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O PERIGOSO MANIQUEÍSMO DA RAIVA CONTRA A ALEGRIA

AGORA A DIREITA "NÃO EXISTE MAIS", POIS NA PRÁTICA ELA SE REDUZIU AO RAIVISMO.
 
A decadência do bolsonarismo não é o capítulo final de uma história de um país de 522 anos. Não é o momento final de um país às vésperas de se transformar numa potência de Primeiro Mundo ou uma sucursal do Paraíso a comandar a humanidade terrena. Infelizmente, porém, muita gente acredita nisso e o bolsonarismo pode dar lugar a um período que, apesar de parecer "positivo", é extremamente perigoso.

Deixei de apoiar Lula quando ele passou a se integrar ao clima de positividade tóxica e a e aliar com seus opositores, usando como desculpa a "democracia", palavra que se tornou, nos últimos meses, uma ideia vaga, um conceito qualquer nota, um mascaramento das desigualdades sociais em que os privilegiados apenas minimizam seu luxo dando paliativos aos pobres, num suposto progresso social que não vai além da mediocridade.

Lula está se aliando com tanta gente divergente que o esquerdismo do petista acabou. Não adianta insistir, é inútil. O Lula esquerdista faleceu, foi cremado, não volta mais. O Lulão dos sindicatos é apenas um holograma simbólico, usado na campanha presidencial para segurar os votos das classes populares, apesar de muitos trabalhadores terem se decepcionado com Lula e passaram a vê-lo como um grande pelego que, de fato, o petista se tornou.

Acompanho as atividades de Lula e junto as peças do quebra-cabeça. Isso é minha missão de jornalista. Não posso me cegar a isso. Admirei muito Lula e achava que ele era um sábio ao dar suas entrevistas na prisão. Imaginava que ele iria voltar melhorado, mas quando vi que ele entrou em clima de festa, com os confetes e serpentinas jogados num cenário de distopia e perigo, quando Lula resolveu chamar Geraldo Alckmin para ser seu vice e passou a prometer mais do que poderá cumprir, desisti de vez.

Como o esquerdismo se desidratou com tantas propostas neoliberais, com um capitalismo mais fofo e assistencialista, bem mais tímido do que o Estado de Bem Estar Social de outros tempos, tudo agora é rotulado de "democracia". Ver Lula repetindo, de forma bem piorada, a fase parlamentarista de João Goulart, com o Geraldo Alckmin fazendo o papel de Tancredo Neves (não o da fase 1985, mas o da fase 1961), é constrangedor e humilhante demais para eu querer votar 13 de qualquer maneira.

As esquerdas brasileiras decaíram e o que lhe restava de lucidez se evaporou. Já houve o gravíssimo pecado delas acolherem o culturalismo brega trazido por uma elite de intelectuais neoliberais, que se passaram por "esquerdistas" para receber, de Lula e Dilma Rousseff, generosas verbas para coletivos culturais, atividades jornalísticas, acadêmicas e artístico-culturais. 

Gente vinda de veículos como a Folha de São Paulo e até a Rede Brasil Sul (RBS) se fantasiou de marxista num carnaval brega-identitário embarcando no trem da Lei Rouanet, fingindo entender de povo pobre e bancando os moderninhos descolados.

E as esquerdas engoliram, porque o discurso desse pessoal "sem preconceitos" mas muitíssimo preconceituoso não é raivoso. De repente, todo aquele que evita falar o hidrofobês vira "progressista". Seres humanos que não rosnam, não latem, não rugem nem relincham podem entrar no clube das esquerdas mesmo torcendo o nariz para os movimentos camponeses ou para os volumes da obra marxista O Capital.

Pode ser o religioso medieval que pede ao sofredor aguentar as piores desgraças calado, esperando que as "bênçãos eternas" surjam não se sabe quando. Pode ser o neoliberal com fortunas exorbitantes em paraísos fiscais, mas que fala sempre macio, calminho, sorri com serenidade e não com o jeitão de "palhaço de filme de terror" dos Luciano Hang da vida.

O que eu vejo não é o maniqueísmo esquerda x direita, mas positividade tóxica x raivismo. A positividade tóxica é um fenômeno no qual há uma obsessão desesperada em ser feliz e alegre, evitando tudo que represente algum conflito ou problema, rejeitando a tristeza, o senso crítico - mesmo com argumentos justos e coerentes - e a reclamação. Num contexto da "democracia" lulista de hoje, a positividade tóxica também se guia pelo bom mocismo dos atuais envolvidos.

