do raivismo bolsonarista, sem a fala mole do "médium da peruca" de Uberaba, apesar deste ter sido provavelmente bolsonarista, se estivesse vivo hoje.

Sinto a realidade se tornando sombria. É um pressentimento horrível. Por isso desisti de votar em Lula porque ele não soube lidar com essa realidade distópica. Ele entrou em clima de festa, se aliou a seus opositores, e não teve o cuidado sequer de evitar se aliar com José Sarney, Geddel Vieira Lima.

Por ora ainda espero resposta de Geraldo Alckmin para o questionário que fiz para ele. Não sei se ele vai me responder. Mas, infelizmente, sei que, da parte de Lula, ter autocrítica não é uma tendência, e os erros acabam se repetindo porque ninguém olha para trás. Olha-se somente para a frente, mas o perigo está em outros cantos.

Lula cobrou de Bolsonaro, em sua mensagem no Twitter, a explicação de como juntou R$ 26 milhões em dinheiro vivo para comprar 51 imóveis. Mas até agora Lula não explicou as supostas acusações de corrupção aos antipetistas. E espera-se uma explicação de Geraldo Alckmin sobre sua suposta mudança política, nem precisa ser respondendo a meu questionário, embora isso fosse interessante pelo ponto de vista jornalístico.

As fotos de Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo mostram que o bolsonarismo está forte. O último fim de semana foi marcado pela busca de material irregular de campanha do ex-juiz Sérgio Moro, antigo pretenso herói da Operação Lava Jato. Lula tratou esse episódio como o sepultamento da Lava Jato, mas os bolsonaristas também estão brigados com Moro. 

E, na América Latina, além da tentativa de assassinato da vice-presidenta Cristina Kirchner, tivemos a reprovação da nova Constituição chilena, dando continuidade à que vigora desde os tempos do general Pinochet, fazendo com que os chilenos se contentem com as emendas constitucionais nela inseridas.

Não está fácil. E os lulistas, com mania de triunfalismo, ficam esnobando seus opositores. Lula está perdendo pontos, e a vitória em Primeiro Turno está cada vez mais distante. Ou pior: ela pode estar, sim, mais próxima, só que da parte de Bolsonaro. Não é bonito os lulistas saírem por aí agindo como valentões de escola, agredindo opositores. Chega um momento em que eles começam a reagir, devolvendo a agressão com mais violência.

Não dá para desmentir que a adesão dos bolsonaristas foi grande. Bolsonaro tem todos os defeitos mais asquerosos e vergonhosamente nefastos, mas tem uma qualidade: tem estratégia. Lula pensa ser estratégico, mas comete erros sucessivos e já começa a pagar por eles. Já Bolsonaro pode manipular a seu favor até circunstâncias que poderiam, em condições normais, arruiná-lo. Ele é esperto e tem a frieza de um militar em campanha bélica.

Enquanto isso, as esquerdas vivem no mundo da fantasia, no conto da Cinderela, da gata borralheira. Acham que só os "mocinhos" é que vão ganhar, e que os "vilões" perderão. Riem de Jair Bolsonaro, como moleques armados de botoque zoando com um soldado do Exército armado de fuzil.

As esquerdas vivem de pensamento desejoso, de tal forma que acham "impossível" o Rio de Janeiro e regiões como o Triângulo Mineiro serem redutos bolsonaristas, pois consideram essas áreas "esquerdistas" por representarem algo que as esquerdas consideram agradável. Seja a paisagem de veraneio carioca, seu Carnaval e o futebol, seja o tal "médium da peruca" que muita gente se esquece que foi um colaborador da ditadura militar mais empenhado do que Cabo Anselmo, que já era barra pesada.

BOLSONARISTAS NA AVENIDA PAULISTA, TAMBÉM NO SETE DE SETEMBRO.

Jair Bolsonaro fez um discurso bastante machista, enfatizando o papel subserviente de Michelle Bolsonaro como aglutinadora de apoio popular ao marido que busca se reeleger. O presidente também mencionou o golpe de 1964, não da forma como nós conhecemos, mas como um fato que "pode se repetir" para combater aquilo que chamam de "ameaça do comunismo".

No Sete de Setembro, houve desfile militar, mas o grosso mesmo é o uso político da data para a campanha nefasta e ameaçadora de Bolsonaro. O presidente cometeu abusos? Sim, e muitos. Mas ele se importa com isso? Não. Bolsonaro não tem escrúpulos, se ele quiser ele rasga a Constituição de 1988, sua sede de golpe deixa de ser uma bravata e pode se tornar uma realidade.

Ando muito apreensivo. O Brasil não é um mundinho encantado de flores e guloseimas no qual um velhinho gordinho promete não só reconstruir o que foi destruído, mas levar a nação ao Paraíso, ao lado de outro velhinho relativamente menos envelhecido na aparência, seu vice. E não dá para impor essa realidade, não dá para as esquerdas lulistas imporem sua vitória, dizendo que "não só é a vontade do povo, mas a de Deus, que não aceita essa barbárie e essas mentiras". Não é tempo para fantasias.

A realidade é complexa. E Bolsonaro, infelizmente, sabe mexer com ela. Ele é mentiroso, cínico, machista, reacionário. Mas é estratégico. Daí que ele é que se tornou o "imbrochável", mesmo quando vai ao Maracanã e recebe uma vaia de torcedores do Flamengo dizendo "Ei, Bolsonaro vai tomar no...".

As esquerdas médias estão arrogantes. Lula está errando feio. Ele até desistiu de isentar quem ganha até R$ 5 mil de imposto de renda, sob a desculpa de que isso favoreceria a "concentração de renda" (?!). Os empresários e os banqueiros, no entanto, têm a garantia de Lula de que lucrarão no seu governo. Então Lula vai botar os pobres no imposto de renda e os ricos no orçamento?

É por isso que ninguém pode mais brincar com Jair Bolsonaro. Se as esquerdas lulistas continuarem com suas chacotas de valentões de escola, contra os demais concorrentes da corrida presidencial, vão perder feio. Porque se trata de uma postura de muita arrogância que disfarça a incapacidade de lidar com a realidade complexa que facilita o bolsonarismo. Falam que Bolsonaro está politicamente impotente, mas, pelo andar da carruagem lulista, é Lula que está impotente diante da velocidade da motociata bolsonarita. É triste dizer isso, mas é a realidade.


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