Até a Faria Lima, a Forbes, os apóstolos do Estado Mínimo e os obscurantistas religiosos, antes entrosados com os retrocessos de Michel Temer, hoje são "amiguinhos do povo pobre", todos agora em clima de "solidariedade", ainda que isso soe mais uma confraternização da galinha com a raposa. Mas a raposa prometeu não comer a galinha, o lobo prometeu não comer a ovelha e o escorpião prometeu que não vai picar o sapo, por sinal barbudo.

É um cenário perigoso que eu defino como "AI-5 do bem". Não se pode criticar, reclamar, contestar, mesmo que seja através da lógica. E isso se refletiu no primeiro turno das eleições de 02 de outubro. Quem tinha propostas, tinha fibra, fazia a campanha de maneira coerente, perdeu as eleições. A campanha foi movida pelo sensacionalismo da polarização entre Lula e Bolsonaro.

E essa polarização se guia pela dicotomia da raiva contra a alegria. Do raivismo contra a positividade tóxica. Do "ódio" contra o "amor". E isso é um maniqueísmo perigoso que faz do lulismo um bolsonarismo pelo avesso. Não queria igualar Lula e Bolsonaro, mas nesse sentido os dois parecem se unir como duas forças simétricas e opostas.

Ninguém vai ser preso ou torturado se exercer o senso crítico. Mas sofrerá a punição simbólica, nesse momento "positivo" de hoje, do desprezo da maioria das pessoas, felizes no Carnaval identitário, no ritualismo religioso, no fanatismo do futebol. Vamos sorrir e esconder as contradições e os equívocos debaixo do tapete, pois agora o terreno do erro se limita a ser o bolsonarismo.

Nem se o senso crítico for manifesto com calma e sensatez. O desprezo é certo, pois no senso crítico se circulam questões e problemas que podem gerar conflitos. E a "democracia" de Lula e seus aliados neoliberais não quer conflitos, e por isso vão discriminando o senso crítico, o livre ato de questionar algo que está errado, porque o senso crítico agora se rebaixou a uma "linha auxiliar do bolsonarismo".

Seja a Teoria da Dependência de Fernando Henrique Cardoso, que defende uma prosperidade restrita para o povo brasileiro, seja a Teologia do Sofrimento de católicos conservadores e "espíritas", que prega que a pessoa aceite sua desgraça não só em silêncio, mas sorrindo bem contente, essa positividade tóxica anda corrompendo as esquerdas, que se acham as protagonistas deste "bom momento histórico", mas não são mais do que coadjuvantes de um espetáculo protagonizado, escrito e dirigido pelos neoliberais.

É muito triste isso. E triste saber que as esquerdas, em suas bolhas, ignoram que os trabalhadores agora rejeitam Lula, vendo nele um pelego sem palavra firme, pois tudo o que o petista está fazendo é dizer uma coisa e desdizer depois. Paciência, eu leio isso de maneira objetiva, procuro ler tudo a respeito da campanha de Lula, sem deslumbramento barato.

Vejo as esquerdas domesticadas, que agora abraçaram a simbologia obediente a esse "novo momento": aceitação, crença, pensamento desejoso, alegria, conformação, negociação, abnegação. Um Brasil medíocre que trocou a grandeza (que era um projeto ainda em esboço entre 1958 e 1963) pela grandiloquência. As esquerdas médias querem apenas um "milagre brasileiro" sem DOI-CODI.

Querem apenas um Brasil bonzinho de contos de fadas, com todo mundo sorrindo. Réplicas de pontos turísticos europeus e estadunidenses construídos em território brasileiro, para a nossa classe média se sentir turista no próprio país, brincando de ser europeu com o viralatismo brega curtido abertamente aqui, em vez de sentirem na carne, no exterior, a humilhação de ser brasileiro e não ser visto como o rei do pedaço.

Nada dos velhos movimentos sindicais e camponeses. Hoje o que vale é só a "negociação", mesmo que ela seja desvantajosa para os trabalhadores. Peleguismo deixou de ser defeito, passou a ser virtude, e por isso não tem mais o nome do peleguismo, porque pega mal para essa "democracia" da galinha com a raposa.

Temos que sorrir calados, sufocar nossa dor, esquecer nossas dúvidas e questões. Não perguntemos, digamos "sim", mesmo que esse "sim" seja um "não" para nós, pessoas comuns, um "não" que precisa dizer "sim" aos privilegiados que são os verdadeiros comandantes desse triste espetáculo no qual Lula aceitou fazer o papel de golfinho neoliberal a nadar com os tubarões do poder econômico. E esperemos, com sorrisos forçados, que os benefícios sejam ditados "de cima", porque agora isso é "mais democrático".

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